“A sociedade não tem que saber como vota um ministro da Suprema Corte” – Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República. A democracia relativa exige decisões a portas fechadas.
“Eu não teria qualquer prazer em trabalhar com esse último, ele
é exemplo do populismo mais demagógico” – Nicolas Sarkozy, ex-presidente
francês e ‘conservador’, sobre Bolsonaro, em livro de memórias em que é só
elogios a Lula. Se ele acha que o atual presidente não é populista nem
demagogo, só pode ter comido Camembert estragado.
“Eu, do lado do Bolsonaro?” – Ricardo Nunes, prefeito
de São Paulo (MDB), tentando não atrair os inimigos do ex-presidente contra si.
Talvez até tenha esquecido o nome. Bolsonapo? É algum tipo novo de guardanapo?
“[Gêngis Khan] reconheceu as qualidades extraordinárias dos povos presentes em seu imenso território e as colocou a serviço de um desenvolvimento comum” – Papa Francisco, em visita à Mongólia, elogiando o famoso líder no ano de seu 860º aniversário. O próprio Khan responde: ‘minha maior felicidade é destruir meus inimigos, persegui-los, reduzir suas cidades às cinzas e seus entes queridos às lágrimas, e tomar suas esposas e filhas’. Só falta elogiar o diabo, agora.
“A esquerda está muito dogmática, fundamentalista”
– Washington Quaquá, vice-presidente do Partido dos Trabalhadores. Se até ele diz…
“[Eduardo Pazuello] é uma pessoa agradável, gosta de samba,
é um malandro carioca” – Washington Quaquá, confirmando um apreço
petista pela malandragem ao justificar foto com o ex-ministro de Bolsonaro.
“Parem de gostar de rico” – Renan Santos, coordenador
do Movimento Brasil Livre. Se posar de liberal não funciona para o seu
movimento, experimente adotar a retórica do PSOL.
“Você acha que estou com cara de ministro do Supremo?” – Flávio
Dino, ministro da Justiça, quando perguntaram se ele poderia ser nomeado. Até
que há mesmo uma semelhança de fisionomia com o Gilmar Mendes.
“Em breve, o Brasil pode dar mais um passo rumo à
independência plena retirando da vida pública todos aqueles que sabotaram a
pátria fazendo emergir o fascismo, destruindo empresas e milhares de empregos” –
Ricardo Cappelli, secretário executivo do Ministério da Justiça (!),
irritado com uma publicação do senador Sergio Moro sobre as ruas vazias no 7 de
setembro, e prometendo que ele será o próximo a perder o cargo eletivo após Deltan
Dallagnol. Com ‘defensores da democracia’ como este, quem precisa de defensores
de ditadura?
“Humor que ofende não é humor” – Pequena Lô, humorista
‘leve e divertida’ das redes sociais, em indireta ao politicamente incorreto
Léo Lins, que continua alvo
de censura. Ela é que sabe, não este
time aqui de humoristas do passado.
“The Town dispensou serviços de Cacique Cobra Coral e
enfrenta chuvas” – Folha de S. Paulo, a respeito de um evento de música
e uma organização mística de pseudometeorologia. Nessas horas, está liberado
associar índio à dança da chuva.
“Crise: fãs de Demi Lovato estão usando fraudas [sic] para urinar
e fazer cocô sem perder o lugar na grade do The Town” – Choquei, conta
de notícias e gramática questionáveis que fez campanha para Lula. “Frauda” é
uma fralda fraudulenta, que não segura as coisas, ou parece cheia, mas está
limpa? E onde está a fralda das redes sociais, que contenha esse tipo de
publicação?
“Preço da gasolina cai R$ 0,01 nas bombas” – Agência Nacional
do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), parafraseada em
manchetes. Mudou minha vida.
Cantinho do juiz imparcial
“Valeram-se de uma verdadeira tortura psicológica, UM PAU DE
ARARA DO SÉCULO XXI, para obter ‘provas’ contra inocentes” – José Antonio
Dias Toffoli, ministro do STF, ao anular
as provas obtidas com o acordo de leniência com a empreiteira Odebrecht
pela Lava Jato. Notem o CAPS LOCK XANDÔNICO. Aguardem em breve a lei que
criminaliza a ‘violência psicológica’ contra corruptos. Nem precisará passar
pelo Congresso, já que os ministros andam criando leis.
