VARIEDADES

Cúmplices: 9 artistas que fizeram propaganda para o regime chavista de Maduro

A inclinação autoritária de Hugo Chávez e Nicolás Maduro nunca foi um segredo. Mesmo antes de se tornar presidente da Venezuela, em 1999, Chávez já havia tentado um golpe de Estado. Mas alguns artistas parecem ter demorado a perceber o óbvio. Por ideologia ou ingenuidade, muitas figuras do meio artístico foram usadas pelo regime venezuelano como peça de propaganda.

Alguns desses nomes apoiaram o chavismo e depois silenciaram, sem fazer um mea culpa ou denunciar os abusos do regime venezuelano. Outros fazem ainda pior: continuam apoiando explicitamente a ditadura bolivariana, renovada pela “eleição” que deu a Nicolás Maduro o seu terceiro mandato em meio a indícios sólidos de fraude.

Em duas décadas e meia, o chavismo corrompeu todas as instituições relevantes da Venezuela, inclusive a Suprema Corte, o Exército e a comissão encarregada de organizar as eleições. Mas uma ditadura não ultrapassa duas décadas de existência sem um número considerável de cúmplices nacionais e internacionais.

Saiba quem são os artistas que, por seu apoio a Chávez e Maduro, ajudaram a dar legitimidade a um regime autoritário, que destruiu a economia venezuelana ao mesmo temo em que aniquilava a democracia do país.

1. Sean Penn

O ator americano Sean Penn foi um dos mais consistentes apoiadores de Chávez no meio artístico. Em 2012, por exemplo, ele viajou até Caracas para uma demonstração pública de apoio ao regime chavista e até participou de um comício pela vitória de Chávez nas eleições daquele ano (como se fosse preciso). Mesmo depois da morte do caudilho, em 2013, e da posse de um novo ditador, Penn permaneceu um entusiasta do regime bolivariano. Em 2014, o artista o visitou Nicolás Maduro em Caracas e posou para fotos ao lado do mandatário venezuelano.

Em 2023, em uma entrevista ao apresentador Bill Maher, Penn disse não concordar com a busca chavista pela perpetuação no poder. Mas o ator continuou tentando justificar o apoio ao regime chavista na década anterior. Segundo ele, o governo venezuelano tinha uma preocupação genuína com os pobres.

2. Oliver Stone

A Venezuela é a ditadura latino-americana de estimação de Oliver Stone. O diretor de cinema americano foi um dos primeiros nomes do meio artístico a se entusiasmar com a promessa de uma revolução na Venezuela.

Em 2009, ele afirmou que Chávez era vítima de uma campanha de difamação levada adiante pelo governo americano. No mesmo ano, o cineasta lançou o documentário “Ao Sul da Fronteira”, que exalta Chávez como um herói anti-imperialista. Stone levou o líder autoritário a tiracolo no Festival de Cinema de Veneza, na Itália, em 2009.

Em 2013, Stone esteve com Maduro e entregou pessoalmente uma cópia do documentário em que denuncia o “imperialismo” dos Estados Unidos. Ele também dirigiu o inesquecível “Meu Amigo Hugo”, um documentário produzido pela TV estatal Telesur depois da morte do caudilho. Não se sabe de ninguém que tenha assistido à obra-prima espontaneamente.

3. Naomi Campbell

Modelo Naomi Campbell encontrou Hugo Chávez em 2007.
Modelo Naomi Campbell encontrou Hugo Chávez em 2007| Francisco Batista/EPA/EFE

A modelo britânica é outra artista que aceitou ser usada como peça de propaganda do regime de Chávez e Maduro. Em 2007, ela pegou a ponte aérea Londres-Caracas para uma reunião, amplamente fotografada, com Hugo Chávez. Ela fez uma entrevista com Chávez para a revista britânica GQ, e saiu de lá dizendo-se “impressionada” com o modelo chavista.

No texto para a revista, Naomi conta que Chávez se ofereceu para fornecer combustível barato para os ônibus de Londres e, assim, ajudar os londrinos de baixa renda. Quanta generosidade.

A modelo aproveitou a oportunidade para pedir uma doação à Fundação Nelson Mandela, da qual ela era embaixadora.

