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Trump se cerca de políticos e bilionários leais para avançar com agenda agressiva desde 1º dia

Mordiscando caranguejos, sushis e biscoitos de açúcar, algumas das pessoas mais ricas e em breve mais poderosas do mundo aguardavam os resultados das eleições na noite de terça-feira (5) em Mar-a-Lago, a fortaleza dourada de Donald Trump à beira-mar.

Em uma das mesas, Trump estava sentado com Elon Musk, o executivo bilionário de tecnologia, e Dana White, CEO do UFC.

Horas antes de o resultado final ser estabelecido, Musk decidiu anunciar o vencedor. “Game, set and match”, escreveu ele na plataforma X para seus 200 milhões de seguidores. A expressão é usada em partidas de tênis para indicar o fim do jogo.

No dia seguinte, depois de confirmado que o republicano havia derrotado Kamala Harris, Trump e Musk jantaram juntos no terraço do resort.

“Novus Ordo Seclorum”, escreveu Musk na mesma rede, frase em latim que significa “nasce uma nova era”. Em meio às paisagens radiantes em Mar-a-Lago haviam muitos sinais sobre como um segundo mandato de Trump poderá ser diferente do primeiro —e quão diferente será seu novo círculo interno.

O republicano de 78 anos parece que está sendo mais influenciado por doadores e aliados bilionários em relação ao primeiro mandato na Presidência. Ele também está mais disposto a abraçar a ideologia da nova direita americana, politicamente ascendente. E mais determinado a avançar com sua agenda agressiva desde o primeiro dia no cargo.

Há oito anos Trump foi forçado a depender do establishment republicano: desta vez, as pessoas que recebem sua atenção são em grande parte leais ao movimento Maga (sigla em inglês para “faça a América grandiosa novamente”, slogan do presidente eleito), incluindo o vice-presidente eleito, J.D. Vance seu filho mais velho, Don Jr., e aliados ricos que pleiteiam cargos importantes no governo.

Na quinta (7), Trump fez seu primeiro grande anúncio relacionado à equipe, escolhendo Susie Wiles, sua principal estrategista de campanha, para ser a próxima chefe de gabinete da Casa Branca.

Foi o primeiro de uma série de anúncios que são esperados para os próximos dias e que revelarão a equipe de Trump enquanto ele se prepara para voltar à Casa Branca, em 20 de janeiro.

O objetivo de Trump será implementar rapidamente políticas que vão desde a deportação em massa de imigrantes em situação irregular até cortes de impostos e tarifas gerais sobre importações, que ele prometeu durante a campanha.

Nesta fase em 2016, após derrotar Hillary Clinton, muitos no entorno de Trump eram novatos políticos que não estavam preparados para a tarefa de construir um novo governo. O republicano recorreu ao então vice-presidente eleito, Mike Pence, ex-governador e membro do Congresso com raízes profundas no Partido Republicano, para comandar sua operação de transição.

Ele também escolheu Reince Priebus para ser seu chefe de gabinete, Steven Mnuchin para o cargo de secretário do Tesouro e Rex Tillerson para secretário de Estado —todos figuras aceitáveis para grupos empresariais tradicionais e para o aparato de segurança nacional, mas que ele não conhecia tão bem.

Trump se arrependeu dessas escolhas por restringirem a agenda populista que ele realmente queria seguir e tem se esforçado para evitar repetir esse cenário.

“Foi uma bagunça. Ninguém esperava que Trump ganhasse”, diz John Feehery, ex-assessor do Congresso republicano agora na EFB Advocacy, uma consultoria, sobre o pós-eleição de 2016.

Não é incomum que chefes executivos e líderes empresariais tenham acesso próximo a políticos, principalmente durante uma campanha, mas a proximidade de Musk com Trump tem sido notável.

Musk endossou Trump de forma pública, financiou um comitê de ação política que gastou US$ 172 milhões (R$ 991 milhões) na eleição de 2024, entrevistou o republicano no X e fez campanha no estado crucial da Pensilvânia, que acabou vencido por Trump.

Em troca, o presidente eleito disse que nomeará o dono da Tesla e da SpaceX para uma comissão que revogará regulamentações e cortará drasticamente os gastos do governo.

“Ele realmente ajudou Trump a ser eleito. Ele sujou as mãos e fez acontecer”, diz Feehery. “O nível de seu trabalho lhe dá toneladas de lealdade de Trump.”

