Pais ocupados com empregos em tempo integral muitas vezes são aconselhados a terceirizar as tarefas domésticas para economizar tempo. Para muitos pais que trabalham, esse é um conselho completamente razoável. Contratar uma faxineira é comum, assim como utilizar serviços de entrega de compras e pagar alguém para cortar a grama. Creches ou babás também são uma escolha comum de cuidado infantil para pais que trabalham em tempo integral. A maioria das famílias também terceiriza pelo menos uma parte da preparação das refeições: jantares congelados do supermercado, kits de preparação de refeições ou comida para viagem de um restaurante local.
No entanto, a quantidade de terceirização disponível atualmente para pais que trabalham (ou pais não-trabalhadores com recursos) pode nos fazer refletir. O USA Today relatou essa tendência em uma seção especial para o Dia das Mães intitulada: “Parentalidade terceirizada: de treinamento para o uso do banheiro a estilistas para bebês, existe qualquer serviço que você precisar”. Uma mãe citada no artigo terceirizou a um consultor o treinamento para o uso do banheiro de seu filho pequeno. Ela explicou: “Adoro trabalhar com um especialista, e eu não tinha tempo. Meu marido e eu trabalhamos… Eu sou especialista basicamente no que sou paga para fazer, que é a minha profissão. Por que não recorrer a alguém que entende?” Os pais também podem agora terceirizar o planejamento da festa de aniversário de seus filhos, a escolha do guarda-roupa deles, a ajuda com o dever de casa, a arrumação para o acampamento de verão… a lista é praticamente interminável.
A justificativa para esse tipo de terceirização é simples: é mais eficiente para uma mãe (ou pai) que trabalha dedicar a maior parte de suas horas acordada ao trabalho e contratar um especialista para lidar com tarefas domésticas ou de cuidado infantil difíceis ou desagradáveis. Como a mãe que contratou o especialista em treinamento para o uso do banheiro explicou, ela tem uma carreira especializada em marketing, e por isso fez sentido para ela contratar alguém especializado em treinamento de uso de banheiro para alcançar o objetivo de tornar seu filho competente nessa tarefa. Essa visão de mundo se encaixa perfeitamente na compreensão básica de economia que muitos estudantes universitários absorvem em “Economia 101”: as teorias de vantagem comparativa e especialização indicam que um pai ou mãe deve racionalmente buscar o desenvolvimento de sua carreira enquanto contrata outras pessoas para realizar as tarefas domésticas.
De fato, um casal de economistas casados de Colúmbia [na Carolina do Sul, EUA] com um recém-nascido explicou ao New York Times que eles “terceirizaram o caminho para o sucesso” incluindo: contratar um personal chef; utilizar alguém do aplicativo “Task Rabbit” [N.t. plataforma que permite encontrar pessoas que executem pequenas tarefas domésticas na vizinhança] para montar seus móveis da Ikea; e até mesmo empregar outra pessoa para organizar suas fotografias de família, recomendando quais fotos guardar e quais descartar. O artigo explicou que esse tipo de terceirização é razoável porque “há um custo de oportunidade para cada hora consumida por essas tarefas tediosas e improdutivas; e existe alguma atividade de maior valor em que você poderia estar gastando seu tempo em vez disso”.
Em outras palavras, a cultura popular nos diz que muitas vezes é mais eficiente terceirizar tarefas domésticas rotineiras do que realizá-las você mesmo. Isso, no entanto, deixa uma pergunta importante sem resposta: eficiente em quê?
Quase vinte anos atrás, fiz um estágio como estudante universitária no agora extinto banco de investimentos Lehman Brothers. Minhas lembranças desse estágio são um pouco vagas, mas, pelo que me lembro, o banco pagava o jantar para os funcionários que ficavam até tarde. Um serviço de carro também estava disponível para levar para casa aqueles que trabalhavam até mais tarde. Happy hours e jantares patrocinados pela empresa incentivavam os funcionários a canalizar suas atividades sociais para formar conexões com os colegas. Acho que também havia uma sala de jantar executiva, onde os altos executivos da empresa (e seus convidados) se reuniam para comer juntos. Tudo era extremamente eficiente, organizado para canalizar os funcionários do banco (ou seja, seus centros de lucro) a trabalharem o máximo possível. Para esses funcionários, no entanto, a natureza de seus trabalhos extenuantes os tornava ineficientes em atividades como ler romances longos, ser um amigo presente e dedicado, ou passar horas se dedicando a hobbies. O banco de investimentos não era para mim, mas aprendi uma lição que ainda valorizo: ser extremamente eficiente em um trabalho exigente pode significar ser menos competente em outras áreas importantes da vida.
