WhatsApp, Spotify, X (ex-Twitter). Estes são exemplos de aplicativos que muitos planos de internet colocam como de uso ilimitado, ou seja, não consomem o pacote de dados do cliente. Contudo, esta estratégia chamada de zero rating para atrair novos clientes pode estar com os dias contados. Isso porque, grandes operadoras, como a Tim, Claro e Vivo, estudam cancelar esse tipo de benefício.
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O argumento é que as big techs, donas dessas redes sociais, tem aumentado cada vez mais a necessidade de uso de dados para usar os aplicativos. A ação impacta diretamente o faturamento das operadoras.
Suspensão de pacotes
O assunto está tão em discussão que surgiu inclusive durante o evento de 25 anos de listagem da Vivo na B3. Na ocasião, Christian Gebara, presidente da Telefonica Brasil, disse que diversas companhias do setor estudam a suspensão dos pacotes com uso ilimitado de dados dentro de alguns aplicativos.
“Estamos avaliando qual o impacto. Existe uma preocupação do setor se essa gratuidade está sendo benéfica para o próprio consumidor. No fim, não se está conseguindo dar a resposta de cobertura que se quer dar”, destacou o presidente da Telefonica Brasil.
Na prática, segundo dados da Anatel, 82% do tráfego total nas redes móveis estão direcionados para o uso de aplicativos das big techs.
Setor de telefonia
A associação que representa as operadoras de telecomunicações, a Conexis Brasil Digital aponta que o uso de internet cresceu 62,7% no Brasil nos últimos dez anos. Contudo, nos último cinco, a demanda por investimento nas redes subiu 50%, representando uma queda de receita de 9% ao longo dos anos. Em suma, a queda é resultado de um mercado acirrado em que o preço se coloca como diferencial de escolha para o cliente.
Nesse sentido, uma nota a Conexis Brasil aponta para a divisão desta demanda por investimentos. “Para o setor de telecomunicações é essencial que se estabeleça a obrigatoriedade de uma justa contribuição por parte dos provedores de conteúdo digital pelo uso das redes das empresas detentoras dessas infraestruturas de telecomunicações”, ressalta.
Pelo mundo
Contudo, engana-se quem pensa que essa discussão ocorre apenas no Brasil. Diversos países têm atuado na busca por um fair share, ou seja, uma partilha proporcional de investimentos e ganhos de economia digital. Na prática, a ação evita que uma parte se beneficie do trabalho/investimento do outro.
Por fim, apesar de a associação representar as operadoras, a Conexis Brasil informou não ter um posicionamento quanto à cobrança ou não pelo uso de aplicativos por parte das empresas. A associação, em suma, destacou que esta questão é comercial e concorrencial e, portanto, diz respeito à cada empresa.
noticia por : R7.com