A aliança traz grandes riscos em termos de potenciais conflitos de interesse, que aliados de Trump negam, bem como possíveis discordâncias sobre políticas. Mas, por enquanto, parece que está beneficiando os dois.

Há outros executivos de alto escalão na nova órbita de Trump. Dois bilionários estão liderando sua equipe de transição. Um deles é Howard Lutnick, chefe da empresa Cantor Fitzgerald, que atua com serviços financeiros e que perdeu centenas de funcionários no ataque de 11 de setembro ao World Trade Center. Lutnick é um velho amigo de Trump e chegou a aparecer no reality show “O Aprendiz”.

O programa de políticas de transição está sendo liderado por Linda McMahon, ex-chefe executiva da World Wrestling Entertainment, que também preside o America First Policy Institute, um think-tank que tem tentado desenvolver uma agenda para apoiar as ideias de Trump.

Ambos são considerados possíveis escolhas para o gabinete de Trump —Lutnick para o tesouro, e McMahon para o comércio— após assinarem cheques de vários milhões de dólares para a campanha.

Mas outros bilionários também estão se posicionando: os gestores de fundos John Paulson e Scott Bessent, que estavam em Palm Beach usando um broche pró-Trump no paletó, também estão na disputa pelo Tesouro.

A família Trump continuará influente na nova administração, mas desta vez com um sabor mais Maga. Em 2016, a filha de Trump, Ivanka, e seu marido Jared Kushner assumiram posições de destaque na Casa Branca.

Kushner, que era democrata quando mais jovem, era considerado por alguns líderes estrangeiros como uma das pessoas mais pragmáticas para lidar em meio ao caos do primeiro mandato de Trump. Mas Ivanka e Kushner não são esperados para se juntar à nova administração.

O membro da família mais influente este ano foi Donald Trump Jr., o filho mais velho, de 46 anos. Ele desempenhou um papel importante ao persuadir seu pai a apoiar Vance, o senador de Ohio, para ser seu companheiro de chapa, e pressionou Trump a se envolver mais com podcasts populares entre os jovens.

Trump Jr. também ajudou a construir o relacionamento da campanha com Robert F. Kennedy Jr —o herdeiro da família mais famosa dos democratas que lançou candidatura independente à Presidência, antes de apoiar Trump.

Trump Jr. nem sempre pareceu ser o favorito de seu pai. Mas, mais do que qualquer outro membro da família, ele tem sido um defensor da nova direita, inclusive em seu próprio podcast.

Embora pareça ter pouco apetite para assumir uma posição formal na administração, ele pretende desempenhar um papel importante na transição, fiscalizando as nomeações potenciais.

“Agora sabemos quem são os verdadeiros jogadores, as pessoas que realmente vão cumprir a mensagem do presidente, as pessoas que não acham que sabem mais do que o presidente eleito dos Estados Unidos“, disse ele ao Fox and Friends. “Quero garantir que essas pessoas estejam nesta administração.”

Vance, 40, também desempenhará um papel influente na definição da direção da Casa Branca. Como o vice-presidente mais jovem desde que Richard Nixon ocupou o cargo há sete décadas, ele está em posição privilegiada para moldar o futuro do Partido Republicano.

“Não vamos nos curvar a Wall Street. Vamos nos comprometer com o trabalhador”, disse Vance na convenção do Partido Republicano.

Uma pessoa próxima a Vance disse que tecnologia e imigração eram dois interesses políticos centrais; ele disse ao Financial Times, em agosto, que o Google “deveria ser desmembrado”.

Em agosto, Trump adicionou Kennedy e Tulsi Gabbard —outra democrata que se tornou apoiadora de Trump— à sua equipe de transição. Os dois estavam em Mar-a-Lago, mas não estava claro que tipo de papel teriam no novo governo Trump.

Kennedy tem falado com repórteres sobre possíveis funções na nova administração nas áreas de saúde e ciência, prometendo revisar pesquisas sobre vacinas e pedindo a eliminação do flúor da água potável.

Em meio à especulação, há pouca tolerância para quem criticou Trump no passado. O conselheiro de Trump, Tim Murtaugh, diz que ex-funcionários que se voltaram contra o presidente eleito estão “tentando descobrir como se adaptar para seu próprio benefício profissional”. “Todos nós sabemos quem são essas pessoas”, acrescenta.

noticia por : UOL

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