Imaginemos, por apenas um momento, que você trabalha em uma pizzaria.
Seu trabalho é dar forma à massa, adicionar os ingredientes e colocar a pizza no forno para que o cliente possa desfrutar de uma refeição quente. As pessoas vão à pizzaria onde você trabalha porque esperam que as pizzas sejam deliciosas e feitas com relativa rapidez.
No entanto, digamos que você decidiu se esforçar um pouco menos. Suas pizzas levam mais tempo para ficar prontas e são mal feitas. Como resultado, a pizzaria perde clientes e tem menos dinheiro para pagar você.
As demissões são anunciadas devido a restrições orçamentárias. Em protesto, você anuncia que vai fazer greve até ser pago pelo que acha que merece. Você diz ao chefe que é muito importante para ser dispensado; afinal, você não vê mais ninguém fazendo pizzas com você!
Mas, ao mesmo tempo, foi o seu trabalho de qualidade inferior que começou a causar problemas.
Isso é o que está acontecendo com os jornalistas esquerdistas em greve no The Washington Post agora.
De acordo com um comunicado do Washington Post Guild – um sindicato para funcionários de colarinho branco – mais de 700 colaboradores iriam “parar o trabalho à meia-noite em 7 de dezembro” por 24 horas. Por que? Porque o Post anunciou restrições orçamentárias, com a demissão de 40 funcionários e a disposição de rescindir antecipadamente, com pagamento total, os contratos de 240 outros.
O sindicato argumenta: “A democracia morrerá na escuridão se houver menos funcionários do Post fazendo o jornalismo crítico que mantém nossas comunidades informadas e responsabiliza nossos funcionários públicos”.
Vamos pensar por um momento. Por que o Post estaria em uma situação financeira tão precária a ponto de exigir demissões de centenas de funcionários? Assim como nosso exemplo da pizzaria, não é necessário ser um especialista em marketing com um diploma em negócios para entender.
Se você não produz algo de valor, as pessoas vão parar de dar dinheiro pelo seu produto.
A mesma publicação que costumava produzir investigações intensas, cuidadosamente examinadas e condenatórias, como o Caso Watergate, foi reduzida a um circo de correções de reportagens desonestas, baseadas em apurações embaraçosamente ruins e em boatos.
O Post corrigiu mais de uma dúzia de artigos em 2021 após o chamado dossiê Steele, uma série de investigações sobre o suposto conluio entre a campanha presidencial de Donald Trump em 2016 e a Rússia, considerado completamente infundado pelo Comitê de Inteligência do Senado.
Seria de se esperar que uma falha tão monumental no jornalismo fosse corrigida em nível organizacional. Mas não foi.
Neste ano, o Post foi solicitado a emitir correções e retratações por causa de alegações falsas sobre a guerra Israel-Hamas, o laptop de Hunter Biden e assuntos externos, o ativista dos direitos dos pais Chris Rufo e a história política da deputada republicana da Flórida Anna Paulina Luna.
O Post deixou de divulgar seus números de leitores nos últimos anos, indicando que as coisas não estão indo tão bem. Afinal, se os números estivessem aumentando, por que você não se gabaria disso?
Os dados que temos disponíveis mostram que, de 2004 a 2013, as assinaturas do Post caíram a cada ano.
De acordo com as informações mais recentes disponíveis da [empresa de análise de dados] Comscore e da Pew Research [laboratório de monitoramento de tendências], o tráfego digital do Washington Post caiu 20%, indo para 9 milhões, no quarto trimestre de 2022.
O sindicato do Post põe a culpa dessa queda na “má estratégia comercial da publicação”. O sindicato está correto, mas não da maneira que afirma.
A má estratégia comercial do Post foi contratar um grupo de crianças mimadas e vaidosas que acreditam que a verdade é secundária à militância e que seu trabalho tem valor “crítico” independentemente da qualidade.
Essa análise simples escapa à compreensão daqueles cujo narcisismo e engrandecimento cegam a necessidade de correção das más práticas – assim como crianças que não têm consciência de terem feito algo errado tendem a fazer diante de tal evidência.
Receio que o sindicato do Post não seja o primeiro exemplo de tolos choramingões a nos ameaçar este ano.
O Indianapolis Newspaper Guild [Associação de Jornais de Indianápolis], que representa os funcionários da redação do Indianapolis Star, convocou uma “greve de assinatura” em maio. Nessa ação, repórteres esquerdistas do Indy Star continuaram a escrever artigos, mas removeram seus nomes, em protesto contra a incapacidade do Star de lhes pagar mais.
A circulação caiu vertiginosamente nos últimos anos devido ao trabalho ruim produzido pelos jornalistas do Star, mas o sindicato seguiu pressionando.
Ninguém se importou, a administração do Star não cedeu, e a greve terminou tão pateticamente quanto começou.
Os repórteres de mais de uma dúzia de outras publicações da Gannett [empresa de comunicação da Virgínia] tentaram uma greve semelhante em junho, exigindo uma mudança na liderança corporativa. Ninguém se importou, a Gannett não cedeu, e a greve se tornou sem sentido. Nos últimos quatro anos, a Gannett cortou 59% de sua equipe.
Essa greve dos funcionários do Post terminará como todas as outras – com este sindicato de jornalistas obcecados por si mesmos percebendo que ninguém os acha corajosos ou essenciais e que talvez seja melhor ter um emprego, afinal (enquanto ainda houver dinheiro suficiente para lhes garantir um). Os “repórteres, editores, cartunistas, jornalistas visuais [sejam lá o que isso for], pessoas de vendas de publicidade e motoristas de circulação” voltarão ao trabalho mais uma vez depois que esta greve terminar. Eles não têm nada para mostrar com suas ações ousadas além do orgulho ferido e de uma habilidade que não vai pagar as contas por muito mais tempo.
© 2023 Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês: Another Pathetic Strike by Leftist Journalists
noticia por : Gazeta do Povo