Um ano depois dos atos extremistas do 8 de Janeiro, 33 obras de arte continuam sendo restauradas ou aguardam pelo reparo. São 15 peças no STF (Supremo Tribunal Federal), 10 no Palácio do Planalto, 6 na Câmara dos Deputados e 2 no Senado. O prejuízo total causado às sedes dos três Poderes, em Brasília, ultrapassou os R$ 22 milhões.
No dia dos atos extremistas, vândalos não pouparam obras de arte de valor inestimável, como o relógio de Dom João VI, do século XVII, que tem valor “fora do padrão” e aguarda um acordo de cooperação técnica com a Embaixada da Suíça no Brasil, que deve oferecer técnicos especializados para o restauro da obra.
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Das 21 peças danificadas nas dependências do Senado, 19 foram restauradas. Uma delas é a tapeçaria de Burle Marx, que foi arrancada da parede pelos extremistas, que sujaram a obra com urina e pó de extintor de incêndio. Avaliada em R$ 4 milhões, a obra de arte já foi devidamente reintegrada ao patrimônio do Senado.
Apesar da restituição, está prevista uma cerimônia simbólica de entrega da peça durante o ato que vai relembrar um ano dos ataques às sedes dos Poderes, no qual estarão presentes o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso.
Uma das duas obras que ainda faltam passar por restauro é a pintura a óleo “Ato de Assinatura da Primeira Constituição”, uma tela do século 19, cuja moldura da parte inferior foi quebrada por extremistas. A outra peça a ser restaurada é um painel de Athos Bulcão avariada com estilhaços de vidro e espuma de extintor de incêndio.
Os valores estimados dos restauros são de R$ 800 mil e R$ 143,6 mil, respectivamente. O trabalho depende da contratação de restauradores especializados, o que está previsto para este ano.
Câmara dos Deputados
Na Câmara, dos 46 presentes protocolares avariados de alguma forma no 8 de janeiro, 38 itens foram tratados e 6 estão em processo de restauro. Um dos presentes, uma bola autografada pelo jogador de futebol Neymar, que havia sido roubada, foi recuperada.
Já a obra “The Pearl” (A Pérola) continua desaparecida. A peça foi um presente do ministro das Relações Exteriores e vice-primeiro-ministro do Estado do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, a Rodrigo Maia, quando era presidente da Câmara dos Deputados.
Planalto
No Planalto, das 13 obras de arte danificadas por manifestantes, apenas 3 foram restauradas:
— Escultura de ferro (de Amilcar de Castro);
— Marquesa em metal e palha (de Anna Maria Niemeyer);
— Mesa-vitrine (de Sérgio Rodrigues).
Outras obras, como a pintura sobre tela “As Mulatas”, de Emiliano Di Cavalcanti, e a escultura de bronze “O Flautista”, de Bruno Giorgi, exigem trabalho de restauro especializado, segundo o Planalto.
Para isso, foi firmado um acordo com o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico), e os trabalhos de restauração têm previsão para iniciarem ainda em janeiro deste ano na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Também está em fase de formalização um acordo para recuperação do relógio histórico Balthasar Martinot Boulle, do século 17, e da caixa de André Boulle.
Segundo o Planalto, ainda não é possível determinar o valor total do prejuízo, visto que os procedimentos de restauração ainda não foram iniciados.
STF
Principal alvo dos vândalos no 8 de janeiro, o STF teve 951 itens furtados, quebrados ou completamente destruídos pelos extremistas. Até o momento, 116 foram restaurados:
• 22 esculturas (entre bustos, estatuetas, o crucifixo do plenário e a estátua “A Justiça”);
• 21 telas e tapeçarias;
• 4 galerias de retratos (Galeria de Ministros, de Presidentes, de Diretores-Gerais e Secretários-Gerais);
• 19 objetos (lustres, brasão da República, vasos);
• 50 itens de mobiliário (cadeiras, mesas, móvel expositor da Constituição, etc.)
Além do acervo restaurado, há três espelhos e nove cadeiras que ainda não tiveram a restauração concluída, segundo o STF, “em razão da necessidade de material específico que está sendo adquirido”.
Há outros 15 itens, entre vasos e mobiliários, passíveis de restauração. Esse acervo, que sofreu avarias mais significativas, está sendo objeto de estudo para definição da técnica mais apropriada e do material necessário. Outros 106 itens históricos de valor imensurável, como esculturas e móveis que não puderam ser restaurados, foram totalmente perdidos e não podem ser repostos.
Exposição em 9 de janeiro
O STF também deve inaugurar, no dia 9 de janeiro, a exposição “Após 8 de janeiro: reconstrução, memória e democracia”, em que serão expostas peças danificadas e fragmentos do prédio decorrente da violência dos extremistas.
noticia por : R7.com