Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Carlos Fávaro saiu em defesa de Neri Geller.
APARECIDO CARMO
DO REPÓRTERMT
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD), confirmou nesse sábado (29), que participou da elaboração do edital da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o leilão para importação de arroz. Disse ainda que Neri Geller (PP), demitido por supostas irregularidades na condução do certame, não fez nada de errado e pode voltar em breve para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Conforme Fávaro, a demissão de Neri foi necessária para demonstrar que o governo está preocupado com a transparência na gestão dos recursos públicos. Ele comparou o caso com um episódio em que o ministro da Casa Civil do presidente Itamar Franco, Henrique Hargreaves, foi afastado do cargo, em 1994, por uma denúncia de corrupção, mas que voltou ao cargo 120 dias depois de provar inocência.
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“Nós somos amigos há 40 anos. O Neri não fez nada de errado. ‘Ah, então porque demitiu?’ Veja bem, a gente tem que ter com a coisa pública um trato com total transparência. Eu falei isso muito para ele. Falei: ‘Neri, não é nenhum tipo de julgamento’”, disse Fávaro em conversa com a imprensa nesse sábado (29).
“Ele tem todas as qualidades para voltar e para fazer parte do governo do presidente Lula”, acrescentou.
O leilão do arroz foi anulado depois que a imprensa mostrou que nenhuma das quatro empresas vencedoras tinha experiência no mercado arrozeiro. Além disso, três delas eram representadas por uma empresa de Robson Luiz de Almeida França, ex-assessor de Neri Geller e sócio do filho dele, Marcelo Piccini Geller, na empresa GF Business, criada em agosto de 2023 e voltada para o agronegócio.
Em conversa com a imprensa, o presidente Lula disse que o leilão foi anulado por conta de falcatrua no processo licitatório.
Na semana passada, em entrevista para o jornal O Globo, o ex-diretor executivo responsável pelos leilões da Conab, Thiago José dos Santos, que também foi exonerado do cargo por conta do escândalo, disse que sua demissão foi injusta porque ele apenas fez o que o ministro Fávaro mandou fazer.
Fávaro disse que fez sugestões para o leilão e que todas elas foram acatadas. Conforme o ministro, partiu dele a ideia de fixar o valor de pagamento do arroz em R$ 5 por quilo, mesmo quando os técnicos da Conab indicavam valor maior. Fávaro disse que também foi ideia sua padronizar a embalagem do arroz importado em 5kg, bem como dar o prazo de 90 dias para que o produto fosse trazido ao país. Para o ministro, suas sugestões ajudaram o país a economizar dinheiro público.
“Todas as sugestões que eu fiz a ele durante o processo, apesar de não ser minha atribuição legal fazer o edital, mas todas as que ele [Thiago dos Santos] narrou inclusive na entrevista eu as reafirmo”, disse Fávaro.
“Todas as declarações foram legítimas, verdadeiras e eu me orgulho de ter feito isso, como sugestão, porque eu prezei pelo bom uso do dinheiro público”, destacou.
FONTE : ReporterMT