Os dois ainda se encontraram novamente tempos depois, em Paris, mas a modelo não deu mais declarações públicas sobre a Venezuela.

4. Roger Waters

Vocalista da banda inglesa Pink Floyd, Roger Waters é um homem de muitas causas — boa parte delas equivocadas. Ao contrário de outros artistas, que discretamente deixaram de lado a defesa da Venezuela, ele persiste no erro.

Poucos dias antes da eleição fraudulenta de julho deste ano, Waters usou suas redes sociais para publicar um vídeo em que pede o voto em Nicolás Maduro. O roqueiro chamou o líder oposicionista Juan Guaidó de “Guido”. Disse que a também oposicionista Maria Corina Machado é uma “cobra” e uma “marionete” dos Estados Unidos. “A revolução é difícil. A revolução bolivariana é difícil, mas ela está obtendo sucesso”, garantiu Waters.

5. Chico Buarque

Chico Buarque durante ato de apoio a Fernando Haddad em 2018
Chico Buarque durante ato de apoio a Fernando Haddad em 2018: sem mea culpa| Antonio Lacerda/EFE

Em 2004, o cantor petista assinou um manifesto que reuniu figuras públicas e “intelectuais” para declarar apoio ao regime de Hugo Chávez. Àquela altura, o caráter autoritário do chavismo já estava evidente.

O texto denuncia uma suposta “guerra sem trégua” movida pelas “minorias políticas e econômicas da Venezuela” com o apoio de “grandes corporações empresariais e financeiras do exterior”. De lá para cá, Buarque — que dá poucas declarações públicas — tem se mantido em silêncio sobre a Venezuela. Não há qualquer sinal de um mea culpa.

6. Benicio Del Toro

Ter interpretado Che Guevara no cinema talvez tenha feito mal ao ator porto-riquenho, que decidiu viajar a Caracas e se encontrar com Hugo Chávez para promover o filme, em 2009. Depois de uma exibição pública da película, o ator também debateu com Chávez o legado de Che Guevara e fez elogios à autocracia venezuelana. Os dois já haviam se encontrado em Cuba, tempos antes.

Não há registro de alguma crítica de Del Toro ao regime da Venezuela.

7. Danny Glover

Além de ciceronear Chávez em Nova York, Danny Glover foi convidado de Maduro em Caracas
Além de ciceronear Chávez em Nova York, Danny Glover foi convidado de Maduro em Caracas| Miguel Gutierrez/EFE

O ator americano Danny Glover visitou os ditadores chavistas mais de uma vez. Em 2018, por exemplo, ele esteve em Caracas e, ao lado de Maduro, homenageou o pai do chavismo. “Viva Hugo Chávez. Estou tão orgulhoso de estar com vocês. É estimulante poder celebrar Hugo Chávez, sua memória vive conosco”, ele disse, de acordo com a agência EFE.

Glover, que é atuante no movimento sindical americano, também já havia ciceroneado o venezuelano durante uma rara visita de Chávez a Nova York, em 2006.

8. Steven Seagal

Steven Seagal: emissário da Rússia e adulador de Maduro
Steven Seagal: emissário da Rússia e adulador de Maduro| Alexander Nemenov/EPA/EFP POOL

Além de atuar como uma espécie de embaixador do líder russo Vladimir Putin, o ator de filmes de ação faz bico como adulador de outros ditadores. Em 2021, o artista se encontrou com Maduro e lhe entregou de presente uma espada samurai.

O ditador disse ter ficado emocionado: “Meu agradecimento a nosso irmão e amigo Steven Seagal, que me surpreendeu com um bonito presente”, escreveu Maduro na rede social X. Um fim de carreira melancólico para quem parece ter se transformado em um sósia de si mesmo.

9. Susan Sarandon

Famosa pelo ativismo de esquerda e por protagonizar filmes como “Thelma & Louise”, a artista de cinema compareceu à sessão de lançamento do documentário de Oliver Stone sobre Hugo Chávez e deixou-se fotografar, sorridente, abraçando o ditador. De lá para cá, Susan Sarandon não falou sobre o tema. Recentemente, ela está mais ocupada tentando negar as atrocidades cometidas pelo Hamas contra Israel.

noticia por : Gazeta do Povo

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