Da Redação – O Livre
Preso por 82 dias com os condenados mais perigosos do Estado por um crime que não cometeu. Assim foi o Natal e o Ano Novo do técnico de som e iluminação Leandro Leite Silva, 35 anos. Ele retomou a liberdade e teve parte da injustiça corrigida após a Defensoria Pública de Mato Grosso provar que o autor do crime pelo qual Silva foi preso usou a sua identidade para responder a um processo por tráfico, formação de quadrilha e porte ilegal de arma.
O drama de Silva e sua família começou no dia 26 de outubro de 2020, quando policiais chegaram em sua casa, no Bairro Três Barras, em Cuiabá, para cumprir o mandado de prisão em seu nome. A pena estabelecida era de 14 anos, em regime fechado.
A esposa de Silva, Rosane Rodrigues, conta que dava banho no filho de três anos, quando ouviu alguém gritar para que ela fosse para a sala.
“Eu cheguei na sala, ainda de toalha, e ele já estava no carro, algemado. Um dos homens disse que estavam levando ele para a Polinter e que era para eu ir para lá, com advogado. Em momento algum nos disseram porquê ele estava sendo preso”.
Rosane lembra que um colega de trabalho do esposo encontrou um advogado que prometeu que resolveria a situação. Porém, ela afirma que, sem dinheiro, o advogado não fez nada por seu esposo.
“Eu era dona de casa, cuidava do meu filho e ele trabalhava de tarde e de noite, com eventos, iluminação de festas, shows. Tive que arranjar um trabalho, cuidar de tudo sozinha e só em janeiro vi que nada foi feito e procurei a Defensoria Pública”.
O defensor público que atua no Núcleo de Execução Penal de Cuiabá, com presos da Penitenciária Central do Estado (PCE), José Carlos Evangelista Santos, informa que ouviu a história de Rosane e com auxílio de estagiários e servidores, foi atrás do processo, que correu na 5ª Vara Criminal de Rondonópolis.
“Com base na história que ela contou, de que o marido nunca tinha sido preso, não respondia por crimes e que era um trabalhador, analisamos todo o processo e solicitamos imagens das audiências na Justiça, em Rondonópolis. Quando as imagens chegaram, vimos que Silva não era a pessoa que respondeu ao processo”.
José Carlos Evangelista identificou, com base em informações de Silva, que o preso que respondeu ao processo era Renan Briner dos Anjos, que respondia por roubos, tráfico e por ostentar em mídias sociais grande volume de dinheiro e armas. Anjos morreu em 2014, num confronto armado com a polícia.
Ainda segundo Silva, Anjos foi namorado de uma de suas primas e tinha acesso à casa de sua mãe, onde ele acredita, possa ter pego o seu nome completo, de seus pais e o número de seu registro geral (RG), dados que foram usados quando foi preso em Rondonópolis.