POLÍTICA

Gleisi critica fim do parcelamento sem juros no cartão de crédito: ‘Bancos já lucram horrores’


A deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT, criticou nas redes sociais o eventual fim do parcelamento sem juros em compras com cartão de crédito. “Contem comigo! Estamos juntos na campanha contra a cobrança de juros na compra parcelada do cartão de crédito”, escreveu em uma rede social. Em audiência no Senado no mês passado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fez coro ao movimento e sugeriu uma taxa para compras feitas na modalidade.



A presidente do PT disse ainda que “é um completo absurdo os bancos, que já lucram horrores, quererem meter a faca nos comerciantes e consumidores! Além dos juros serem estratosféricos, ainda cobram taxas, que só enchem o bolso dos bancos”, afirmou. O texto foi compartilhado por ela nesta terça-feira (5).


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“É inviável que os bancos continuem colocando os brasileiros nessa situação insalubre, e ainda usando desculpa de que o parcelamento sem juros que faz a taxa do rotativo do cartão aumentar. Isso não tem o menor cabimento e não vamos aceitar esse abuso dos bancos”, disse.



“Estou com a Abrasel [Associação Brasileira de Bares e Restaurantes] na luta contra a cobrança de juros no parcelamento do cartão de crédito. Não podemos deixar que os varejistas sofram esse golpe, sobretudo os pequenos comércios”, defendeu a presidente do PT.











Discussão








Em meio ao debate sobre o rotativo do cartão de crédito, o governo federal e o Banco Central discutem formas de desestimular as compras parceladas sem juros. Essas operações são consideradas pelas instituições financeiras como a raiz do problema e uma espécie de subsídio cruzado. Na mesa, está a adoção de um modelo de parcelamento que leve em consideração o tipo de bem a ser adquirido e o prazo da operação.


A diferenciação por linha de produto ocorreria da seguinte maneira: um bem durável, como uma geladeira, poderia ser vendido em um número maior de parcelas. Já um semidurável, como uma roupa, seria comercializado com um prazo menor.



Seria uma forma de evitar o que participantes do mercado de cartões chamam de “falta de bom senso” no crédito parcelado sem juros, com produtos de valores relativamente baixos sendo vendidos com várias parcelas.


O prazo da operação teria influência na taxa de juros. O modelo funcionaria como uma “escadinha”, ou seja, quanto maior o número de parcelas, maior o juro pago pelo consumidor. Se o cliente parcelar a compra no cartão em dez vezes, por exemplo, pagará uma determinada taxa. Se o número de parcelas for menor, a taxa cai. Isso se daria dentro da lógica do mercado e da competição entre as instituições financeiras, sem nenhum tipo de tabelamento.


Essas discussões ocorrem em paralelo à provável extinção do crédito rotativo do cartão, que é acionado toda vez que o consumidor paga apenas uma parte da fatura até a data de vencimento. A linha tem juros médios de 437% ao ano e inadimplência de 49%, segundo os dados de junho.


Com o fim desse tipo de financiamento, o cliente inadimplente seria direcionado, automaticamente, a um sistema de parcelamento com taxas mais acessíveis.


Fontes do governo, porém, têm dúvidas em relação aos reais efeitos do fim do rotativo, medida que foi anunciada por Campos Neto. A desconfiança é que a extinção da linha não leve a uma efetiva redução dos juros por parte das instituições financeiras, que perpetuariam o problema.


A questão de fundo, segundo essas pessoas, é o poder de mercado dos grandes bancos, que continuam a dominar o segmento de cartões, apesar do recente aumento da concorrência.


Um arranjo final para essa questão ainda depende de negociações com o varejo, que rejeita, por exemplo, a possibilidade de diferenciação de prazos por tipo de mercadoria. “Existem lojas de construção que vendem eletrodomésticos e itens de decoração. Ou supermercados que vendem linha branca. Não é operacional fazer essa segmentação por linha de produto”, diz Jorge Gonçalves Filho, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV).


Em relação ao parcelamento com juros, que poderia ganhar fôlego nesse novo desenho, a expectativa do comércio é que sejam criadas novas formas de financiamento. “Se vai limitar o parcelado sem juros, precisaremos de um crediário [parcelado com juros] mais agressivo, com taxas menores e prazos maiores”, diz Gonçalves Filho.

noticia por : R7.com

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