A omissão do Judiciário, diante da resistência dos policiais militares paulistas em usar as câmeras corporais, e o indulto concedido pelo então presidente Jair Bolsonaro aos responsáveis pelo massacre do Carandiru estão na raiz dos recentes atos de brutalidade da polícia.
O comentário a seguir, de minha autoria, foi publicado na FolhaJus na última terça-feira (10).
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Presunção de impunidade
Quando Tarcísio de Freitas prometeu retirar as câmeras corporais, o ex-PGJ Luiz Antônio Marrey alertou. Setores da polícia poderiam entender o ato como “verdadeira autorização para matar, fora das hipóteses legais.”
A escalada da violência policial coincide com dois fatos: a derrubada por Ricardo Anafe, então presidente do TJ-SP, da liminar que obrigava o uso de câmeras corporais no litoral, e o indulto de Bolsonaro aos autores do massacre do Carandiru.
Derrite prometeu enviar “tropas de elite” da Rota ao interior para “treinar a abordagem policial”. Leia-se, “neutralizar” os suspeitos.
Tarcísio afirma, agora, que tinha “uma visão equivocada” sobre as câmeras. Lewandowski considerou “louvável” essa atitude. O governador foi mais convincente ao dizer que “o pessoal pode ir na ONU, pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí”.
O PM que espanca um cadeirante; o que dispara 11 tiros pelas costas de um suspeito de furtar produtos de limpeza; o que agride uma mulher de 63 anos e o que arremessa um homem de uma ponte devem ser movidos pela mesma emoção.
A certeza da impunidade.
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noticia por : UOL