O senador Rogério Carvalho (PT-SE) foi escolhido nesta quarta-feira (21) como o relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Braskem. Inicialmente, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) era o favorito para liderar os trabalhos, mas o petista foi considerado uma opção mais neutra para dar continuidade às investigações. A CPI da Braskem foi criada em dezembro do ano passado para investigar os danos ambientais causados pela empresa petroquímica em Maceió (AL).
Logo após a designação, Calheiros criticou a escolha, argumentando que a relatoria teria maior “legitimidade” se fosse assumida por um parlamentar de Alagoas. Em seguida, o senador anunciou sua retirada da investigação. “Não concordarei com os prejuízos para Alagoas. Respeito o Rogério, é dos grandes senadores da Casa, é um amigo, mas não vamos aceitar, porque essa designação é prejudicial aos interesses do nosso estado”, completou.
Calheiros foi o responsável por articular a criação da comissão parlamentar de inquérito, que foi instalada em 13 de dezembro do ano passado, e reivindicava a relatoria da CPI. “Mãos ocultas, mas visíveis, me vetaram na relatoria”, afirmou.
Diante da posição de Calheiros, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), justificou a decisão. “Eu não vou politizar, vou tecnicamente chamar todo mundo para verificar quais foram os erros cometidos”, disse.
Na época da articulação para a criação da CPI, outro senador alagoano, Rodrigo Cunha (Podemos-SE), criticou o envolvimento de Calheiros na instalação do colegiado. Na época, o senador mencionou que, entre os “vícios” na abertura da CPI, estão os fatos de que Calheiros foi presidente da Salgema, antiga Braskem, e que o filho dele e atual ministro dos Transportes, Renan Filho, foi governador de Alagoas entre 2014 e 2022.
De acordo com o requerimento abertura da CPI, o colegiado terá 120 dias para apurar as denúncias.
Danos ambientais da Braskem em Maceió
A extração de sal-gema tem sido realizada desde os anos 1970 nos arredores da Lagoa Mundaú, na capital alagoana. A partir de 2018, os bairros Pinheiro, Mutange e Bom Parto, situados próximos às operações, começaram a enfrentar sérios danos estruturais, incluindo afundamento do solo e formação de crateras em ruas e edifícios.
Mais de 14 mil imóveis foram impactados e considerados inabitáveis, levando à evacuação de cerca de 55 mil pessoas da região. As atividades de extração foram interrompidas em 2019.
Desde então, a cidade permanece em alerta máximo diante do risco iminente de colapso da mina da Braskem, localizada na região do antigo campo. A área foi evacuada, e a orientação é para que a população não transite na região, em virtude do deslocamento do subsolo causado pela extração de sal-gema, substância utilizada na produção de soda cáustica e policloreto de vinila (PVC).
noticia por : R7.com