Maior ou menor, qualquer que seja o tamanho da adesão ao ato convocado para o próximo dia 25 por Jair Bolsonaro, a foto estará garantida. Basta que se reduza ou se amplie o foco da lente, lá será visto um amontoado de pessoas prestando apoio ao ex-presidente.
Perfeito para efeito de postagens e reportagens. Mas e daí? É a pergunta que se impõe. Isso partindo-se do pressuposto de que a manifestação será mantida, se daqui até lá os fatos e/ou as contas de chegar sobre custos e benefícios não aconselharem a um recuo.
Seria um alívio para políticos que já confirmaram presença apenas porque não poderiam recusar de pronto o convite sem sinalizar oneroso rompimento. Caso do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), quando lhe apresentaram a saia justa para vestir e de outros que ainda hesitam em aderir.
Se confirmado o ato, voltamos à questão da fotografia e sua serventia ante a grave materialidade dos enroscos legais enfrentados por Bolsonaro. Ele constrangerá meia dúzia de aliados de projeção, reunirá sabe-se lá quantos apoiadores (vamos que sejam milhares) na avenida Paulista, dormirá feliz naquele domingo, mas na segunda-feira acordará ainda enredado na teia de investigações.
Valente quando no exercício da Presidência, na posse da estrutura e da imunidade temporária inerentes ao cargo, subia em carros de som para distribuir ofensas a pessoas e pregar contra as instituições. Agora acuado, pede que não se fale mal de ninguém, que não se faça nada além de lhe prestar solidariedade e reverência.
É o último refúgio. Nem diria recurso, porque não é crível que o ministro Alexandre de Moraes e a Polícia Federal se deixem emocionar ou intimidar, seja qual for a quantidade de gente disposta a protestar contra uma alegada “perseguição política”.
O único efeito concreto que o ex-presidente pode obter é piorar sua situação se não resistir à tentação de dar tiros no pé.
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noticia por : UOL