O que perdemos quando terceirizamos tarefas domésticas que parecem desagradáveis ou rotineiras em nome da eficiência? Uma desvantagem importante pode ser a perda de conexões calorosas com os membros da família. Considere trocar a fralda de um bebê. Esta não seria a atividade favorita da maioria dos pais. A especialista em desenvolvimento infantil Magda Gerber escreveu o belo livro Dear Parent: Caring for Infants with Respect [‘Queridos Pais: Cuidando dos Bebês com Respeito’, em tradução livre], em que argumenta que essa tarefa pode proporcionar uma importante oportunidade de conexão entre pais e filhos. Gerber escreve que, nos primeiros anos de vida, um bebê pode passar por seis mil trocas de fralda. “Todos nós somos afetados,” ela explica, “negativamente ou positivamente pelas experiências acumuladas em nossas vidas”. Juntamente com a alimentação, Gerber aponta que as trocas de fralda são algumas das tarefas de cuidado mais frequentes em que um pai/mãe e um bebê participam juntos. Tratar o bebê com gentileza e respeito durante as trocas de fralda importa para a forma como o bebê se percebe e para o vínculo entre pais e filhos. Ainda não temos “robôs trocadores de fralda,” mas, se tivéssemos, a filosofia de Gerber nos encorajaria a refletir sobre o fato de que terceirizar as trocas de fralda significaria terceirizar uma forma importante de um bebê pequeno se vincular ao seu cuidador durante uma fase crucial do desenvolvimento humano.
Da mesma forma, podemos considerar se as tarefas de cuidar de um lar poderiam ser um meio de se conectar com as pessoas que nele vivem. No século XXI, muitas vezes percebemos o ato de criar uma casa bonita como algo fundamentalmente direcionado para impressionar aqueles que a visitam (ou talvez aqueles que a veem nas redes sociais). Assistir a programas de melhoria doméstica na televisão ou rolar o feed do Instagram pode nos fazer acreditar que o principal propósito de uma casa é convidar uma lista cuidadosamente selecionada de amigos que ficarão maravilhados com o bar de vinhos ou impressionados com o fogão caro. Para esses propósitos, não importa quem limpa, decora ou organiza a casa, desde que ela impressione os visitantes.
Mas as tarefas rotineiras de cuidar do lar podem ser melhor vistas como uma forma de carinho encarnado pelos habitantes da casa. Para dar um pequeno exemplo, um dos meus filhos gosta de descer do quarto de manhã e se aconchegar sob um cobertor no sofá por alguns minutos antes de estar pronto para o café da manhã. Eu geralmente deixo um cobertor dobrado em um armário próximo para ele. Se eu me esquecer, ou colocar o cobertor em outro lugar distraidamente, ele sente falta desse pequeno símbolo físico do meu amor por ele. Cheryl Mendelson, autora do clássico manual de cuidados domésticos Home Comforts: The Art and Science of Keeping Home [‘Confortos do Lar: A Arte e a Ciência de Cuidar da Casa’, em tradução livre], explica que as gerações anteriores de mulheres entendiam bem esse conceito. Para as nossas antepassadas:
“O afeto de uma dona de casa estava nas almofadas macias do sofá, nos lençóis limpos e nas boas refeições; sua memória nos armários da despensa bem abastecidos; sua inteligência na ordem e na saúde de sua casa; seu bom humor na luz e no ar. Ela vivia sua vida não apenas através de seu corpo, mas através da casa como uma extensão de seu corpo; parte de sua relação com aqueles que amava estava encarnada no meio físico do lar que ela havia criado.”
