Os alvos: presidentes americanos vítimas de tentativas de assassinato

“Mamãe, não quero ser prefeito, pode ser que eu seja eleito e alguém pode querer me assassinar”. A letra da música de Raul Seixas e Cláudio Roberto (1987) expressa um temor historicamente constante dos presidentes dos Estados Unidos. Foram tantas tentativas ao longo da história que o fenômeno que pede por explicações é como passou tanto tempo entre o atentando contra Donald Trump no sábado (13) e contra Ronald Reagan em 1981.

Quatro assassinatos de presidentes do país foram bem-sucedidos (veja abaixo). As tentativas chegam a mais de 40, se forem incluídos planos desbaratados. Confira abaixo as vezes em que a vida do mandatário da América esteve em perigo ou foi perdida.

Século XIX: Andrew Jackson, Abraham Lincoln e James Garfield

Andrew Jackson, um militar cujos feitos incluem a anexação da Flórida (tomando da Espanha) e vitórias contra a Grã-Bretanha, venceu a eleição de 1828 e foi reeleito em 1832.

Em janeiro de 1835, Jackson estava na Carolina do Sul, no funeral de um deputado, quando foi abordado pelo pintor desempregado inglês Richard Lawrence. O homem sacou uma pistola e disparou. Houve um barulho, mas a bala não saiu. Jackson reagiu, tentando dar bengaladas no agressor. Lawrence sacou mais uma pistola. A outra arma também falhou. Seguiu-se um tumulto, o presidente imediatamente sugeriu que a tentativa foi plano de seus adversários liberais (“whigs”).

A motivação política, contudo, não foi comprovada: Lawrence passou o resto da vida em um manicômio. Jackson apontou para intervenção divina, mas a enciclopédia Britannica afirma que ele foi salvo pela alta umidade do ar, que prejudicou a pólvora das pistolas. “Sinal dos tempos”, disse um jornal da época a respeito do crime.

Trinta anos se passariam até a próxima tentativa de assassinato contra um presidente dos Estados Unidos. A próxima marcaria o início do pior período, com três assassinados em 36 anos.

Abraham Lincoln, o presidente que libertou os escravos após uma sangrenta guerra civil, estava com a esposa assistindo a uma comédia no Teatro Ford de Washington, em 14 de abril de 1865, quando John Wilkes Booth, um ator de certo renome, lhe deu um tiro na nuca. As motivações de Booth eram claras: ele simpatizava com os confederados, os estados que perderam a guerra, e lamentava a abolição da escravidão feita por Lincoln dois anos antes.

Quatro dias antes do assassinato, o famoso general confederado Robert E. Lee, da Virgínia, havia se rendido à união dos estados do norte (abolicionistas e aliados do presidente). O ator acreditava que a guerra não tinha terminado porque o exército do Tennessee continuava lutando.

O presidente agonizou por uma noite e morreu na manhã seguinte. Booth fugiu a cavalo e foi encontrado em um celeiro de uma fazenda no norte da Virgínia 12 dias depois, onde resistiu a ser preso. A polícia botou fogo no celeiro, e acertou um tiro no pescoço de Booth, que perdeu os movimentos do corpo e morreu horas depois. Ele não estava sozinho, havia uma conspiração que também feriu gravemente o secretário de Estado, que se recuperou. Oito conspiradores foram condenados, quatro deles enforcados.

James A. Garfield, um professor de línguas clássicas que lutou na guerra civil contra os confederados e foi deputado nove vezes por Ohio, mal teve tempo de governar. Ele usou suas origens humildes como filho de pequenos proprietários rurais do estado com sucesso na campanha de 1880.

Quatro meses após tomar posse em 1881, Garfield estava em uma estação de trem de Washington, entretido em conversa com seu secretário de Estado, quando Charles J. Guiteau emergiu da sala de espera de damas, onde estava escondido, e lhe desferiu dois tiros, nas costas e no braço. “Meu Deus, o que é isso?”, disse o presidente. Sua morte foi um longo processo de 79 dias advindo não do tiro nas costas em si, mas de infecções causadas por médicos que rejeitavam as ideias sobre higienização de cirurgias do britânico Joseph Lister (o antisséptico bucal Listerine ganhou este nome em homenagem a ele).

