O tempo é um ativo valioso e, quando se fala em aposentadoria, é um recurso irrecuperável. Para quem nunca se planejou e chegou aos 40 anos sem uma estratégia de previdência, o momento é de alinhar seus objetivos com a realidade e começar a fazer as contas.
É importante ter em mente que o teto do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) hoje está fixado em R$ 7.507,49 por mês. Portanto, se o indivíduo quiser manter um padrão de vida mais elevado, semelhante ao que possui antes da aposentadoria, é preciso calcular quanto ainda falta para acumular até o dia em que decidir parar de trabalhar.
Mais do que nunca, é preciso estabelecer as prioridades e, se preciso, baixar o padrão de vida agora e guardar o necessário para desfrutar de uma aposentadoria confortável lá na frente.
“Essa pessoa vai ter que fazer dois ajustes: de expectativas e de valor mensal, semestral ou anual que ela vai reservar. Porque o nosso melhor amigo é o tempo. O tempo, dentro do planejamento financeiro, não pode ser ajustado”, diz a planejadora financeira Daiane Mohr, da Warren Investimentos.
“Se a pessoa tem 40 anos e ainda não se planejou, não quer dizer que ela não vai alcançar seus objetivos. Mas, dependendo das expectativas, será preciso um pouco mais de sacrifício mensal, porque vai ter que reservar um valor maior, e eventualmente vai ter que também ajustar a expectativa futura”, completa.
Claro que a necessidade de poupança vai depender de uma série de fatores, como a porcentagem do rendimento das aplicações financeiras, juro real, metas e objetivos para o futuro, entre outros fatores. Mas simulações mais conservadoras feitas pela XP apontam que, em média, enquanto um jovem de 20 anos precisa guardar cerca de R$ 1 mil por mês para ter uma renda extra de R$ 3 mil na aposentadoria, o indivíduo de 40 anos deve guardar mensalmente o dobro disso, ou seja, aproximadamente R$ 2 mil.
Mas, calma, nunca é tarde, e sempre é melhor pensar nessa questão agora do que deixar para fazer contas na hora de se aposentar. “Não adianta, você vai precisar parar uma hora e olhar para educação financeira e entender o que você perdeu no meio do caminho. Se a pessoa se organizar antes, pode ajustar gastos, vender algum patrimônio e construir outros. Ou seja, sempre tem alternativas”, salienta Clara Sodré, analista de Alocação e Fundos da XP.
O assessor de investimentos Marcio Bandeira, da Guide, acrescenta que as pessoas precisam ter em mente que, se ainda não houve um planejamento, provavelmente essa pessoa terá que trabalhar por um período maior para poder atingir seus objetivos na aposentadoria. A alternativa seria rever suas expectativas e se contentar com uma renda menor.
Ele destaca ainda que, no caso de quem já acumulou algum patrimônio, é importante escolher formas de investimento que o protejam. Ou seja, nessa fase da vida é preciso diminuir consideravelmente a sua exposição a investimento com mais risco, como ações ou fundos de renda variável (*), e migrar para alternativas mais seguras, como títulos de renda fixa (*) e previdência privada. “Não dá para colocar o patrimônio em risco nessa fase da vida”, diz.
No caso da previdência privada, Danilo Carrillo, especialista em previdência e seguros da Warren, orienta que as pessoas pesquisem os variados produtos que existem hoje para conseguir encontrar o que traz mais vantagens, com retorno maior e taxas de manutenção e resgate menores.
“Com o surgimento das seguradoras independentes e das gestoras, essa indústria de previdência privada se transformou”, conta Carillo.
Segundo o especialista, hoje em dia já há produtos de previdência no mesmo nível dos fundos não previdenciários, com performance muito similar e com estratégias das mais diversas possíveis, adequadas ao perfil e objetivos do investidor. Há, inclusive, fundos com planos de sucessão, para que os herdeiros possam resgatar o dinheiro sem ter que pagar ITCMD (Imposto de transmissão causa mortis e doação).
CARTEIRAS RECOMENDADAS
A Folha fez um levantamento com três corretoras sobre investimentos recomendados para aposentadoria na faixa dos 40 anos de idade. O perfil de investidor (*) adotado foi o moderado.
Vale ressaltar que estas carteiras de investimentos (*) são apenas balizas, mas é sempre importante consultar um especialista, que irá montar um planejamento que se encaixa exatamente no seu perfil e objetivos pessoais para o futuro.
PRÓS E CONTRAS DA FAIXA ETÁRIA
Vantagens: Renda maior; acúmulo de patrimônio
Desvantagens: Menos tempo para poupar; mais responsabilidades financeiras
Glossário
Carteira de investimentos: Conjunto de todas as aplicações financeiras de uma pessoa.
Renda fixa: São aplicações que possuem critérios pré-definidos de rendimento, ou seja, quais são as formas de correção do título investido, o limite de tempo para o dinheiro ficar investido e o mínimo que precisa ser aplicado.
Renda variável: São investimentos com menor previsibilidade e que, por isso, são considerados mais arriscados. Estão mais sujeitos às oscilações do mercado, como juros, câmbio e preços de commodities. Em compensação, justamente por serem mais arriscadas, são aplicações com expectativas de maiores rendimentos.
Perfis de investidor
– Conservador: Com baixa tolerância ao risco, busca ativos mais seguros para investir, com garantias maiores de retorno, mesmo que a rentabilidade seja menor.
– Moderado: Tem uma tolerância maior ao risco, portanto, possui mais ativos arriscados em sua carteira de investimentos, embora esse tipo de investidor ainda preze por segurança e garantias de retorno.
– Arrojado: É o investidor com a maior disposição de enfrentar o risco de uma aplicação, desde que ela potencialmente traga retornos maiores. Está disposto a perder dinheiro com as oscilações de mercado se for preciso para alcançar uma maior rentabilidade em contrapartida.
noticia por : UOL