Imagine um grupo de pessoas que trabalham para destruir a Itália porque, afirmam, as origens da Itália são ilegítimas. Imagine ainda que essas pessoas afirmam que, de todos os países do mundo, apenas a Itália não merece existir. Agora, imagine que essas pessoas neguem veementemente que sejam anti-italianas. Você acreditaria nelas?
Agora, substitua “Itália” por “Israel” e você entenderá a desonestidade e o absurdo do argumento de que alguém pode ser antissionista — isto é, contra a existência de um estado judeu — sem ser antijudeu.
No entanto, é exatamente isso que os antissionistas afirmam. Eles dizem que a existência de Israel é ilegítima. Eles não dizem isso sobre nenhum outro país do mundo, não importa quão sangrentas sejam suas origens. E então ficam ofendidos quando são acusados de serem antijudeus.
Como eles conseguem apresentar esse argumento?
Primeiro, mudam de assunto. Dizem que é injusto acusar de antissemitas aqueles que meramente “criticam” Israel. Ninguém diz que uma crítica a Israel é antissemita. Mas o antissionismo não é uma crítica a Israel. O antissionismo é uma oposição à existência de Israel.
Sionismo é o nome do movimento para o retorno dos judeus à sua pátria histórica. Nos últimos três mil anos, houve apenas dois estados independentes localizados no que é chamado de Israel. Ambos eram estados judeus, e os invasores destruíram os dois. Nenhum país árabe, muçulmano ou de qualquer outra soberania jamais existiu naquela terra, que recebeu o nome de “Palestina” pelos romanos para apagar toda a memória do estado judeu que destruíram no ano 70.
Em segundo lugar, os antissionistas afirmam que não podem ser antijudeus porque o sionismo não tem nada a ver com o judaísmo. Isso é o mesmo que dizer que a Itália não tem nada a ver com ser italiano. O judaísmo sempre consistiu em três componentes: Deus, Torá e Israel (o povo de Israel e a Terra de Israel). Israel é tão parte do judaísmo quanto Deus e a Bíblia.
Além disso, os judeus mais pró-Israel, ou seja, os mais sionistas, são os ortodoxos, os judeus mais religiosos. O fato de existir um pequeno grupo de judeus ultraortodoxos (Neturei Karta) que é anti-sionista não significa nada. Eles são tão representativos do judaísmo quanto a Ku Klux Klan é do cristianismo.
Terceiro, os antissionistas afirmam que o judaísmo é apenas uma religião. Portanto, os judeus seriam apenas membros de uma religião, não de uma nação. Mas os judeus são chamados de “nação” mais de cem vezes na Bíblia. É por isso que pode haver judeus irreligiosos, seculares e até ateus — porque os judeus não são apenas uma religião, mas um povo — uma nação. Ninguém pensa que judeus não religiosos não são judeus. Enquanto isso, não pode haver cristãos ateus porque o cristianismo é uma religião, não uma nação.
Quarto, as pessoas apontam para judeus antissionistas para provar que o antissionismo não é antijudaico. Isso seria como apontar para americanos que deram a Stalin os segredos da bomba atômica para argumentar que apoiar a União Soviética na Guerra Fria não era antiamericano. Ou, para fornecer outro exemplo judeu, seria como apontar judeus que comem carne de porco no Yom Kippur para argumentar que comer carne de porco no Yom Kippur é judaico. O que os judeus fazem ou acreditam nem sempre bate com o que é o judaísmo.
Quinto, os antissionistas afirmam que Israel é ilegítimo porque o sionismo — e, portanto, Israel — é “racista”. Isso é uma calúnia. Metade dos judeus de Israel sequer são brancos, e qualquer pessoa, de qualquer raça ou etnia, pode se tornar um judeu. Além disso, 1 em cada 5 israelenses não é judeu. E esses israelenses não judeus, na maioria muçulmanos árabes, têm os mesmos direitos dos israelenses judeus.
Quanto à presença de Israel na Cisjordânia e em Gaza (Israel abandonou completamente Gaza em 2005), isso não tem nada a ver com raça e tudo a ver com segurança. Se deve ao fato de que os palestinos e outros árabes tentaram destruir Israel em 1967 e perderam a guerra.
Se os palestinos parassem de matar israelenses, Israel não teria problema com uma “solução de dois estados”. Mas os palestinos rejeitaram ofertas para ter seu próprio Estado em quatro ocasiões distintas desde 1947. Essa é a única razão pela qual eles não têm seu próprio Estado.
E por que eles sempre rejeitaram ter um Estado palestino? Porque o único Estado que aceitariam seria aquele que erradicasse Israel. Eles têm, portanto, se dedicado exclusivamente a destruir o Estado judeu, não a ter seu próprio Estado ao lado de Israel.
Sexto e último lugar, os antissionistas afirmam que as origens de Israel são ilegítimas. De todos os mais de 200 países do mundo, o único país que os antissionistas declaram ilegítimo é também o único judeu. Isso é praticamente tudo que você precisa saber sobre suas motivações.
Por que eles não fazem essa afirmação sobre o Paquistão? Em 1947, nove meses antes do estabelecimento de Israel, a Índia estava dividida em um Estado muçulmano (Paquistão) e um Estado hindu (Índia), assim como a Palestina estava dividida em um Estado judeu (Israel) e um árabe (Palestina).
Mas, ao contrário de Israel, nunca havia existido nenhum Paquistão. E ao contrário da fundação de Israel, que criou cerca de 700 mil refugiados judeus de terras árabes e cerca de 700 mil refugiados árabes do que se tornou Israel, a fundação do Paquistão criou cerca de 7 milhões de refugiados muçulmanos da Índia e cerca de 7 milhões de refugiados hindus do Paquistão. E enquanto a estimativa mais alta de mortes árabes nos combates que ocorreram quando Israel foi estabelecido seja de 10 mil, o número de mortes como resultado da criação do Paquistão é de cerca de 1 milhão.
Então, por que a legitimidade de Israel é questionada enquanto a do Paquistão não é? A única resposta possível é porque Israel é judeu.
É claro que nem todos os antissionistas odeiam todos os judeus. Mas se você tentar destruir a Itália, não precisa odiar todos os italianos para ser anti-italiano. Nem todo antiamericano odeia todos os americanos, mas ainda são chamados de antiamericanos. Se você busca destruir o único Estado judeu, não precisa odiar todos os judeus para ser chamado de antijudeu. E o nome disso é antissemita.
© 2023 Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês: Yes, Anti-Zionism Is Antisemitism
noticia por : Gazeta do Povo