“A esquerda não é woke. Livro sustenta que pautas identitárias foram colonizadas por ideologias de direita” – Hélio Schwartsman, colunista da Folha de S.Paulo. Filho feio não tem pai, ainda mais quando resolve pintar o cabelo de roxo e botar um piercing no nariz.
“Deixo o X para estar do lado certo da história” – Jamil Chade, jornalista, anunciando sua saída da rede social. A história lembrará de você, Jamil, como o gigante que se recusou a compactuar com os memes de gatinhos tocando bateria.
“[O Congresso] está tentando dar um truque no Supremo ao votar o projeto para disciplinar as emendas parlamentares” – Reinaldo Azevedo, jornalista. Para o Congresso legislar hoje em dia, só às escondidas – porque se o STF pegar no flagra, complica.
“A imprensa é beneficiada com a desoneração da folha. Então é importante que faça uma reavaliação do comportamento que teve no passado” – Fernando Haddad, ministro da Fazenda. Legal essa isenção fiscal, né? Seria uma pena se algo terrível acontecesse com ela…
“Onde está o desequilíbrio das contas públicas?” – Márcio Pochmann, presidente do IBGE. Soa como o começo de um show de mágica daqueles bem ruins…
“Eu fui mãe por acaso” – Angélica, apresentadora de TV. No bingo da vida não tem mistério: só ganha quem joga.
“O Brasil é uma ilha continental, isolado pela nossa língua. Quando alguém fura a fronteira e leva algo que nos é pessoal pra fora, é essa espécie de sentimento de orgulho nacional” – Fernanda Torres, atriz e geógrafa alternativa. Ultimamente, esse isolamento tem sido nossa única defesa contra um tsunami de vergonha alheia.
Uma Explosão de Democracia
“Novas imagens mostram homem-bomba comprando fogos de artifício em loja” – notícia da CNN Brasil. O “atentado” pode ter sido um fiasco, mas a cobertura foi um verdadeiro espetáculo de pirotecnia.
“O fato hoje é que a Abin não serve para nada” – Eliane Cantanhêde, jornalista, sobre as investigações do ocorrido. Então é só mais um órgão público exercendo sua função com excelência.
“Aliança de Trump, Bolsonaro e Milei: tudo a ver com explosões no STF” – Eliane Cantanhêde. Nem todo Sherlock Holmes usa chapéu; alguns preferem vestidos com estampas de papel de parede.
“Ao inventarem uma antecipação de juízo de Moraes sobre o caso, há um esforço evidente de responsabilização da vítima” – Reinaldo Azevedo, jornalista. Pior ainda, estão responsabilizando a vítima, o juiz, o promotor e o carrasco, todos ao mesmo tempo.
Team América
“Trump nomeia birutas, vigaristas e Musk, que promete acabar com um terço do governo” – Vinicius Torres Freire, jornalista. Ainda bem que não nomeou o Haddad, senão ele provavelmente acabaria com o terço do governo que ainda funciona.
“É falso. Os ingredientes são basicamente os mesmos, embora, no Canadá, os corantes sejam naturais — feitos de mirtilos e cenouras — e, nos EUA, sejam utilizados o corante vermelho 40, amarelo 5, azul 1 e butil-hidroxitolueno, um produto químico feito em laboratório” — fact-checker do The New York Times, sobre a declaração de Robert Kennedy Jr., indicado para a Secretaria de Saúde dos EUA por Donald Trump, de que uma marca de cereal possui mais ingredientes artificiais nos EUA do que no Canadá.
“Não ficarei aqui ouvindo blasfêmias contra minha pessoa” – Alan Lichtman, estrategista do Partido Democrata americano, ao ser criticado durante programa de TV. Questionado se sofria de complexo de Messias, ele teria respondido irritado: “Deixem meu filho fora disso!”
Batendo o Ponto
“Brasileiro não quer trabalhar menos” – Luciano Hang, empresário, criticando o fim da escala 6×1. Não, o brasileiro quer é trabalhar até cair, só para comprar bugigangas chinesas parceladas no cartão.