Guiteau era um apoiador de Garfield. Sua motivação foi ressentimento: ele achou que ganharia um consulado no exterior como recompensa por seu apoio, tradição do Partido Republicano até aquele momento, o que não aconteceu. Ele foi capturado na estação, passou por julgamento no qual alegou insanidade temporária durante o crime, e foi enforcado em junho de 1882.

William McKinley: apagado junto com as luzes do século XIX

William McKinley era um conterrâneo de Garfield, também nascido em Ohio. Lutou como jovem soldado na guerra civil e se tornou advogado, deputado e duas vezes governador do estado. Ele ganhou as eleições presidenciais de 1896 defendendo a manutenção do lastro-ouro para o dólar, seu adversário queria ouro e prata.

McKinley serviu um mandato completo e foi reeleito com folga nas eleições de 1900. Com a virada de século e a posse, ele fez nos meses seguintes uma turnê por vários estados que foi concluída na Exposição Panamericana, uma feira de atrações mundiais na cidade de Buffalo, no estado de Nova York. Seu discurso na exposição em 5 de setembro de 1901 foi ouvido por 50 mil apoiadores — era um presidente popular.

No dia seguinte, o anarquista Leon Czolgosz, aproveitando a distração do mandatário na feira, que distribuía apertos de mão a apoiadores, lhe desferiu dois tiros, no peito e na barriga. McKinley resistiu por uma semana no hospital local e morreu na manhã de 14 de setembro. Czolgosz foi inspirado pelo anarquista Gaetano Bresci, que matara o rei Humberto I da Itália no ano anterior. Ele foi preso imediatamente, passou por julgamento no mesmo mês, e foi executado na cadeira elétrica no mês seguinte. Seu cadáver foi coberto com ácido sulfúrico para desintegrar completamente em uma cova não marcada.

Atentado contra Teddy Roosevelt é o mais próximo do que aconteceu com Trump

Theodore Roosevelt, vice-presidente, então assumiu a vaga deixada por McKinley. Uma das personalidades mais carismáticas da história da política americana, a vida de Teddy, como era chamado carinhosamente, foi marcada de aventura — inclusive na Amazônia. Sua estreia na política foi como deputado estadual aos 23 anos, fazendo nome com o combate à corrupção. Tentou sem sucesso ser prefeito de Nova York, tornou-se presidente do Conselho de Comissários de Polícia da cidade e foi nomeado secretário assistente da Marinha por McKinley em seu primeiro mandato, agitando pela guerra contra a Espanha e lutando no conflito. Antes de se tornar vice-presidente, governou o estado de Nova York, irritando figurões do próprio Partido Republicano com sua postura anticorrupção.

A nomeação para vice-presidente vinha com a intenção de aleijar a carreira política de Roosevelt, pois o cargo era considerado meramente cerimonial. O assassinato de McKinley mudou tudo. O novo presidente, aos 43 anos, era o mais jovem a ocupar o cargo na história. Ele fez um gabinete amplamente meritocrático, perseguiu os monopólios e introduziu políticas pioneiras de conservação do meio ambiente. Ele mudou a cara da presidência e admitidamente fez uso completo de todos os poderes disponíveis para a Casa Branca (nome que ele deu à residência presidencial). Foi o primeiro a interferir numa disputa trabalhista, a favor de mineiros.

Os esforços resultaram numa vitória estrondosa nas eleições de 1904. No segundo mandato, Theodore Roosevelt continuou inovando, criando as primeiras agências regulatórias nas áreas de transporte, inspeção de alimentos e conservação ambiental.

Foi ao tentar o terceiro mandato não consecutivo após um safári na África e um tour pela Europa, em 1912, que Teddy Roosevelt sofreu uma tentativa de assassinato. A semelhança com o atentado contra Donald Trump em 2024 é notável: um ex-presidente com personalidade carismática e longa lista de inimigos, fora do cargo por quatro anos, faz campanha por mais um mandato. Sangrando visivelmente, o candidato exibe força, incentivando seus apoiadores.

Era noite de 14 de outubro e Roosevelt estava deixando um hotel para fazer um discurso em Milwaukee, no estado do Wisconsin. John Schrank, um abastado ex-dono de bar de origem alemã, sacou um revólver Colt calibre 38 e atirou no peito do candidato. Schrank tinha alucinações em que o fantasma de McKinley acusava o sucessor de ser seu assassino e pedia vingança. Teddy foi salvo por sua verbosidade: a bala foi contida pelo discurso de 50 páginas, dobrado, e uma caixa de óculos robusta.

