O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse nesta segunda-feira (30) que pedir um cessar-fogo entre Israel e Hamas é o mesmo que demandar que o país se renda ao grupo terrorista.
“Israel não concordará com a cessação das hostilidades após os horríveis ataques de 7 de outubro“, afirmou Netanyahu. “Os apelos por um cessar-fogo são um apelo a Israel para que se renda ao Hamas, que se renda ao terror, que se renda à barbárie. Isso não vai acontecer.”
O premiê fez ainda uma comparação entre dois momentos históricos e disse que ninguém faria um pedido semelhante aos Estados Unidos depois do ataque japonês a Pearl Harbor, durante a Segunda Guerra Mundial, que deixou cerca de 2.400 mortos —a maioria militares— e impulsionou a entrada efetiva de Washington no conflito.
Segundo Netanyahu, é preciso fazer uma “distinção moral entre o assassinato deliberado de inocentes e o tipo de vítimas não intencionais que acompanham todas as guerras legítimas”.
Israel tem sido criticado por punir de maneira coletiva e indiscriminada os civis de Gaza. Desde o início da guerra, mais de 8.300 palestinos morreram no território palestino; do lado israelense, foram 1.400 óbitos.
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Nesta segunda, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional do país, John Kirby, de certa forma endossou o posicionamento de Netanyahu ao afirmar que os Estados Unidos não avaliam que um cessar-fogo “seja a resposta correta neste momento”. “Nós acreditamos que um cessar-fogo agora beneficia o Hamas, e apenas o Hamas ganharia com isso agora”, disse.
Maior aliada de Israel, Washington vem ressaltando o direito de Tel Aviv de se defender e de reagir aos atentados de que foi alvo em 7 de outubro. A ausência de menção à autodefesa, por exemplo, foi a justificativa para o veto americano à proposta de resolução do Brasil no Conselho de Segurança da ONU.
Na última sexta-feira (27), a Assembleia-Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução com pedido de trégua humanitária imediata. Capitaneado pela Jordânia, em conjunto com países árabes e islâmicos, o documento tem caráter apenas recomendatório. O embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, chamou a resolução de “ridícula” e o pedido de trégua imediata, de “audácia”.
Apesar de contrário ao fim das hostilidades, Kirby afirmou que o governo americano é a favor do que chamou de “pausas humanitárias temporárias e localizadas”, cujos objetivos seriam permitir a chegada de ajuda humanitária e auxiliar a retirada de pessoas que “desejam sair e se deslocar mais para o sul”.
Os mesmos termos são usados pelo governo do Reino Unido, que, também nesta segunda, demitiu o parlamentar conservador Paul Bristow do cargo de assessor do Departamento de Ciências, Inovação e Tecnologia do país após ele enviar carta ao premiê, Rishi Sunak, pedindo que o líder apoiasse um cessar-fogo permanente entre Israel e Hamas.
Na semana passada, Sunak falou da necessidade de pausas no confronto na Faixa de Gaza para que a entrada de ajuda humanitária fosse possível, mas evitou falar em cessar-fogo.
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Em comentário nas redes sociais, Bristow expôs sua posição. “Palestinos comuns não são o Hamas. Não consigo ver como Israel fica mais seguro após a morte de milhares de palestinos inocentes. Eles não devem sofrer punição coletiva pelos crimes do Hamas”, escreveu.
De acordo com o governo, Bristow foi demitido porque os comentários feitos por ele “não eram consistentes com os princípios de responsabilidade coletiva”.
A continuação do conflito, além do cerco e da iminente invasão em larga escala da Faixa de Gaza por Israel e do aumento da violência na Cisjordânia ocupada, elevam a fervura na região e ameaçam transbordar as hostilidades para outros países.
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, afirmou nesta segunda, que faz o possível para evitar que seu país entre na guerra entre Israel e Hamas e impedir que o conflito se espalhe na região.
“Estou cumprindo com meu dever para evitar que o Líbano entre na guerra”, disse o premiê, sem, no entanto, “descartar uma escalada”. “O Líbano está no olho do furacão”, acrescentou.
O país é vizinho de Israel ao norte e, desde o início da guerra, a zona de fronteira tem visto escaramuças e ataques regulares entre o Exército de Israel e o grupo islâmico radical Hezbollah, que é apoiado pelo Irã e, poderoso politicamente, controla parte do país.
Mikati disse que não estava em condições de afirmar se o Hezbollah pretende se envolver de fato no conflito. “Tudo está relacionado à evolução [da guerra] na região”, disse, avaliando que, na falta de um cessar-fogo entre Israel e Hamas, os riscos de uma “escalada regional” são grandes.
“Até o momento, vejo que o Hezbollah age com sensatez e lucidez”, disse Mikati, ressaltando, contudo, não poder “tranquilizar os libaneses”.
noticia por : UOL