Reprodução
Douglas Amorim é psicólogo (CRP 18/01648), escritor, palestrante e comunicador digital em @umpsicologoemcuiaba
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Douglas Amorim é psicólogo (CRP 18/01648), escritor, palestrante e comunicador digital em @umpsicologoemcuiaba
Mike decidiu em setembro que o suicídio seria a única saída para sua dor. No bilhete encontrado ao lado de seu corpo havia um recado direto a seus pais, “Não se culpem, mamãe e papai, eu amo vocês. Com amor Mike 11h45 pm”
Setembro é o mês escolhido para falarmos sobre a prevenção de suicídios. A data foi escolhida pela Associação internacional para prevenção de suicídios e endossada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Inspirada na história do jovem americano Mike Emme que em 1994 aos 17 anos cometeu suicídio. Mike tinha um carro amarelo e no dia de seu velório, pais e amigos distribuíram fitas amarelas e cartões com frases motivacionais para incentivar busca por tratamento e ajuda para pessoas que pudessem estar enfrentando transtornos emocionais ou mentais.
Hoje o suicídio é a segunda maior causa de morte no mundo, perdendo apenas para acidentes de trânsito. E falar sobre isso é de suma importância para trazermos no campo do debate, das boas ideias, as possibilidades de tratamento que existem e funcionam para isso.
De acordo com a OMS, mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio anualmente no mundo. No Brasil são em média 14 mil suicídios por ano, ou seja, cerca de 38 pessoas tiram a própria vida por dia no país.
Pensar em morte é algo da própria vida. Pensar na morte como uma saída quando deparamos com situações, confusões emocionais e crises é algo que todo mundo já passou e irá passar muitas vezes.
A questão se torna um problema quando se passa a pensar em maneiras de fazer isso. Quando começa a pesquisar e comunicar as pessoas sobre isso. Aí que o alerta precisa ser levado a sério e a busca por ajuda acontecer.
Nem todas as pessoas que cometem suicídio estão em depressão, é um mito que precisa ser quebrado. Todavia é importante se atentar aos sinais que apontam a morte como única saída.
A busca por tratamento e a desmistificação do tema precisa estar equiparada a tantos outros temas de saúde pública. Deve-se estar no mesmo patamar que uma campanha, por exemplo, de combate e prevenção a dengue. Tratar como um tabu, como algo feio, um assunto evitável só isola pessoas às suas próprias ideações suicidas.
Setembro amarelo existe para falarmos, para normalizarmos o assunto. Mas principalmente para indicar caminhos de tratamento.
Se Mike fosse alcançado por uma campanha como essa, talvez ao invés de um bilhete de despedida, teria escrito um livro, e estaria fazendo palestras contando como sobreviveu a uma ideação suicida.
Douglas Amorim é psicólogo (CRP 18/01648), escritor, palestrante e comunicador digital em @umpsicologoemcuiaba
FONTE : ReporterMT