Os apoiadores do candidato partiram para cima de Schrank, desferindo vários socos. Roosevelt pediu que parassem: “não o machuquem. Tragam-no aqui, quero vê-lo”. Ele perguntou ao algoz por que fez aquilo. Schrank ficou em silêncio, e foi entregue à polícia. Pensando que a bala não tinha entrado, Roosevelt continuou para o evento, no qual deu a notícia para a plateia. “É preciso mais que isso para matar um alce como eu”, disse aos apoiadores, ganhando vivas. A bala estava entre suas costelas, não muito longe do coração, e a ferida agora sangrava.

Apesar do momento de triunfo, ele perdeu as eleições para o democrata Woodrow Wilson. O sistema bipartidário americano estava se assentando, e Roosevelt estava em desvantagem por ter concorrido com um novo partido próprio, o Partido Progressista. Com tempo livre, ele foi escrever sua autobiografia e partiu para a expedição na selva amazônica.

A morte de JFK

O século que viu duas guerras mundiais e a bomba atômica testemunhou mais um assassinato de presidente americano. John F. Kennedy foi o único entre os assassinados com filiação ao Partido Democrata. O popular político de Massachussetts vinha de uma família que fez fortuna com bancos, investimentos em ações e a indústria do cinema. Seu pai, que foi embaixador americano no Reino Unido, estimulava a competição esportiva e intelectual entre seus nove filhos.

Kennedy foi secretário da embaixada do pai em 1938, publicou um best-seller sobre a falta de preparo do Reino Unido para o combate em 1940, e serviu à marinha durante a Segunda Guerra no Sul do Pacífico — foi ferido gravemente nas Ilhas Salomão, e ganhou medalha por levar seus companheiros para local seguro. Seu irmão mais velho Joe, para quem o pai tinha ambições políticas, foi morto na guerra, deixando para ele esse projeto.

John F. Kennedy não desapontou o pai: nunca perdeu uma eleição, tornando-se deputado pela primeira vez em 1947 aos 29 anos, ficando na Câmara por três mandatos, onde apoiou o Plano Marshall e incentivou a Guerra Fria. Em 1952, venceu eleições para o Senado, onde não fez oposição ao macartismo.  Em 1958, foi reeleito por Massachusetts com uma vantagem que continua sendo um recorde. A candidatura para a presidência foi anunciada em 1960. A maior dificuldade era sua fé católica.

Mas JFK derrotou o então vice-presidente Richard Nixon, após inéditos quatro debates televisados, por uma margem pequena, e tomou posse em 20 de janeiro de 1961. Ele foi presidente por 1.037 dias, durante os quais as relações exteriores estiveram no topo da agenda, com a invasão da Baía dos Porcos (uma tentativa malsucedida da CIA de tirar Fidel Castro do poder), a construção do Muro de Berlim e a crise dos mísseis soviéticos em Cuba.

Planos de reeleição estavam em andamento quando tudo foi encerrado na viagem de JFK com a primeira-dama ao Texas, às 12h30 de 22 de novembro de 1963, uma sexta-feira. A abertura da limosine conversível pelas ruas de Dallas foi aproveitada pelo franco-atirador amador Lee Harvey Oswald, um texano de 24 anos que atingiu Kennedy no pescoço e na cabeça do sexto andar de um prédio usado como depósito de livros escolares.

Oswald foi avaliado por um psiquiatra, que o considerou “emocionalmente perturbado”. Ele teve uma infância instável e se tornou um fuzileiro naval. Ele enfrentou dois julgamentos marciais e chegou a ser preso por mau comportamento, mas foi dispensado honrosamente como reservista. Em 1959, foi para a Europa, tornou-se desertor na União Soviética e se casou com uma mulher russa em Minsk, Bielorrússia, tendo com ela uma filha. Mudou-se com a família e teve mais uma filha em Dallas no ano anterior ao crime.