Isso não significa, é claro, que uma casa bagunçada é equivalente a um pai ou mãe que não ama a família. Períodos ocupados da vida exigem que os cuidados com a casa sejam flexíveis, como na chegada de novos bebês, quando as viroses atacam ou sob o impacto de milhões de outras variáveis. Ainda assim, pode fornecer algum apoio moral necessário lembrar que a suposta monotonia de limpar a mesa da cozinha significa proporcionar um lugar agradável para a família comer. Talvez a criança tenha — pela quinta vez hoje — espalhado dezenas de canetinhas pela casa. Isso é frustrante, mas amar um filho também significa fazer o meu melhor para pacientemente recolher as canetinhas novamente (e talvez escolher um esconderijo melhor para elas).
Além de perder a oportunidade de se conectar com os membros da família, terceirizar tarefas domésticas pode significar lidar com um produto ou experiência que é inferior ao que você teria produzido por conta própria. Por exemplo, a maneira mais eficiente (em termos de tempo) de alimentar uma criança pequena pode ser pegar um McDonald’s no caminho de casa todas as noites, enviar almoços prontos para a escola e dar biscoitos recheados no café da manhã. Embora seja eficiente, confiar demais nesse método pode levar à obesidade infantil e a problemas de saúde. O sistema alimentar industrial é, de fato, uma solução quase milagrosa para um dos inimigos mais antigos da humanidade: a fome. No entanto, isso não significa que não haja desvantagens.
Preparar três refeições por dia em casa exige uma quantidade significativa de tempo e energia, incluindo a compra de ingredientes frescos e a tentativa de acomodar os gostos e necessidades nutricionais específicos de todos na casa. Para ser clara, esse é um trabalho tão grande que eu mesma não o faço, e meus filhos comem pizza do delivery toda sexta-feira antes da “noite de filme em família”. No entanto, cozinhar em casa é frequentemente uma maneira crucial de garantir a saúde e o bem-estar familiar. Alguns médicos até prescrevem cozinhar em casa como uma intervenção médica para problemas de saúde.
Como explica a iniciativa de Publicações de Saúde da Escola de Medicina de Harvard: “Uma crescente base de evidências científicas apoia prescrever aos pacientes cozinhar refeições em casa como uma intervenção médica eficaz para melhorar a qualidade da dieta, a perda de peso e a prevenção do diabetes”. Quanto mais as pessoas cozinham em casa, mais saudável é sua dieta, menos calorias consomem e menos provável é que se tornem obesas ou desenvolvam diabetes tipo 2. Se — como a maioria de nós — você não pode pagar um personal chef, tentar encontrar tempo para cozinhar em casa o máximo possível pode ter impactos positivos importantes na saúde da família.
Da mesma forma, há trocas importantes de qualidade quando se trata de eficiência e cuidado infantil. Na Inglaterra vitoriana, por exemplo, algumas famílias praticavam a “criação de bebês por terceiros”, enviando seus filhos para serem cuidados por uma mulher pobre até que fossem mais velhos. Jane Austen, a famosa escritora inglesa, foi uma dessas crianças. A mãe de Austen frequentemente terceirizava o cuidado infantil para facilitar a administração de seu lar, o que a fez enviar a filha aos três meses para ficar com outra família até que crescesse um pouco mais. Claire Tomalin escreve em Jane Austen: A Life [Jane Austen: uma vida, em tradução livre] que, embora socialmente aceitável, essa prática deve ter sido muito difícil para o bebê: “Um bebê de quatorze semanas estará firmemente apegado à mãe, e ser transferido para uma pessoa e um ambiente estranhos só pode ser uma experiência dolorosa”.
Tomalin acreditava que essa separação precoce moldou Austen por toda a vida, dificultando sua conexão não apenas com sua mãe, mas também com outras pessoas quando adulta. Ela escreve que: “O aspecto mais marcante das cartas de Jane adulta é sua atitude defensiva. Elas não têm ternura para consigo mesma tanto quanto para com os outros”. Como adulta, Austen parecia usar uma “casca dura”, não querendo compartilhar seus pensamentos e sentimentos reais, e frequentemente atacando por escrito aqueles que via como uma ameaça. Como Austen foi separada de sua mãe quando era uma criança pré-verbal, sua biógrafa escreve: “Na adulta que evita a intimidade, você sente a criança que não tinha certeza de onde esperar amor ou procurar segurança, e se blindou contra a rejeição”.
