O ranking de países com mais vitórias no Oscar confirmou aquilo que muita gente já desconfiava. Nações da América do Norte e da Europa foram melhor representadas nas principais categorias da premiação do que qualquer outra região do mundo.
Por óbvio, os Estados Unidos, berço do Oscar, é o grande campeão, com 537 vitórias. Em seguida, aparecem Reino Unido (132), França (57), Itália (31) e Alemanha (18). A análise levou em conta as nove categorias mais prestigiadas da cerimônia —melhor filme, filme internacional, diretor, ator e atriz, além dos coadjuvantes, roteiro original e adaptado. O levantamento inclui dados das 97 edições do Oscar, cerimônia que começou a ser realizada em 1929.
Os países que mais receberam prêmios foram também os mais indicados. Ao longo de nove décadas, filmes e profissionais americanos acumularam 2.746 indicações. A título de comparação, a Coreia do Sul foi indicada apenas oito vezes nesse período.
O país asiático realizou um feito histórico em 2020, quando “Parasita” venceu em quatro categorias, incluindo a de melhor filme e melhor diretor para Bong Joon-ho. Foi a primeira vez que um longa de língua estrangeira venceu a maior categoria da noite.
A vitória é um dos resultados das políticas de incentivo à diversidade postas em prática desde 2016 pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, responsável pela premiação.
Uma das medidas foi o aumento no número de votantes para incluir pessoas de fora dos Estados Unidos e da Europa. Especialistas consideram que a presença de “Ainda Estou Aqui” entre os indicados a melhor filme é consequência desse processo de internacionalização.
Com oito vitórias e 36 indicações, o país latino-americano mais bem colocado no ranking é o México, considerado um importante polo cinematográfico. Alguns dos diretores mais celebrados de Hollywood são mexicanos, como Alejandro González Iñarritu, Guillermo del Toro e Alfonso Cuarón. Todos os três, inclusive, já faturaram estatuetas.
Cuarón, por exemplo, garantiu o troféu de melhor diretor em 2019, com “Roma”. O filme acompanha a rotina de uma empregada doméstica em um bairro de classe média na Cidade do México. Ao todo, o longa foi indicado em dez categorias e levou três estatuetas, incluindo a de filme internacional.
Na análise por continentes, as regiões com o menor número de países vitoriosos são África e América Central, ambas empatadas com quatro vitórias. Por sua vez, a América do Sul venceu cinco vezes. O primeiro país sul-americano a ter um Oscar foi a Argentina, em 1986, quando o longa “A História Oficial” venceu em melhor filme internacional.
A exemplo de “Ainda Estou Aqui”, essa obra mostra uma família que se desestruturou em razão da ditadura militar. A produção foi indicada ainda a melhor roteiro original, mas perdeu para “A Testemunha”, estrelado por Harrison Ford.
Em 2010, a Argentina quebrou o jejum de mais de duas décadas sem vitória para um país sul-americano. À época, “O Segredo de Seus Olhos” venceu em melhor filme internacional. Oito anos depois, o Chile repetiu o feito com “Uma Mulher Fantástica”.
O Brasil nunca levou propriamente a estatueta, apesar de ter coproduzido filmes que venceram o Oscar. É o caso de “Orfeu Negro”, de 1959 —que deu o prêmio de melhor filme estrangeiro à França, embora seja todo em português.
Situação parecida aconteceu com “O Beijo da Mulher Aranha”, de 1985 —dirigido por Héctor Babenco, todo falado em inglês, com o prêmio de melhor ator para William Hurt— e “Me Chame pelo seu Nome”, de 2017 —vencedor do melhor roteiro adaptado, com o prêmio indo para o americano James Ivory, roteirista que adaptou o livro de André Aciman.
Já no recorte por filme internacional, as primeiras posições são dominadas por países europeus. França lidera as vitórias (35), seguida por Itália (18), Alemanha (11), Reino Unido (7) e Espanha (7).
A análise da Folha mostrou também que os atores com mais troféus são todos americanos. Na categoria de melhor ator, Daniel Day-Lewis ganhou seis prêmios, enquanto Walter Brennan foi quem ganhou mais estatuetas como ator coadjuvante.
Entre as mulheres, Katharine Hepburn é a campeã de indicações em melhor atriz, com quatro troféus. Já na categoria de atriz coadjuvante, Dianne Wiest e Shelley Winters dividem o primeiro lugar, com duas estatuetas.
noticia por : UOL