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Dra. Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra, docente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do HUJM e especialista em endometriose e infertilidade no Instituto Eladium, em Cuiabá (MT).
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Dra. Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra, docente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do HUJM e especialista em endometriose e infertilidade no Instituto Eladium, em Cuiabá (MT).
GIOVANA FORTUNATO
O início da puberdade traz grandes mudanças na vida das adolescentes. As mudanças hormonais promovem o amadurecimento dos órgãos sexuais, levando à primeira menstruação.
Nessa hora, é muito importante o papel dos pais, pois uma conversa sobre menstruação e sexualidade se faz necessária, e é de grande relevância para a saúde das adolescentes.
Com o início da menstruação, podem surgir as cólicas, que, apesar de considerada pela maioria das mulheres como algo normal, pode ser um forte sinal de endometriose na adolescência.
A endometriose é a presença do tecido endometrial fora do útero. A camada mais interna do útero chamada endométrio é eliminada mensalmente, mas o retorno de uma pequena quantidade de sangue pelas trompas é algo muito comum e acontece em quase todas as mulheres.
Nas mulheres com predisposição para endometriose, o endométrio pode se instalar em outros órgãos, como o peritônio, tubas, ovário, intestino e bexiga, determinando a endometriose.
A endometriose na adolescência é uma doença que acomete de 25% a 38% das jovens com relato de dor pélvica crônica, causando grandes impactos à qualidade de vida destas pacientes.
É comum as adolescentes escutarem de suas mães, amigas e até dos médicos, que ter cólica durante o período menstrual é normal. A falta de informação, somado ao fato de uma crença equivocada em que cólica menstrual é algo normal, faz com que muitas adolescentes sofram caladas por muitos anos, determinando prejuízos escolares, sociais, físicos e psíquicos.
Estudos relatam que a endometriose na adolescência pode demorar cerca de 8 a 12 anos para ser diagnosticada.
Estudos revelam também que cerca de 50% a 70% das meninas que sofrem com cólica intensa e que não apresentam melhora dos sintomas após uso de anti-inflamatórios, são diagnosticadas com endometriose.
Os sintomas da endometriose na adolescência são:
_ Cólica menstrual; podendo ser fora do período menstrual também
– Alterações intestinais durante o período menstrual;
– Alterações urinárias durante a menstruação;
– Dor durante as relações sexuais;
– Distensão abdominal.
Os exames para pesquisa de endometriose na adolescência irão incluir a ultrassonografia pélvica/ transvaginal com preparo intestinal nas pacientes que já tiveram relações sexuais e nas que não tiveram relações sexuais poderá ser realizada a ressonância magnética (exame de escolha para adolescentes virgens).
O tratamento da endometriose na adolescência deve levar em consideração a intensidade dos sintomas, a localização e grau de estadiamento, satisfação e opinião da adolescente com o tratamento escolhido, inclusive durante o acompanhamento.
Os tratamentos da endometriose na adolescência podem ser:
* Terapêutica hormonal;
* Cirurgia em casos específicos
* Tratamento complementares;
* Remédios para a dor;
* Combinação dos tratamentos acima.
O objetivo do tratamento hormonal para endometriose na adolescência é o controle dos sintomas e diminuir a progressão da doença. É importante repensar o planejamento terapêutico em algumas adolescentes quando os sintomas não estão bem controlados ou quando a endometriose está aumentando, apesar do tratamento.
Deve-se conscientizar a adolescente que o tratamento hormonal para endometriose é de longo prazo, mesmo que as meninas apresentarem melhora dos sintomas, pois, uma vez que a doença não foi curada, somente os sintomas foram controlados, quando ocorre a interrupção do uso do medicamento, os sintomas habitualmente retornam.
As adolescentes e seus pais devem estar bem informados, pois quanto antes for realizado o diagnóstico, maiores serão as chances de se evitar complicações no futuro. Por isso é importante ressaltar que o diagnóstico precoce da endometriose na adolescência, é o caminho para garantir a qualidade de vida dessas meninas e preservar sua fertilidade. A dor deve ser sempre combatida, pois quando não tratada adequadamente, pode sensibilizar o sistema nervoso central, determinando quadros dor crônica, mesmo depois da retirada cirúrgica de toda a doença.
O tratamento para a endometriose na adolescência, passa pela explicação da doença com linguagem acessível, terapêutica individualizada e orientações para melhora da qualidade de vida.
A cirurgia para endometriose quase nunca é necessária nesse momento da vida, mas quando indicada, deve ser realizada por cirurgia minimamente invasiva e por um especialista. Os familiares também desempenham papel importante no diagnóstico e tratamento da endometriose na adolescência. É importante ter empatia e escutar as queixas da paciente que podem levantar a suspeita da doença.
Dra. Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra, docente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do HUJM e especialista em endometriose e infertilidade no Instituto Eladium, em Cuiabá (MT).
FONTE : ReporterMT