Claro, o sistema moderno de creches não é nada parecido com a prática vitoriana de criação de bebês por terceiros. Ainda assim, é importante considerar quais trocas estão sendo feitas quando um ou ambos os pais terceirizam o máximo possível de cuidados infantis. Importante, esse impacto não se limita às mães que trabalham longas horas; os hábitos de trabalho dos pais também são muito importantes. Um estudo descobriu que filhos cujos pais trabalham mais de cinquenta e cinco horas por semana têm mais probabilidade de apresentar agressividade e outros problemas comportamentais. Essa compensação entre eficiência e qualidade é particularmente preocupante quando os pais não têm acesso a uma boa creche. Creches de baixa qualidade, que infelizmente são muito comuns nos Estados Unidos, podem ter impactos de curto e longo prazo sobre uma criança. Como explica o Departamento de Saúde e Serviços Humanos: “A qualidade do cuidado infantil importa, em termos das experiências cotidianas das crianças, de suas competências cognitivas e linguísticas e prontidão escolar, e de seu desempenho escolar e interações sociais posteriores”.
O benefício final de “internalizar” tarefas domésticas e de cuidados infantis é o mais difícil de descrever, mas possivelmente o mais importante: a soberania pessoal. Em Why We Drive: Toward a Philosophy of the Open Road [‘Por que dirigimos: em direção a uma filosofia de estrada aberta’, em tradução livre], Matthew Crawford argumenta contra uma crescente monopólio tecnológico que colocaria a maioria das atividades humanas sob o controle “mais seguro” das máquinas. Ele escreve: “Qualidades antes valorizadas, como o espírito e a capacidade de julgamento independente, estão começando a parecer disfuncionais”. Crawford argumenta que manter a independência para dirigir (em vez de terceirizar toda a direção para carros autônomos) é essencial para preservar a soberania pessoal. Eu argumentaria que dedicar tempo significativo ao trabalho doméstico também pode fornecer um tipo de abrigo contra essa monocultura, em que a tecnologia avançada e grandes corporações ditam grande parte de nossas vidas diárias.
O trabalho de uma dona de casa é, em muitos aspectos, muito humilde, mas permanece quase completamente autodirigido e de tecnologia bastante baixa. Não há muito avanço na tecnologia dos esfregões, e o espanador no meu armário não é muito diferente do que minha bisavó poderia ter usado. A ferramenta mais útil que eu tenho para lidar com um bebê fazendo birra ou com a preparação de três pratos que precisam de diferentes temperaturas no forno não é um aplicativo ou um gadget — é meu próprio cérebro. Talvez o mais importante, ao contrário de quando eu trabalhava em tempo integral como advogada, agora eu organizo meus próprios dias como dona de casa. Para ter certeza, eles são organizados com referência aos membros da família em minha vida: crianças e bebês vêm com muitas demandas. Mas fundamentalmente a responsabilidade é minha (não uma estrutura de liderança corporativa) para tomar decisões sobre a estrutura de nossa casa, nossos dias e grande parte de nossas vidas. De fato, acho o processo de cuidar de uma casa tão importante que tento envolver meus filhos mais velhos. Isso os prepara para se tornarem adultos, mas também significa que eles terão a experiência de ser o que Crawford chama (citando o Papa Francisco) de “artesãos do bem comum”, “expressando concretamente seu amor” por meio de pequenos atos de cuidado com nossa casa e uns com os outros.
Sendo mais clara, não estou dizendo que o cuidado infantil e o trabalho doméstico nunca devem ser terceirizados. De fato, um problema frequente para mães que trabalham com bebês pequenos (o que também afeta mães que são principalmente donas de casa) é que elas não conseguem terceirizar tarefas o suficiente. Nossa sociedade muitas vezes não prioriza a necessidade das mães pós-parto se recuperarem do parto e se conectarem com seus bebês. Muitas mães enfrentam o período pós-parto essencialmente sozinhas, sem familiares ou amigos para cozinhar, limpar ou ajudar a segurar o bebê. Como Erica Komisar escreve em Being There: Why Prioritizing Motherhood in the First Three Years Matters [‘Estar presente: por que priorizar a maternidade nos primeiros três anos é importante’, em tradução livre]:
“Muitas vezes, familiares que vêm ajudar uma nova mãe partem após duas semanas — justo quando o bebê está despertando da experiência do nascimento e se tornando ativo e exigente! Quando todos vão embora é quando você se sente mais sozinha.”