“Se a sua empresa precisa de um regime 6×1 para existir, ela não deve existir. ‘Mas é o ganha pão da minha família’ – os escravocratas falavam a mesma coisa” – Felipe Neto, youtuber. E empresas que precisam de milhões em incentivos fiscais do governo, devem existir?
“Eu não tenho empregada. Eu tenho uma mulher lá que é diarista, vai duas vezes por semana” – Alfredinho, deputado federal (PT-SP), sobre não assinar a carteira de sua empregada doméstica. Nos outros dias, ela que se vire.
Cantinho da Primeira-Dama(?)
“Não, filha, é ‘Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza’. Vamos ver se consegue entender a mensagem, tá?” – Janja, irritando-se com mulher que chamou seu evento de “Janjapalooza”. Se depender das mensagens da Janja, a fome e a pobreza vão conquistar o mundo sem maiores obstáculos.
“F*ck you, Elon Musk, eu não tenho medo de você” – Janja Lula da Silva, ofendendo o bilionário e agora membro do governo americano. E eu pensando que, como a Janja é monoglota, estávamos a salvo de maiores incidentes diplomáticos.
“Eles vão perder as próximas eleições” – Elon Musk, respondendo a Janja. Mas, como diria o Garrincha, é preciso combinar com os russos antes.
“Quando um f*da-se se torna mais importante que um discurso magistral do Lula, é hora de se pensar quem somos, o que queremos, pra onde vamos” – José de Abreu, ator. É que, ao menos, o discurso da Janja foi sincero.
“A verdade é que a Janja falou o que estava preso nas nossas gargantas” – Paulo Teixeira, ministro da Agricultura Familiar. Se era isso que estava preso na garganta, era melhor ter engolido.
“O ‘bestão’ lá acabou se matando com fogos de artifício. A gente ri, mas é sério” – Janja, sobre homem que morreu em frente ao STF. Que tal mantermos um pingo de classe e limitarmos as ofensas apenas aos vivos?
“A gente convidou o ministro Alexandre de Moraes, que é um grande parceiro”
Janja, agradecendo a “parceria” de ministro do STF contra as “fake news”. O Brasil é o país onde Executivo e Judiciário se juntam para provar que não agem em conjunto.
“Não temos que xingar ninguém” – Lula, reagindo a falas de Janja. Dica de caboclo velho: se não tiver nada de positivo para falar sobre alguém, minta.
“Se eu quiser produzir uma carta, eu pago do meu bolso. Cartão, tudo é do meu bolso que eu pago. As roupas que eu uso, tudo. Tudo, tudo, tudo sai dali” – Janja. Dizem por aí que o acordo pré-nupcial entre Janja e Lula incluía todas as despesas pagas pelo contribuinte, mas só era válido enquanto ele estivesse sob custódia da PF.
“Janja foge de tudo o que conhecíamos até aqui. Socióloga, jovem, falastrona, ousada” – Milly Lacombe, comentarista de futebol do UOL. Ou seja, a combinação ideal entre os efeitos colaterais da puberdade e os primeiros sintomas da menopausa.
“Troca de ofensas entre a primeira-dama Janja da Silva com o empresário Elon Musk” – manchete da CNN Brasil. A imprensa é incapaz de reconhecer a generosidade gratuita de nossa primeira-dama.
“Tanta importância para Janja mostra que vivemos numa sociedade machista” – Fabiano Lana, colunista do Estadão. E o machismo insiste em usurpar das mulheres até o protagonismo de suas próprias gafes.
“Arroubo adolescente. Perdeu a chance de ficar calada” – diplomatas brasileiros, falando a Lauro Jardim em condição de anonimato, sobre postura de Janja. Estão recuperando a imagem do Brasil lá fora. Um barraco de cada vez.
“Saudades dessas damas. E não sou bestona!” – Claudete Alves, “líder negra” do PT, ao postar fotos de Marisa Letícia e Michelle Obama no Instagram. Uma coisa não podemos negar: com suas palavras, Janja está conseguindo unir o país novamente.
Lula no Z20
“Eu fiz questão de não trazer as guerras para o G20, porque não iríamos discutir outras coisas importantes para um povo que não está em guerra, que é o povo pobre” – Lula. Ou talvez a ideia de resolver tudo na mesa do bar com uma cervejinha não tenha sido tão eficaz quanto esperado.
