Enquanto o mundo tem assistido a um endurecimento de ditaduras latino-americanas nos últimos meses, Lula segue aplaudindo feitos e ideias de ditadores como Daniel Ortega, Nicolás Maduro, Hugo Chávez e Fidel Castro. Na Venezuela, segundo o Tribunal Penal Internacional, o número de presos políticos chega a 113, ao mesmo tempo em que Cuba a ONG Prisioners Defenders contabilizou 14 inimigos do regime presos apenas em julho (no total, o número de presos políticos triplicou na ilha no primeiro semestre deste ano). Já a Nicarágua vem recrudescendo a perseguição religiosa e fechando o cerco à liberdade de expressão, com o incentivo à propagação de fake news favoráveis à ditadura e a expulsão de jornalistas e padres que incomodam Ortega.
Longe de condenar a repressão, o presidente do Brasil deu e continua dando declarações públicas favoráveis a esses regimes, relativizando as ditaduras e negando as violações de direitos humanos ocorridas nesses países. E mais: nunca pediu desculpas pelas declarações passadas.
Confira as principais frases elogiosas de Lula aos ditadores Ortega, Maduro, Chávez e Fidel Castro:
“Eu não sei se a América Latina teve um presidente com as experiências democráticas colocadas em prática na Venezuela. Poder-se-ia até dizer que (a Venezuela) tem excesso (de democracia)”, declarou Lula em setembro de 2005, afirmando que Chávez “era meio demonizado no Brasil” e “comeu o pão que o diabo amassou nos seus primeiros quatro anos de mandato”. “Mas este homem, que apanhou como pouca gente apanhou, hoje, se transforma em um companheiro da maior importância. E o Brasil teve um papel importante, ajudando, conversando, dialogando.”
“Vivi todo o trabalho que o presidente Daniel Ortega fez para consolidar a Nicarágua como país soberano.” – Lula em 2007, em visita à Nicarágua, país onde se orgulha de ter conhecido Fidel Castro.
“Onde vai ser publicada essa foto, [Ricardo] Stuckert? [fotógrafo oficial da Presidência] Vai ter uma pequena manchetezinha. ‘El goviernantes del eixo del mal se encuentran’”, brincou Lula, ao receber o ditador Daniel Ortega no Itamaraty, durante seu mandato em 2010.
“O Chávez era um homem que, eu diria, 80% era coração, 20% era razão, como eu acho que devem ser todos os grandes homens do mundo (…) Chávez sabia, e sabia com muita força, que a razão para ele estar no governo era fazer com que o povo pobre da Venezuela se sentisse orgulhoso, que passasse a ter direitos. (…) As ideias do Chávez vão perdurar por muitos séculos. Porque a América do Sul vive um momento excepcional, e o Chávez tem muito a ver com isso.” – Lula em vídeo gravado em março de 2013, sobre a morte de Hugo Chávez.
“Se um homem público morre sem deixar ideias, quando o seu corpo físico acaba, acaba o homem. Não é o caso de Chávez, que foi uma figura tão forte que suas ideias permanecerão discutidas nas academias, nos sindicatos, nos partidos políticos e em qualquer lugar que exista uma pessoa preocupada com a justiça social e com a igualdade de poder entre os povos no cenário internacional.” – Lula em artigo publicado em março de 2013 no jornal New York Times, sobre a morte de Chávez.
“Fidel foi sempre uma voz de luta e esperança. Seu espírito combativo e solidário animou sonhos de liberdade, soberania e igualdade. Nos piores momentos, quando ditaduras dominavam as principais nações de nossa região, a bravura de Fidel Castro e o exemplo da revolução cubana inspiravam os que resistiam à tirania. (…) Sinto sua morte como a perda de um irmão mais velho, de um companheiro insubstituível, do qual jamais me esquecerei. Será eterno seu legado de dignidade e compromisso por um mundo mais justo. Hasta siempre, comandante, amigo e companheiro Fidel Castro.” – nota de pesar pela morte do ditador cubano, assinada por Lula no site do PT, em novembro de 2016.
“Eu dizia sempre, era o último mito vivo. (…) Fazia mais de 30 anos que éramos amigos, desde antes de eu ser presidente. Fazia muitos meses que eu queria vir a Cuba e ver Fidel, mas não foi possível. Quando soube da notícia, a maneira que encontrei de expressar meus pêsames foi escrever na parede ‘Viva Fidel’. Estou triste, porque se foi o maior homem do século 20” – declaração de Lula em dezembro de 2016, durante o cortejo fúnebre de Fidel Castro em Cuba.
