Voltou a circular nas redes sociais um boato antigo dizendo que Miriam Leitão teria sido acusada de realizar assaltos com arma de calibre 38 em agências bancárias. Porém, não há registros de denúncias do crime contra a jornalista. Ela foi presa durante a ditadura militar, em 1972, quando tinha 19 anos, por razões políticas.
Segundo o registro do Ministério Público Militar, disponibilizado pelo Ministério Público Federal no projeto “Brasil: Nunca Mais”, a acusação contra Miriam foi por “agrupamento prejudicial à segurança nacional e propaganda subversiva”. A jornalista era militante do PCdoB, que atuava de maneira clandestina no país na época. Ela foi julgada e absolvida pelas denúncias em agosto de 1974.
Diferentemente do que diz a publicação verificada pelo Comprova, a absolvição aconteceu cinco anos antes da promulgação da Lei da Anistia, sancionada em 1979, que concedeu perdão aos acusados de crimes políticos na ditadura.
O boato é compartilhado há anos nas redes sociais e tem origem em uma alegação falsa de que a jornalista teria assaltado o banco Banespa, na cidade de São Paulo, em 1968. Porém, Miriam tinha 15 anos na época e morava em Caratinga, sua cidade natal, no interior de Minas Gerais.
Em entrevista ao jornal O Globo em 2014, Miriam contou que foi presa por militares em Vitória, no Espírito Santo, a caminho da praia. Ela relatou que foi torturada grávida, espancada, ameaçada de estupro e deixada sozinha, nua, em uma sala com uma jiboia. A foto usada na publicação falsa foi publicada no livro “Em Nome dos Pais”, de Matheus Leitão, filho da jornalista, sobre a história da mãe na prisão. O codinome “Amélia” era usado por Miriam na militância pelo PCdoB.
A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) publicou, em 2018, uma nota de repúdio às mentiras publicadas contra a jornalista.
Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.
Por que investigamos?
O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984. Sugestões e dúvidas relacionadas a conteúdos duvidosos também podem ser enviadas para a Folha pelo WhatsApp 11 99581-6340 ou pelo email folha.informacoes@grupofolha.com.br.
Leia a verificação completa no site do Comprova.
A investigação desse conteúdo foi feita por Alma Preta e Estadão e publicada em 7 de março de 2025 pelo Comprova, coalizão que reúne 42 veículos na checagem de conteúdos virais. Foi verificada por Folha, Correio Brasiliense e Tribuna do Norte.
noticia por : UOL