Não há livro como ‘Game Changer: Our 50-Year Mission to Secure America’s Energy Independence’ [‘Revolucionário: Nossa Missão de 50 Anos para Garantir a Independência Energética da América’, tradução livre, sem edição no Brasil], de Harold Hamm. A narrativa de 300 páginas abrange não apenas a história da produção de petróleo, mas também a trajetória de Hamm, que cresceu em Oklahoma na companhia de 12 irmãos, sem eletricidade ou encanamento em casa e fundou uma das principais empresas de exploração da América, a Continental Resources. Com os democratas pedindo mais regulamentações governamentais e energia renovável para lidar com o calor intenso do verão, não há momento melhor para a publicação da obra.
Os personagens são descritos de forma bonita, desde a mãe de Harold Hamm, que “estava presente para seus 13 filhos todos os dias”, até seu professor do ensino médio, James Hunter, que sobreviveu depois de passar por vários campos de prisioneiros durante a Segunda Guerra Mundial. Hunter sempre mantinha sorvete em sua geladeira para se lembrar de que os pequenos prazeres na vida (e compartilhá-los com os outros) não precisam ser caros.
‘Game Changer’ é o primeiro livro de Hamm e, além de fornecer detalhes biográficos, traz uma ode à independência energética dos EUA. Esse é um tema particularmente relevante no momento em que a administração Biden está desencorajando o uso dos recursos americanos e incentivando a dependência de turbinas eólicas, painéis solares e baterias elétricas fabricadas na China para veículos elétricos obrigatórios.
Pior ainda: como o Congresso não seria
capaz de aprovar tais projetos e transformá-los em lei, o presidente está driblando
nossos representantes eleitos e implementando políticas por meio das regras da
Agência de Proteção Ambiental.
Com
25 capítulos, o livro também descreve os benefícios que o petróleo trouxe para
o padrão de vida dos americanos. Ainda mostra como um homem pode começar com
sucesso uma empresa do zero e desenvolvê-la para um valor de mercado de quase
US$ 30 bilhões (o equivalente a R$ 250,5 bilhões).
A história do desenvolvimento do
petróleo na América é um aspecto particularmente fascinante do livro. E, graças
à prosa direta de Hamm, os leitores não precisam de conhecimentos em engenharia
para entender o progresso da indústria.
A narrativa começa com reproduções de
alguns de seus trabalhos do ensino médio, que mostram como uma paixão precoce
pelo assunto pode levar a uma carreira de uma vida. Em seguida, diagramas apresentam
inovações e descobertas da indústria, incluindo a transição inovadora realizada
pela Continental da perfuração vertical (em que um poço é inserido de pé no
solo) para a horizontal (que consiste em um tubo inserido horizontalmente e
capaz de conectar uma série de injeções para produzir exponencialmente mais
petróleo).
Depois da perfuração horizontal, Hamm implementa outra inovação na Continental: o fraturamento hidráulico, que extrai petróleo de rochas de xisto. Começando pela área de Bakken, em Montana e na Dakota do Norte, a empresa desenvolveu – entre erros e acertos, mas com muita persistência – técnicas de retirada de recursos das rochas.
Posteriormente, Hamm dedica um capítulo ao movimento ESG [Environmental, Social and Governace, “ambiental, social e de governança corporativa” em português], que vem varrendo os EUA e foi um dos motivos pelos quais ele tornou a Continental Resources privada em novembro de 2022.
Quando uma empresa é pública,
acionistas institucionais com tamanho ou influência suficiente podem impedir
algumas explorações de petróleo e gás e exigir investimentos em energias
renováveis – como no caso do fundo de investimentos Engine No. 1, que
tradicionalmente apoia a transição energética e conseguiu garante a eleição de
três diretores simpáticos à causa ao conselho da Exxon em 2021.
Um ano depois, a Engine No. 1 declarou: “Desde a eleição de nossos candidatos ao Conselho, a Exxon tomou uma série de medidas para reduzir suas emissões e começou a lançar as bases de uma estratégia comercial viável de baixo carbono”.
Justificando a mudança de regime na Continental, Hamm escreve que “empresas privadas têm mais liberdade para operar e não estão limitadas pelo suporte do mercado público”. E, num sinal deprimente de nosso tempo, ele também afirma: “Acreditávamos que tornar a Continental privada aumentaria nossa capacidade de manter a vantagem competitiva e também nos permitiria ser ainda mais ágeis nos esforços para criar valor através da exploração”.
Em um texto de julho de 2022, o colunista do National Review Andrew Stuttaford escreveu: “Parece claro que algumas empresas de petróleo e gás seguirão o exemplo de Harold Hamm ou evitarão abrir o capital”.
Muitas vezes, ler autobiografias é uma maneira de ver diferentes caminhos para o futuro e conhecer pessoas que escaparam dos limites previsíveis de uma carreira e correram riscos. Isso é especialmente verdadeiro em ‘Game Changer’, que mostra como Hamm passou do ambiente dos agricultores de Oklahoma aos mais altos escalões do mundo empresarial e político americano. O livro é uma homenagem à sua jornada e uma inspiração para outros que desejam ter sucesso e permanecer fiéis a princípios morais fortes, sem ser desonesto ou prejudicar os outros.
Os
princípios de Hamm são apresentados em um capítulo chamado “Cultura do
Possível a Partir de uma Mentalidade de Explorador”. Eles incluem ter
alergia a dívidas, liderar pelo exemplo, simplificar; escolher bons amigos e
associados, gostar de trabalhar duro e cumprir com o combinado (estando ele
escrito ou não).
Muitos que não seguiram esses princípios provavelmente desejariam tê-lo feito. No final do livro, a mensagem que fica é: podemos encontrar sucesso, fazer o bem e sermos felizes – um bom pensamento para o futuro. É o que Harold Hamm fez com a Continental Resources nos campos de petróleo, e o que cada um de nós pode fazer em nossos próprios campos.
© 2023 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês: Powering the American Dream
noticia por : Gazeta do Povo