A crueldade desse problema se torna ainda mais evidente quando comparado ao suporte disponível há 200 anos para muitas mães pós-parto nas colônias americanas. Richard e Dorothy Wertz, coautores do fascinante livro Lying-In: A History of Childbirth in America [‘Resguardo: uma história do parto na América’, em tradução livre], explicam que durante esse período, “gerenciar uma casa com crianças era simplesmente tão difícil e exaustivo que o último estágio da gravidez, o parto em si e o período pós-parto enfraqueciam e até matavam uma mulher se ela também tivesse que continuar suas tarefas sem ajuda”. Como resultado, a sociedade colonial desenvolveu práticas especiais de “parto social” que “permitiam que a mãe ‘ficasse deitada’, na cama por três ou quatro semanas, às vezes mais, enquanto outras assumiam a responsabilidade da casa”. Isso permitia que a mãe pós-parto “descansasse, recuperasse suas forças e iniciasse sua amamentação e cuidados com o novo filho sem interrupção”. É preocupante contrastar essa prática cultural do século XVIII, praticada pelas mulheres colonizadoras inglesas de oferecer um mês de apoio à família e às amigas após o parto, com a sociedade americana supostamente mais esclarecida do século XXI, que muitas vezes deixa as novas mães sozinhas com a enorme tarefa de cuidar de um bebê e de uma casa.
Terceirizar tarefas domésticas é às vezes tanto necessário quanto benéfico. O equilíbrio apropriado entre o que terceirizar e o que continuar fazendo em casa é uma questão difícil, que deve ser cuidadosamente avaliada considerando as finanças familiares, as necessidades e os desejos dos adultos e das crianças, e muitos outros fatores. Ainda assim, é sábio lembrar que terceirizar atividades domésticas geralmente vem com algumas desvantagens (além dos benefícios óbvios).
Ao pensar sobre esse problema, podemos considerar algumas lições de A Odisséia, uma das histórias mais antigas da humanidade, sobre a busca de um guerreiro de vinte anos através de inúmeros perigos para retornar para casa com sua esposa e filho. No final do épico, a esposa de Odisseu, Penélope, está tentando determinar sua identidade, já que ela não o reconhece imediatamente após sua longa ausência. Ela pede a sua serva para mover a cama de casamento deles para fora do quarto para que Odisseu possa dormir nela. Odisseu responde que mover a cama é impossível, já que ele mesmo a construiu no tronco de uma velha oliveira: “Minha obra e de mais ninguém!” Ele explica que quando a casa deles foi feita: “Eu construí nosso quarto ao redor daquela árvore, alinhei as paredes de pedra, construí as paredes e o telhado, dei-lhe uma porta e portas que encaixavam bem”. Depois de cortar as folhas e galhos da árvore, ele “esculpiu e moldou aquele tronco desde as raízes até um poste de cama, perfurou-o, fez dele um modelo” para os outros postes da cama, e ele “os planejou todos, incrustou-os todos com prata, ouro e marfim e esticou uma cama entre eles”. Então, reunido com sua esposa, o épico nos conta:
“Agora, do seu peito para os olhos, a dor
do desejo subiu, e ele chorou finalmente,
sua querida esposa, clara e fiel, em seus braços, desejada
Como a terra aquecida pelo sol é desejada por um nadador
cansado na água áspera onde seu barco afundou
sob os golpes de Poseidon, ventos fortes e toneladas de mar.”
Seríamos tão tocados por esta cena de um marido e uma esposa se reunindo após uma separação de vinte anos, com uma cama da Ikea montada por alguém pago a 15 dólares a hora pelo aplicativo TaskRabbit como ponto de referência central? Acho que não. A eficiência é boa, mas não é a coisa mais importante. Quando se trata de fazer um lar, há outras virtudes que importam muito mais.
© The Public Discourse 2024. Publicado com permissão. Original em inglês: When We Outsource Every Hard Thing, What Do We Lose?
noticia por : Gazeta do Povo