“Temos que defender a autodeterminação dos povos. Sabe, eu não posso ficar torcendo. Por que Angela Merkel [ex-primeira-ministra da Alemanha] pode ficar 16 anos no poder, e Daniel Ortega não? Por que Margaret Thatcher [ex-primeira ministra britânica] pode ficar 12 anos no poder, e [Hugo] Chávez [ex-ditador falecido da Venezuela] não? Por que Felipe González [ex-primeiro ministro da Espanha] pôde ficar 14 anos no poder? – Lula em entrevista ao jornal El País, em 2021.
“Eu tenho tanta coisa para falar. Se eu pudesse (…), eu certamente iria derrotar o Fidel Castro na quantidade de horas que ele falava. Não com a competência dele, com a qualidade dele, mas com a minha rouquidão.” – Lula, em setembro do ano passado, em evento partidário durante a campanha presidencial.
“Eu senti muito orgulho de no dia 19 de julho de 1980 ir participar da comemoração do aniversário da Revolução Sandinista que derrubou um ditador chamado Somoza, de 30 anos. (…) Agora o regime político da Nicarágua é uma coisa que depende deles e o Daniel Ortega sabe, você sabe, o Chávez sabe – que se eu quisesse acreditar em mandato perpétuo, eu teria feito um terceiro mandato quando me propuseram. (…) Se o Daniel Ortega está errando, o povo da Nicarágua que puna o Daniel Ortega. Se o Maduro está errando, o povo que puna.” – Lula, durante o debate presidencial em outubro do ano passado.
“O Brasil vai restabelecer relações diplomáticas com a Venezuela. Nós queremos que ela tenha embaixada no Brasil e que o Brasil tenha embaixada na Venezuela. Vamos restabelecer a relação civilizada entre dois estados autônomos, livres e independentes. O problema da Venezuela a gente vai resolver com diálogo, não com bloqueio. A gente vai resolver com diálogo e não com ameaça de ocupação. A gente vai resolver com diálogo, não com ofensas pessoais (…) Eu vejo muita gente pedindo compreensão a Maduro, e essas pessoas esquecem que eles fizeram uma coisa abominável para a democracia, que foi reconhecer um cara que não era presidente, não foi eleito, que foi Guaidó. Esse cidadão ficou vários meses exercendo o papel de presidente sem ser presidente. E eu fico me perguntando: quem é que está errado?” – Lula ao assumir a presidência pela terceira vez, em janeiro deste ano.
“Desde que o Chávez tomou posse, foi construída uma narrativa contra ele, e eu tive a oportunidade de ver isso, uma narrativa em que você determina que o cara é um demônio. A partir do momento que você cria a narrativa que ele é demônio, a partir daí, você começa a jogar todo mundo contra ele. Foi assim que aconteceu com o Chávez, foi assim que aconteceu comigo.” – Lula no encerramento da cúpula dos presidentes da América do Sul, em maio deste ano.
“Se eu quiser vencer uma batalha, eu preciso construir uma narrativa para destruir o meu potencial inimigo. Você sabe a narrativa que se construiu contra a Venezuela, de antidemocracia e do autoritarismo. (…) Eu vou em lugares que as pessoas nem sabem onde fica a Venezuela, mas sabe que a Venezuela tem problema na democracia. É preciso que você construa a sua narrativa e eu acho que, por tudo que conversamos, a sua narrativa vai ser infinitamente melhor do que a que eles têm contado contra você.” – Lula a Maduro, durante visita do ditador venezuelano ao Brasil, em maio deste ano.
“É culpa dele [Maduro]?, não. É culpa dos Estados Unidos, que fizeram um bloqueio extremamente exagerado. Eu sempre acho que o bloqueio é pior do que uma guerra. Normalmente na guerra morre o soldado que está em batalha, mas o bloqueio mata criança, mata mulheres, mata pessoas que não tem nada a ver com a disputa ideológica que está em jogo.” – Lula, em maio, alegando que Maduro não consegue pagar suas exportações devido às sanções impostas pelos Estados Unidos.
“A Venezuela, ela tem mais eleições do que o Brasil. A Venezuela, desde que o Chávez tomou posse…. o conceito de democracia é relativo para você e para mim.” – Lula defendendo a ditadura de Maduro, em entrevista à Rádio Gaúcha, em junho deste ano.
noticia por : Gazeta do Povo