“No centro de Mídia do G20 simplesmente não tem internet. Parte das mesas da imprensa não tem mais acesso à energia elétrica. Nem sei nem o nome que se dá a algo assim” – Yan Boechat, jornalista. É o Brasil na vanguarda da revolução analógica.
“Um aperto de mão afetuoso [de Lula] com Bin Laden” – Ana Maria Braga, confundindo Joe Biden com Bin Laden. O fato de que tal aperto de mão ainda não aconteceu já desmonta todas as teorias da conspiração de que Bin Laden estaria vivo.
“A democracia e a política econômica sólida estão em declínio no Brasil e na América Latina; e Lula está liderando o caminho” – Maria Anastasia O’Grady, colunista do The Wall Street Journal. Podemos estar à beira do abismo, mas com Lula, parece que daremos um passo à frente.
“Encontro do G20 no Rio é visto como o mais desorganizado dos últimos tempos” – Bloomberg, portal internacional de notícias. Urge a criação de um Pix em dólar para combatermos a desinformação.
Cantinho dos Kids Pretos
“Eu sou um cara que tenho que agradecer agora muito mais porque eu tô vivo. A tentativa de me envenenar – eu e o Alckmin – não deu certo” – Lula, sobre suposto plano para atentar contra sua vida. Pobre Lula, até hoje ainda traumatizado com a tragédia que foi a ditadura. Ter acabado.
“Eu certamente seria morto” – José de Abreu, ator, sobre as consequências do suposto golpe. Morto? Bastante improvável, mas talvez alguém sugerisse colocar uma focinheira para não sair cuspindo por aí.
“Bolsonaro indiciado pelo FBI [sic]. E agora?” – tradução de post em inglês de Eduardo Bolsonaro, deputado federal (PL-SP), chamando a Polícia Federal brasileira de “FBI”. Não sei dizer, mas aposto que a resposta inclui um pen drive, um jatinho fretado e ingressos para a Copa do Mundo.
Fora dos Autos
“O Brasil hoje não tem condições de ser uma liderança industrial [nem] tecnológica, espero que possa vir a ser. Mas podemos ser a grande liderança ambiental” – Luís Roberto Barroso, ministro do STF. Barroso, abandone logo essa toga. Está apenas limitando seu verdadeiro potencial de grande estadista.
“É necessário, para nós voltarmos à normalidade democrática, uma regulamentação [das redes sociais]” – Alexandre de Moraes, ministro do STF. Regular as redes sociais parece ser a solução para tudo, de “golpes de estado” a dor de dente. Talvez seja até a estratégia secreta de Moraes para chegar a Marte antes de Elon Musk.
“Posso dizer que certamente o Brasil seria outro – e pior – não fora essa designação do ministro Alexandre e sua atuação na frente desse inquérito” – Gilmar Mendes, ministro do STF. Respiro aliviado ao saber que o propósito do STF é moldar o Brasil ao gosto de seus membros.
“Precisávamos devolver a política aos políticos. Isso é mérito do STF.” – Gilmar Mendes, ministro do STF. E aos populares pegos no exercício ilegal da política, as penas da lei.
“Tudo sugere que estivemos mais próximos do que imaginávamos do inimaginável” –Luís Roberto Barroso, ministro do STF. Será que já está faltando “criatividade”?
Memória
“Por que torço para que Bolsonaro morra” – Hélio Schwartsman, jornalista, em julho de 2020. Parece que já estivemos próximos do inimaginável antes, e nem imaginávamos.
“Nunca recebi um centavo do governo” – Felipe Neto, youtuber, em abril de 2024. Recentemente, foi revelado que suas empresas receberam R$14 milhões em isenções fiscais.
Ari Fusevick é brasileiro não-praticante, escreve sobre filosofia, economia e política, na margem entre o inconcebível e o indesejável. Colabora com a Gazeta do Povo, Newsmax e New York Post. Autor da newsletter “Livre Arbítrio” e do livro “Primavera Brasileira“.
noticia por : Gazeta do Povo