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Ucrânia fecha acordo sobre exploração de minerais com governo dos Estados Unidos

Kiev acertou os termos com Washington em um acordo sobre minerais que as autoridades ucranianas esperam que melhore as relações com o governo de Donald Trump e abra caminho para um compromisso dos Estados Unidos de segurança de longo prazo.

Autoridades ucranianas afirmam que Kiev está pronta para assinar o acordo sobre o desenvolvimento conjunto de seus recursos minerais, incluindo petróleo e gás, depois que os EUA abandonaram as exigências de direito a US$ 500 bilhões em receita potencial proveniente da exploração dos recursos.

Embora o texto não contenha garantias de segurança explícitas, as autoridades argumentaram que haviam negociado termos muito mais favoráveis e descreveram o acordo como uma forma de ampliar o relacionamento com os EUA para reforçar as perspectivas da Ucrânia após três anos de guerra.

“O acordo sobre minerais é apenas parte do quadro. Ouvimos várias vezes do governo dos EUA que ele faz parte de um quadro maior“, disse Olha Stefanichina, vice-primeira-ministra e ministra da Justiça da Ucrânia, que liderou as negociações, ao Financial Times nesta terça-feira (25).

Os termos altamente onerosos da minuta original —que o presidente Donald Trump apresentou como uma forma de a Ucrânia pagar aos EUA pela ajuda militar e financeira desde a invasão em grande escala da Rússia em 2022— provocaram indignação em Kiev e em outras capitais europeias.

Depois que o presidente Volodimir Zelenski rejeitou o texto inicial na semana passada, Trump o chamou de ditador e pareceu culpar a Ucrânia por iniciar a guerra.

A versão final do acordo, datada de 24 de fevereiro e vista pelo jornal Financial Times, estabeleceria um fundo para o qual a Ucrânia contribuiria com 50% dos rendimentos da “futura monetização” de recursos minerais estatais, incluindo petróleo e gás, e logística associada. O fundo investiria em projetos na Ucrânia.

Ele exclui os recursos minerais que já contribuem para os cofres do governo ucraniano, o que significa que não cobriria as atividades existentes da Naftogaz ou da Ukrnafta, os maiores produtores de gás e petróleo da Ucrânia.

No entanto, o acordo omite qualquer referência às garantias de segurança dos EUA, que Kiev havia insistido originalmente como contrapartida para concordar com o acordo. Ele também deixa questões cruciais, como o tamanho da participação dos EUA no fundo e os termos dos acordos de “propriedade conjunta”, para serem resolvidos em acordos posteriores.

Depois de três anos em que os EUA foram o principal doador de ajuda militar de Kiev, Trump reverteu a política de Washington abrindo conversações bilaterais com a Rússia, sem nenhum aliado europeu ou a Ucrânia na mesa.

Autoridades ucranianas disseram que o acordo foi aprovado pelos ministros da Justiça, da Economia e das Relações Exteriores, e mantiveram a perspectiva de Zelenski viajar para a Casa Branca nas próximas semanas para uma cerimônia de assinatura com Trump. Segundo uma das autoridades americanas, essa será uma chance para o presidente discutir o panorama geral e, depois disso, pensar nos próximos passos.

A proposta inicial abrangente do governo Trump previa um fundo de investimento para a reconstrução no qual os EUA “manteriam 100% de participação financeira”. A Ucrânia contribuiria com 50% das receitas do fundo provenientes da extração de recursos minerais, incluindo petróleo e gás e infraestrutura associada, até um máximo de US$ 500 bilhões. Esses termos, descritos como inaceitáveis pelas autoridades ucranianas, foram retirados da minuta final.

O mandato para que o fundo invista na Ucrânia é uma mudança adicional que Kiev havia solicitado. O documento afirma que os EUA apoiarão o desenvolvimento econômico da Ucrânia no futuro.

As autoridades ucranianas acrescentaram que o acordo era apenas preliminar e que nenhuma receita mudaria de mãos até que o fundo estivesse em vigor, o que lhes daria tempo para resolver quaisquer possíveis desentendimentos. Entre as questões pendentes está a jurisdição do acordo.

O governo de Zelenski também terá que buscar a aprovação do Parlamento ucraniano, onde a oposição sinalizou que, no mínimo, terão um debate acalorado antes de ratificar tal acordo.

Karoline Leavitt, secretária de Imprensa da Casa Branca, disse a jornalistas nesta terça que era “fundamental que esse acordo fosse assinado”, embora ela não tenha fornecido uma atualização sobre as negociações.

noticia por : UOL

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