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Safra de lutadores GenZ desafia estereótipos do UFC

Quando você pensa em um lutador de UFC, provavelmente imagina um homem heterossexual, desinteressado por temas mais intelectualizados ou artísticos. Mas duas das maiores estrelas dos esportes de combate estão desafiando esses estereótipos.

Mikey Musumeci e Payton Talbot são contratações recentes do UFC. Mikey chegou à organização como uma estrela da “luta agarrada” (como o wrestling e o jiu-jítsu), enquanto Talbot é uma promessa em ascensão na “trocação”, o combate em pé relacionado a estilos como muay thai e boxe.

Apesar de aparentar ser um espaço avesso à homossexualidade, o UFC já conta com casos que desafiam essa percepção. A maior campeã feminina da organização, a baiana Amanda Nunes, celebra suas vitórias ao lado da esposa e da filha. Mas a mesma abertura ainda não se aplica aos homens: nenhum lutador de MMA é abertamente gay.

Ainda assim, o cenário está mudando, mesmo em um ambiente onde a masculinidade —que o presidente do UFC, Dana White, associa ao conceito de “selvageria”— é tão valorizada. Em 2024, Sean O’Malley conquistou o título do peso-galo adotando uma estética menos tradicionalmente masculina. Ele pinta o cabelo de forma psicodélica, com cores vibrantes e sobrepostas, e também pinta as unhas.

Musumeci e Talbot representam um possível esforço do UFC para alcançar novas audiências, atraindo jovens com diplomas universitários e um gosto mais cosmopolita. Um é o típico nerd, enquanto o outro lembra um artista de espírito livre, à la Jim Morrison, compositor e vocalista da banda lendária The Doors.

É difícil não gostar de Mikey Musumeci —a menos que você seja um de seus adversários. Sua mãe inicialmente resistiu à ideia de ele se tornar lutador profissional, acreditando que isso seria um desperdício, já que ele tinha o perfil e as notas para ser aceito em uma faculdade de medicina.

Antes de tudo, Musumeci é um nerd. Aparentemente frágil, com um jeito entre doce e infantil, ele usa óculos fundo de garrafa que acompanham seus olhos inteligentes. Ele encara o jiu-jítsu brasileiro, seu esporte, como um desafio matemático. E, como bom nerd, aprendeu a falar português usando o tradutor do Google para se comunicar com fãs brasileiros.

Igualmente intrigante é a imagem de Payton Talbot. Talbot afirma receber ameaças de morte nas redes sociais por causa de sua aparência andrógina. Ele usa brinco no nariz, gosta de camisas cavadas, pratica pole dancing e prefere músicos trans.

Em uma entrevista recente, ele inicialmente disse que os “haters” estão errados e que ele não é gay, mas em seguida reconsiderou, polemizando: “Não vou nem dizer se eu sou ou não sou. Talvez eu seja”.

No curto prazo, os lutadores do UFC continuarão representando ideais de masculinidade “selvagem”. No entanto, é significativo que a organização não esteja presa a esse traço de identidade ao investir nesses novos atletas.

A postura do UFC, nesse sentido, parece ser antes de tudo pragmática. Enquanto eles vencerem de forma espetacular e atraírem novos espectadores, será isso o que importará.

noticia por : UOL

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