Menos de uma hora depois de matar Kennedy, Oswald matou um policial. Ele tentou se esconder em um cinema, onde foi preso. Dois dias depois, um grupo de repórteres cobria os trâmites da prisão no porão da sede da polícia em Dallas, quando o dono de casa noturna Jack Ruby emergiu do grupo com um revólver e alvejou Oswald na barriga. Ele foi levado para o hospital e tratado pelos mesmos cirurgiões que tentaram salvar sua vítima, mas a bala atingira a aorta, matando-o em menos de duas horas. Ruby foi condenado à morte, ganhou em apelação, mas morreu de câncer.

Uma comissão concluiu que Oswald agiu sozinho. Até hoje, contudo, as conclusões são disputadas. A maioria dos americanos não acredita nisso: 65% acreditam que mais pessoas estavam envolvidas, segundo pesquisa de 2023 do instituto Gallup.

Ronald Reagan: o último presidente ferido antes de Trump

Ronald Reagan era filho de um sapateiro alcoólatra, mas já mostrava carisma na escola, como jogador de futebol americano e membro do clube de teatro. Seu primeiro destaque como pessoa pública foi uma combinação das duas paixões, como narrador esportivo do rádio.

Ele aproveitou uma viagem em 1937 acompanhando um time na Califórnia para fazer seu primeiro teste como ator de cinema na produtora Warner Brothers. Deu certo, e nos 27 anos seguintes ele atuou em mais de 50 filmes. Quando eclodiu a Segunda Guerra, ele vestiu o uniforme, mas para fazer filmes de treinamento militar.

Durante a guerra fria, Reagan presidiu um sindicato de atores de cinema, onde denunciou a infiltração comunista na indústria. O contato com sindicalistas e comunistas aos poucos foi transformando Reagan de um democrata para um republicano. Quando JFK concorreu à presidência, Reagan fez 200 discursos a favor de seu adversário, Nixon.

Após usar sua fama com sucesso pela causa conservadora, Reagan estava preparado para concorrer pelo governo da Califórnia em 1966. Ele enfrentou o rival, que o ridicularizou por ter feito um filme com um chimpanzé, adotando uma imagem humilde e um humor autodepreciativo. Ganhou com vantagem de um milhão de votos e foi reeleito para um segundo mandato como governador.

Nas primárias para as eleições presidenciais de 1980, Reagan conquistou seu rival interno do Partido Republicano, George H. W. Bush, para ser vice em sua chapa. Eles derrotaram o democrata Jimmy Carter.

O governo de Ronald Reagan foi marcado por corte de impostos com aumento de arrecadação, uma aliança com a primeira-ministra britânica Margaret Thatcher pelo liberalismo econômico, um fortalecimento das forças armadas e uma forte oposição ao comunismo na política externa.

A tentativa de assassinato veio após dois meses de governo, em 30 de março de 1981. Quando Reagan deixava o Hotel Hilton em Washington, John Hinckley Jr. disparou contra ele seis tiros de um revólver calibre 22. Uma das balas penetrou o torso do presidente, perfurando um pulmão, parando a poucos centímetros do coração. O secretário de Imprensa também ficou ferido.

Levado ao hospital da Universidade George Washington, antes da cirurgia, Reagan já estava fazendo piadas. “Espero que vocês sejam todos republicanos”, disse à equipe médica. Ele ganhou alta 12 dias depois, fez aparições cuidadosas na imprensa para parecer que estava em rápida recuperação, mas levou meses para melhorar de fato.

Hinckley, transtornado, buscava com o atentado ganhar fama para impressionar a atriz Jodie Foster (estrela de filmes como “Taxi Driver”, 1976, filme pelo qual o assassino era obcecado, e “O silêncio dos inocentes”, 1991). Uma corte exonerou-o por insanidade. Em 2016, ele foi libertado do manicômio judiciário, com restrições. Ele ainda está vivo e ganhou permissão em 2020 para publicar obras de arte sob seu próprio nome, e até criou um canal no YouTube para publicar músicas. Ele também teve planos de matar o presidente democrata Jimmy Carter antes do atentado contra Reagan, mas desistiu.

Planos desbaratados e tentativas que não feriram os presidentes

Outros presidentes americanos foram alvos de planos de assassinato que não deram em ferimentos. O próprio Abraham Lincoln sobreviveu a um possível plano desbaratado por detetives em 1861 e um misterioso tiro de rifle furou sua cartola na Casa Branca em 1864.

