DO REPÓRTERMT
O uso de opioides vem crescendo no Brasil. Segundo dados de uma pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz, 4,4 milhões de brasileiros já utilizaram opioides sem prescrição médica. Para entender o crescente aumento e poder ofertar tratamento adequado aos seus pacientes, a Unimed Cuiabá promoveu no dia 17 de outubro o Workshop “Uso racional de opioides”.
O evento organizado pelo Comitê Educativo da cooperativa contou com a presença dois renomados especialistas no assunto, os médicos anestesiologistas – Dra. Claudia Palmeira do Instituto Perdizes, Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) e Dr. Hazem Adel que atua como professor associado do Departamento de Anestesiologia, Oncologia e Radiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, professor colaborador do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e supervisor da Equipe de Controle da Dor da Divisão de Anestesia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
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Participaram da abertura do evento o diretor de Recursos Próprios, Dr. Erleno Aquino; a médica anestesiologista, especialista em dor e membro do Conselho de Administração, Dra. Lia Pelloso e a médica pediatra e membro do Comitê Educativo, Dra. Andrea Minossi.
Dra. Lia Pelloso agradeceu a presença dos palestrantes e ressaltou a honra em participar deste momento na cooperativa. “É uma honra participar deste importante evento que mescla aprendizado e análise prática do uso de opioides. Já no levantamento de dados preliminares vislumbramos dados assustadores e por isso achamos importante o evento e, principalmente, a adoção de protocolos mais rígidos nos hospitais”, destacou.
Para Dr. Erleno Aquino o workshop reforça o debate feito com os gestores dos hospitais e que levantou a necessidade de protocolos e ações imediatas. “O uso dos opioides desponta como um problema de saúde pública e como tal é necessária uma atuação multifacetada”.
A médica pediatra Andrea Minossi afirmou que “como operadora de saúde, a Unimed Cuiabá está atuando fortemente, chamando para o diálogo prestadores de serviços, equipe médica, estudantes e sociedade para o enfrentamento uso indiscriminado de fármacos”.
WORKSHOP
O evento contou com duas palestras, onde foram abordados assuntos como “Manejo da dor no paciente” e “Opioides: fatores preditivos para abuso de substâncias e adicção”. Além de trazer relatos e reflexões de vivências com pacientes que são dependentes de opioides.
O primeiro a explanar foi o Dr. Hazem, que trouxe dados técnicos relativos à indicação dos fármacos para tratamento de dores agudas, tempo de uso e os riscos no uso prolongado. “Os opioides são fármacos muito potentes. O problema é que se o uso não for feito de forma adequada acaba levando a problemas tanto agudos, como depressão respiratória, quanto problemas a longo prazo, em que se destaca a dependência e adicção, que é o vício na medicação”.
O especialista reforçou que o aumento na procura se torna mais evidente em hospitais privados. “O paciente já chega, na emergência ou no PA, informando qual a medicação procura. Isso já é um indício de um uso inadequado da medicação que houve no passado e que agora se transformou em um novo problema.”
Na sequência, a Dra. Claudia reforçou que os opioides são fármacos usados para tratar a dor e não vão desaparecer, mas que o uso traz riscos para determinados pacientes. “A dependência do opioide é uma situação grave, ou seja, cria-se uma doença. O paciente que tem dependência de opioide, ele adoece, passa a ter uma doença crônica”, destacou.
Atualmente, a especialista atua no Instituto Perdizes, ligado ao Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), sendo o primeiro serviço integrado de ambulatório e internação do país para pacientes com dependência grave de opioide. “Eu tenho trabalhado com pacientes que têm dor e dependência grave de opioide. Então, recentemente foi criado o Instituto Perdizes, que pertence ao Hospital das Clínicas, e que é o primeiro serviço integrado de ambulatório e internação para pacientes que têm dependência grave e adicção de opioide no Brasil país”.
No Brasil, o uso do fentanil é restrito ao ambiente hospitalar — não é possível comprar a droga na farmácia, diferentemente do que acontece com a codeína e o tramadol, por exemplo.
As classes mais potentes incluem oxicodona, hidrocodona, morfina e fentanil, um opioide 50 vezes mais viciante que a heroína e 100 vezes mais potente que a morfina.
Após as palestras foi aberto para perguntas e interações com os presentes que puderam sanar dúvidas.
O encerramento do workshop foi feito pelo diretor presidente da Unimed Cuiabá, o médico urologista Dr. Carlos Bouret enalteceu a importância do debate e do aprofundamento do saber na temática dos opioides, dado o cenário atual. “Agradeço a presença da Dra. Claudia e do Dr. Hazem que compartilharam de forma brilhante as informações sobre os opioides. Demos início aos trabalhos de elaboração de protocolos para o uso dos fármacos em nossas unidades, contamos com o auxílio de vocês nesta importante ação para que possamos levar mais segurança aos nossos pacientes”, finalizou.
FONTE : ReporterMT