“Já seria possível, simplesmente, concluir que a prisão do
reclamante, Luiz Inácio Lula da Silva, até poder-se-ia chamar de um dos maiores
erros judiciários da história do país” – Toffoli, na mesma decisão. O
fato de Marcelo Odebrecht ter alegado que o ministro tinha o apelido ‘amigo do
amigo do meu pai’ na lista de propina da empresa e o fato de que ele trabalhou como
advogado em três campanhas presidenciais de Lula nada têm a ver com isso.
“Fui acusado de destruir a Lava Jato. (…) Hoje, a
sociedade enxerga seu verdadeiro legado maldito” – Augusto Aras, procurador-geral
da República nomeado por Bolsonaro, em aparente comemoração à decisão de
Toffoli. Um legado bendito?
Cantinho do Eufemismo
“Lula atravessou a rua para escorregar na casca de banana” –
Kennedy Alencar, colunista do UOL, sobre Lula defender voto sigiloso
para ministros do STF. Alencar também fez questão de deixar bem claro que o
Bolsonaro era muito pior, e prometeu que outro dia ele vai analisar a questão
da Lava Jato etc. que o levou ao poder. Procrastinação de análise.
“Lula dá tiro no próprio pé ao defender sigilo no STF após
votos de Zanin” – Leonardo Sakamoto, colunista do UOL. Casca de banana,
escorregada no tomate, tiro no pé, gafe, descuido… é como jornalista
chapa-branca descreve uma posição inconstitucional aqui, uma relativização da
democracia a favor de ditadores ali…
“Lula faz gol contra, demite Ana Moser, e o esporte fica
órfão” – Juca Kfouri, comentarista esportivo. Acrescente aí ‘gol contra’
à lista de eufemismos.
“Digo ao povo maranhense e ao povo do Brasil que voto sim a
favor do impeachment” – André Fufuca, deputado do centrão que foi posto
por Lula no lugar de Moser no ministério do Esporte, quando votou a favor de remover
Dilma Rousseff da presidência em 2016. Para Lula e o PT, impeachment é um
eufemismo para um pretenso ‘golpe’. Mesmo assim chamam supostos ‘golpistas’ para
integrar o governo. Vai entender.
Cantinho do identitarismo pero no mucho
“Nós marcamos um café pro Lula conhecer algumas juristas
negras com notável saber jurídico que podem ocupar a próxima vaga do STF. Ajude
a gente a fazer o convite chegar até ele” – Gregorio Duvivier, humorista
(dizem) do Porta dos Fundos. Notem que ‘notável saber jurídico’ vem só depois
da menção de gênero e cor.
“Imagina você ser burro a ponto de não entender a diferença
entre uma empresa e uma indicação pro STF” – Gregorio Duvivier, reagindo
a uma conta que cobrou mulheres negras em uma foto de 2012 da equipe do Porta
dos Fundos. Quando a Ável Investimentos, ligada à corretora XP, que é do Sul do
país, virou alvo de linchamento dos identitários e do Ministério Público em
2022 pela distribuição de cores dos funcionários (completamente esperada para a
região) em uma foto, ele não disse nada.
Memória
“Vocês concordam com o glamour do tráfico de drogas, banhado
a sangue contra o trabalho sério do povo brasileiro?” – Alexandre de Moraes,
ministro do STF, em 22 de outubro de 2017 no Twitter.
“Tem toda razão!” – Alexandre de Moraes, em resposta
a si mesmo na época, minutos depois. Ficou parecendo que se esqueceu de trocar
para outra conta. Não estou dizendo que é uma prova de que ele usa fakes
para concordar consigo mesmo. Até porque, se fosse prova, seria anulada.
“Desculpe, a Odebrecht errou. A Odebrecht reconhece que
participou de práticas impróprias em sua atividade empresarial. Reconhecemos
nosso envolvimento, fomos coniventes com tais práticas” – Odebrecht,
empreiteira, em confissão pública de culpa nos esquemas de corrupção revelados
pela Lava Jato, em dezembro de 2016. Anula essa também, Toffoli.
Cantinho do Reinaldo Azevedo
O Frases da Semana informa: te poupamos das frases do
jornalista Reinaldo Azevedo esta semana. Tua saúde mental agradece.
noticia por : Gazeta do Povo