VARIEDADES

Leis fracas de combate ao crime fazem crescer roubo organizado no varejo nos EUA

Em depoimento ao Subcomitê de Contraterrorismo, Aplicação da Lei e Inteligência da Câmara dos Deputados dos EUA, líderes do setor varejista atestaram o crescimento do crime organizado no varejo do país, com um dos depoentes declarando que o roubo e a fraude coordenados de itens de varejo “não são crimes sem vítimas”.

O depoimento no Congresso nesta semana ocorre durante a temporada de compras de Natal, quando grandes organizações de ladrões profissionais aproveitam políticas brandas em relação ao crime para roubar mercadorias de lojas e, em muitos casos, revendê-las no mercado negro para obter lucro. O crime organizado no varejo é definido como dois ou mais indivíduos, como parte de uma empresa criminosa, obtendo ilegalmente mercadorias de varejo por meio de roubo ou fraude.

“O roubo no varejo não é um crime sem vítimas. Impacta empregos, consumidores e comunidades de várias maneiras”, disse David Johnston, vice-presidente de proteção de ativos e operações de varejo da Federação Nacional de Varejo (NRF, na sigla em inglês), de acordo com o depoimento escrito da audiência, disponível publicamente. “A violência crescente relacionada ao roubo causou ferimentos a funcionários e consumidores, a triste morte de alguns associados do varejo e o medo de trabalhar ou fazer compras em locais de alta criminalidade. Isso torna difícil para os varejistas manterem ou encontrarem mão de obra para atender os consumidores.”

No início de sua declaração, o presidente do subcomitê, August Pfluger (Republicano do Texas), afirmou que o crime organizado no varejo é diferente de furtos simples ou roubos pequenos e que até organizações criminosas transnacionais que cruzam a fronteira sul para os EUA estão contribuindo para o aumento do roubo no varejo em áreas urbanas e rurais. Leis brandas de combate ao crime, incluindo altos limites para delitos graves e leis fracas de fiança, não estão conseguindo dissuadir criminosos de se envolverem nessa atividade ilegal depois de serem libertados, acrescentou Pfluger.

Uma combinação dessas políticas de fronteira aberta e de combate ao crime está levando grandes varejistas a fechar negócios em determinados locais. A [loja de departamento] Target, por exemplo, fechou nove lojas em quatro cidades – Nova York, Seattle, São Francisco e Portland – em setembro deste ano. Outras, como uma [farmácia] CVS com sede em Washington, D.C., permanecem abertas, mas estão trancando as mercadorias atrás de barreiras plásticas e exibindo fotos emolduradas de itens comumente furtados para evitar furtos sistemáticos.

Lojas de pequeno porte também são vítimas desses criminosos, comentou Pfluger e outros durante a audiência.

Como resultado do crime organizado no varejo desenfreado, as lojas estão perdendo bilhões em estoque. Em 2022, o roubo no varejo foi responsável por cerca de US$ 72 bilhões em perdas, de acordo com a Pesquisa Nacional de Segurança no Varejo de 2023 conduzida pela NRF. No total, o encolhimento no varejo representou US$ 112,1 bilhões em perdas no ano passado, em comparação com US$ 93,9 bilhões em 2021.

Além da perda monetária, o crime organizado no varejo vem acompanhado de níveis elevados de violência: 67% dos varejistas pesquisados disseram ter visto mais violência e agressão por parte de criminosos em comparação com o ano anterior, contribuindo para as atuais estimativas de 543.000 vagas de emprego no setor.

Em alguns casos, a violência foi fatal. Até a semana passada, um segurança de uma loja da Macy’s [loja de departamento] na Filadélfia morreu após ser esfaqueado por um ladrão, que feriu um segundo segurança. O suspeito, que tem extenso histórico de roubo no varejo, assaltos e crimes relacionados a drogas em toda a região da Filadélfia, foi preso posteriormente. Mais de 250 relatos de roubo no varejo foram registrados apenas nesta loja da Macy’s neste ano, observou Pfluger.

Quanto à experiência de compra, os consumidores americanos também não se sentem seguros. Outra pesquisa da NRF divulgada em junho constatou que 53% de uma amostra de 5.000 consumidores dos EUA acreditam que os crimes relacionados ao varejo aumentaram em suas comunidades desde o início da pandemia de Covid-19 em 2020. Essa estatística sobe para 57% para aqueles que vivem em áreas suburbanas. Além disso, 64% dos entrevistados expressaram preocupações com o furto liderado por gangues onde moram, e esse número aumenta para 75% para consumidores em comunidades urbanas.

“As políticas brandas de combate ao crime tornaram nossas comunidades menos seguras”, disse Pfluger em um comunicado antes da audiência. “Ao colocar criminosos acima de comunidades, famílias e pequenos empresários, os trabalhadores americanos em todo o país estão sendo forçados a arcar com os custos financeiros e emocionais dessas políticas fracassadas.”

“O crime organizado no varejo coloca em perigo pequenas empresas, trabalhadores e consumidores”, acrescentou Seth Magaziner (Democrata de Rhode Island), membro do subcomitê. “Devemos abordar esse problema de frente para proteger pequenas empresas e manter comunidades seguras em Rhode Island e em todo o país.”

Além de Johnston, depuseram no painel designado para o varejo Scott Glenn, vice-presidente de proteção de ativos na Home Depot [que comercializa produtos para o lar e construção civil]; Abby Jagoda, vice-presidente de política pública no Conselho Internacional de Shoppings; e Summer Stephan, procuradora do condado de San Diego, Califórnia, que falou em nome da Associação Nacional de Procuradores de Distrito. Todos os quatro instaram o Congresso a considerar seriamente a aprovação da Lei de Combate ao Crime Organizado no Varejo para reprimir ainda mais esse tipo de ocorrência no setor. A legislação bipartidária, se implementada, criaria um centro inter-agências de combate ao crime organizado no varejo dentro do departamento de Investigações de Segurança Interna para coordenar com outras agências federais de aplicação da lei.

Na primeira metade da audiência, três funcionários federais prestaram depoimento: Michael Krol, agente especial encarregado das Investigações de Segurança Interna; Jason Kane, agente especial encarregado do Serviço Secreto dos EUA; e Jose Perez, subdiretor assistente da Divisão de Investigação Criminal do FBI.

© 2023 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês: ‘Not a Victimless Crime’: Retail-Industry Leaders Testify on Rising Organized Theft and Fraud

noticia por : Gazeta do Povo

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