Em 1909, no México, um homem foi desarmado a um metro de distância do presidente americano Howard Taft e do mandatário mexicano Profirio Díaz, na primeira cúpula presidencial entre os dois países. Ele portava uma minipistola que podia ser escondida na palma da mão.

Também no exterior, o presidente Herbert Hoover, em 1928, escapou de um plano de assassinato de anarquistas argentinos nos Andes chilenos.

Franklin Delano Roosevelt, presidente primo de quinto grau de Teddy Roosevelt, teve a sorte de não ser atingido por nenhum dos cinco tiros disparados por Giuseppe Zangara, um imigrante italiano, em 15 de fevereiro de 1933. FDR estava fazendo um discurso improvisado da parte traseira de um conversível em Miami, Flórida. Baixinho, o assassino subiu numa cadeira de metal e tentou usar o ombro de uma espectadora como apoio. Cinco pessoas foram atingidas, Anton Cermak, prefeito de Chicago que estava ao lado de FDR, foi atingido na barriga e morreu no hospital.

Zangara explicou suas motivações na prisão: “Mato reis e presidentes primeiro e depois todos os capitalistas”. Ele foi condenado à morte e executado na cadeira elétrica um mês após o atentado.

A União Soviética alegou que os nazistas tinham um plano para assassinar FDR, Winston Churchill e Joseph Stálin, que se encontraram na Conferência de Teerã em 1943.

Harry Truman, de acordo com a biografia escrita por sua filha Margaret, foi alvo de um plano de assassinato da milícia sionista Lehi em 1947. O presidente americano foi alvo de uma tentativa mais conhecida em 1950, quando dois ativistas pela independência de Porto Rico (um território americano no Caribe) atacaram uma casa em que ele estava hospedado enquanto a Casa Branca era reformada. No tiroteio, um dos ativistas, Griselio Torresola, foi morto com uma bala na cabeça, e um policial morreu de complicações de seus ferimentos horas depois. O outro ativista, Oscar Collazo, sobreviveu a um tiro na barriga, foi preso e condenado à morte, mas o próprio Truman mudou a sentença para prisão perpétua.

Antes de ser morto, John F. Kennedy teve a vida ameaçada por um idoso de 73 anos transtornado e com ódio a católicos, Richard Pavlick. Ele planejava atingir o veículo do presidente eleito em dezembro de 1960 com um carro cheio de dinamite, mas mudou de ideia ao ver a esposa e filha do político se despedirem dele. Pavlick foi confinado em um manicômio e indiciado, mas exonerado por insanidade. Ele foi libertado seis anos depois dos acontecimentos e desfrutou de 11 anos de liberdade até morrer.

O presidente Richard Nixon escapou de dois planos de assassinato. Em 1972, no Canadá, um homem com uma arma que o perseguiu no trânsito só não atirou porque o carro presidencial estava em velocidade alta demais para ser alcançado. Um mês depois, o homem, Arthur Bremer, feriu com arma de fogo o governador do Alabama, George Wallace, que perdeu os movimentos das pernas. Três outras pessoas foram feridas. Bremer foi condenado a 35 anos de prisão.

O outro plano contra Nixon foi em 1974, quando Samuel Byck tentou sequestrar um avião comercial com intenção de jogá-lo na Casa Branca. Ele matou um policial e um dos dois pilotos, ferindo o outro a bala. Um policial conseguiu atingir Byck pela janela da porta do avião. Byck sobreviveu, mas cometeu suicídio. Ele tinha histórico psiquiátrico.

No mesmo ano, quando o presidente Gerald Ford estava com dez dias de mandato, foi a vez dele. Muharem Kurbegovic, um terrorista iugoslavo que queria “destruir a fundação da civilização Ocidental, que é a Bíblia Sagrada”, ameaçou lançar uma bomba química contra o presidente. A inteligência descobriu sua identidade em um dia e ele foi preso em agosto de 1974.

Duas outras tentativas contra Ford aconteceram no ano seguinte, no mesmo mês de setembro. Lynette Fromme, uma seguidora do assassino em massa Charles Manson, aproveitou que o presidente ia lhe dar um aperto de mão em meio ao público em Sacramento, Califórnia, e sacou uma pistola calibre 45. A imperícia de Fromme com a arma, que não tinha bala engatilhada, salvou o político. Ela foi condenada à prisão perpétua, mas libertada em 2009.

