VARIEDADES

Políticas antipetróleo podem estar causando maior consumo de petróleo

A cada poucas semanas, os zelotes ambientais da organização “Just Stop Oil” ganham as manchetes por tentar destruir algo importante para chamar a atenção para seu objetivo de parar o uso de petróleo.

Acontece, no entanto, que, como muitas prescrições políticas míopes, os meios não são conducentes aos fins. Em outras palavras, os esforços legislativos para parar o uso de petróleo podem causar um aumento do uso, em vez de uma redução.

Um recente artigo de trabalho de Maya A. Norman e Wolfram Schlenker, do National Bureau of Economic Research (Escritório Nacional de Pesquisa Econômica, NBER na sigla em inglês), encontra evidências de que o “Paradoxo Verde” é real.

Mas o que é o Paradoxo Verde? Bem, a ideia do Paradoxo Verde foi proposta pelo economista Hans-Werner Sinn em um livro que a Wikipedia chama de “controverso”. O livro de 2012 é intitulado “The Green Paradox” em homenagem à teoria.

A ideia é relativamente simples. Aqueles que possuem petróleo e reservas de petróleo são agentes econômicos racionais. Isso significa que eles extrairão e venderão seu petróleo a uma taxa específica que maximize os lucros a longo prazo. Os proprietários não querem extrair cada gota de petróleo do solo, porque seria caro fazê-lo rapidamente, mas também querem vender o recurso em um ritmo rápido o suficiente para atender à demanda.

No entanto, as chamadas “políticas verdes” mudam esse cálculo. Se os proprietários de petróleo acreditarem que, em algum momento no futuro, uma política será aprovada que torne ilegal ou ainda mais caro vender seu petróleo, eles começarão a tentar extrair e vender o petróleo antes que a política seja aprovada.

O resultado é contraintuitivo para um pensamento superficial — políticas verdes destinadas a regular o petróleo podem, na verdade, aumentar a velocidade com que o petróleo é produzido e consumido. Esse é o Paradoxo Verde.

Como mencionei antes, a Wikipedia chama esse livro de “controverso”, embora não cite nenhuma fonte para essa particular editorialização. No entanto, mesmo que o livro fosse controverso, este novo artigo deve torná-lo menos controverso.

Os autores examinam o Paradoxo Verde com alguns testes, mas um resultado se destaca.

Eles analisam a Lei Waxman-Markey de 2009–10, uma lei de cap-and-trade [Nota da tradução: o sistema de cap-and-trade (ou “limite e comércio”, em tradução livre) é um mecanismo econômico projetado para reduzir a emissão de poluentes, como os gases de efeito estufa] que teria sido onerosa para a indústria do petróleo.

Os autores consideram os preços dos contratos futuros de petróleo em comparação com as expectativas do mercado sobre a probabilidade de aprovação da Lei Waxman-Markey. Se o argumento do Paradoxo Verde estiver correto, o preço dos contratos futuros de petróleo deve cair à medida que aumenta a probabilidade de aprovação da lei. Documentando os resultados, eles dizem:

“Consistente com essa previsão, encontramos um coeficiente negativo significativo; os preços dos futuros de petróleo caem sempre que aumenta a probabilidade esperada de que a lei seja aprovada. Esse efeito é persistente em todos os contratos futuros, aumentando até mesmo para maturidades de longo prazo, sugerindo que a relação reflete ajustes de longo prazo no caminho esperado dos preços do petróleo, em vez de choques temporários. Por meio de nossa análise, descobrimos que (i) a aprovação da Lei Waxman-Markey teria aumentado o consumo global de petróleo em 2–4% e (ii) as deliberações da Waxman-Markey aumentaram o consumo de petróleo em 8–27 milhões de toneladas métricas, equivalente a 1–3 dias de consumo global de petróleo.”

Portanto, não apenas a lei teria levado a um aumento no consumo de petróleo se tivesse sido aprovada; a mera possibilidade de sua aprovação levou ao consumo extra de milhões de toneladas de petróleo. O Paradoxo Verde prevalece.

Uma das funções mais importantes da economia é que ela frequentemente mostra que os meios dos formuladores de políticas não são realmente capazes de alcançar os fins desejados. Os formuladores de políticas não gostam disso, é claro, e é por isso que boas ideias econômicas, como o Paradoxo Verde, tendem a ser desprezadas com termos como “controverso”.

Isso não deve nos surpreender.

Em seu magnum opus de 1949, ‘Ação Humana: um tratado de economia’, o economista Ludwig von Mises destacou brilhantemente esse fenômeno:

“É impossível entender a história do pensamento econômico se não se prestar atenção ao fato de que a economia, como tal, é um desafio à presunção dos poderosos. Um economista nunca pode ser o favorito dos autocratas e demagogos. Para eles, ele é sempre o criador de confusões, e quanto mais eles estão interiormente convencidos de que suas objeções são bem fundamentadas, mais eles o odeiam.”

Um viva para os criadores de confusões.

©2024 FEE – Foundation for Economic Education. Publicado com permissão. Original em inglês: New Study Shows Anti-Oil Policies Could Be Causing More Oil Consumption

noticia por : Gazeta do Povo

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