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Com propostas não atendidas pelo governo federal, os professores acreditam que não dá para “nadar e morrer na praia”
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Com propostas não atendidas pelo governo federal, os professores acreditam que não dá para “nadar e morrer na praia”
DO REPÓRTER MT
Após assembleia geral realizada na manhã desta sexta-feira (21), a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat) votou pela rejeição à proposta de acordo enviada pelo Governo Federal, por meio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e decidiu manter a greve na UFMT. A decisão foi enviada ao Comando Nacional de Greve (CNG) do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes).
Com relação à negociação com o governo, o professor Aldi Nestor de Souza, membro do Comando Local de Greve na UFMT, explicou que a categoria trabalha com três eixos: questão salarial, questão orçamentária e questões não financeiras. Nesse ponto, a pauta salarial não teve nenhuma alteração, a proposta continua sendo zero em 2024, 9% em 2025 e 3,5% em 2026. Isso, na avaliação do docente, achata o salário da carreira e não traz nenhuma novidade sobre o montante reivindicado pelos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
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Para o professor Paulo Wescley, a negociação não avançou. “Essa é uma farsa que precisa ser desfeita. A gente foi tão apequenado enquanto categoria, que a impressão que eu tenho é que só o fato de o Governo ter recebido o Andes-SN causou um alvoroço inexplicável”, avaliou.
Aldi Nestor, em nova intervenção, defendeu que o debate precisa considerar o futuro dos estudantes, tendo como exemplo o fato do número de bolsas integrais de estudos oferecidas pelo Governo em universidades privadas girar em torno de 400 mil, enquanto para o ensino público não ultrapassam 264 mil. “A greve precisa refletir sobre essa questão do orçamento não permitir que os estudantes das universidades públicas continuem estudando. Se a gente não fizer isso, vai parecer que estamos concordando com a escolha do Governo de optar pelo ensino privado. É um erro grotesco o Andes e o CNG induzirem as bases a pensarem em sair da greve neste momento”, pontuou.
Para a professora Vanessa Furtado, seria lamentável para a categoria sair da greve neste momento. “O Orçamento do PAC anunciado pelo Governo não será para todas universidades, somente para aquelas que solicitarem e tiverem seus pedidos deferidos. O PAC é enganoso, feito para empreiteiras construírem prédios nas universidades, não para a gente comprar material e tudo o que a gente precisa para as aulas. Esse PAC vai promover o aumento das Parcerias Público-privadas e verba parlamentar dentro das instituições, e isso influenciará também na autonomia das pesquisas”, alertou.
O professor José Domingues de Godoi Filho foi ainda mais fundo; segundo ele, nem o PAC está garantido, porque teria de entrar no Plano Plurianual (PPA), elaborado no primeiro ano de governo para ser implementado nos quatro anos seguintes. O PPA do atual governo foi enviado ao Congresso em agosto de 2023.
A professora Andreia Ferraz destacou que não houve avanço nas questões salarial, orçamentária e também na inclusão dos docentes aposentados nos benefícios.
Para a professora Patrícia Félix, é preciso ter ciência de que o Governo não prioriza a Educação, por isso não avança. “Toda a atuação deste Governo é resultado de um projeto neoliberal de Educação. Se continuar assim, se a nossa greve não barrar isso, o que a gente pode visualizar à frente é aumento na precarização laboral, cada vez mais falta de recursos para o funcionamento da universidade, para a assistência estudantil e, consequentemente, mais evasão”, finalizou.
O docente Reinaldo Mota resumiu o sentimento praticamente geral da assembleia. “Diante de tanta luta, nadamos, nadamos, nadamos e não vamos morrer na praia. Não dá para desistir no meio do caminho. É hora de continuar. É hora de rebeldia. A greve continua, companheiros. A vitória está ali pertinho”, agitou o professor.
FONTE : ReporterMT