Duas semanas depois, Ford estava em San Francisco, no mesmo estado, quando outra mulher, Sara Jane Moore, disparou um tiro a 12 metros. Ela errou, e um membro do público segurou seu braço. Similarmente a Fromme, foi condenada a o cárcere perpétuo, cumpriu mais de 30 anos de pena, mas conseguiu mais liberdade em 2007, sendo posta na condicional.

Século XXI: tentativas culminam no atentado contra Trump

Na última virada de século, foram desbaratos planos de assassinato contra os presidentes George H. W. Bush (um suposto plano do ditador iraquiano Saddam Hussein em 1993), Bill Clinton (ao menos cinco planos, de um homem atirando a esmo 29 tiros contra a Casa Branca em 1994 a uma carta-bomba interceptada pelo Serviço Secreto em 2018), George W. Bush (em 2005, um homem atirou uma granada soviética contra o palco em que ele discursava em Tbilísi, mas não explodiu; outro plano de um imigrante iraquiano foi desbaratado pelo FBI em 2022) e Barack Obama (oito planos conhecidos, de um jovem fuzileiro supremacista branco em 2008 e um sírio tentando aproveitar uma visita a Istambul em 2009 a um grupo terrorista de extrema direita em 2011, uma carta com veneno em 2013 e uma carta-bomba interceptada em 2018).

Joe Biden, o atual presidente dos Estados Unidos, foi alvo de ao menos um plano mirabolante contra a sua vida, com pouca chance de sucesso. Sai Varshith Kandula, um jovem de 19 anos nascido na Índia e criado nos EUA, alugou um caminhão e o lançou contra uma cerca da Casa Branca em 22 de maio de 2023. As barreiras de metal foram intransponíveis para o veículo, que parou de funcionar, e ele foi preso. Ele disse às autoridades que admirava os nazistas, que queria “tomar o poder” e matar o presidente. Um ano depois, ele se declarou culpado em um julgamento. Apesar das declarações excêntricas, não houve indicação de transtornos psiquiátricos nas notícias oficiais do Judiciário americano. Kandula receberá a sentença em agosto deste ano.

Em 13 de julho de 2024, o ex-presidente Donald Trump, atual candidato para mais um segundo mandato não consecutivo, durante um comício na Pensilvânia, foi atingido na orelha direita por um tiro de rifle de Thomas Matthew Crooks, um jovem introvertido de 20 anos que doou para o Partido Democrata, mas é registrado como eleitor do Partido Republicano.

Ecoando Theodore Roosevelt 112 anos depois, Trump se ergueu com sangue no rosto após ser empurrado ao chão por agentes do Serviço Secreto e disse ao público “Lutem, lutem”. Crooks foi abatido pelos franco-atiradores do serviço em um telhado a 150 metros do palco.

Três planos de assassinato contra Trump são conhecidos no período de seu mandato entre 2017 e 2020. Ainda na campanha de 2016, um britânico tentou tirar a arma da cintura de um policial em Las Vegas para matar o candidato. Ele passou um ano na prisão e foi deportado para seu país de origem.

As outras duas tentativas foram no primeiro ano de governo. Quando Trump estava visitando a Dakota do Norte em setembro de 2017, Gregory Lee Leingang, homem de 42 anos, dirigiu uma empilhadeira contra carros do comboio presidencial. A execução foi péssima e o veículo ficou emperrado antes de chegar perto. O próprio Leingang surpreendeu a polícia ao falar de planos de assassinato, as autoridades estavam trabalhando apenas com furto de automóvel. Ele está cumprindo uma pena de 20 anos, seu advogado alega que ele foi vítima de uma “crise psiquiátrica séria”.

Em novembro de 2017, um homem ligado ao grupo terrorista Estado Islâmico foi preso na capital das Filipinas. As autoridades locais disseram que ele planejava assassinar Trump durante uma visita diplomática. O Serviço Secreto analisou a ameaça e concluiu que tinha credibilidade. A informação só foi liberada um ano depois.

Ao todo, são conhecidas 45 tentativas ou ideações de matar o presidente americano desde Andrew Jackson. Dessas, 9% foram bem-sucedidas, 7% resultaram em ferimentos ao mandatário, e 84% fracassaram.

noticia por : Gazeta do Povo

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