Parlamentares progressistas de oito países diferentes das Américas do Sul, Central e do Norte desembarcam nesta sexta-feira (2) em Bogotá, na Colômbia, para tratar de democracia, paz e questões climáticas.
O encontro, que se estenderá até a próxima segunda-feira (5), inaugura o primeiro Congresso Panamericano, iniciativa que busca promover uma agenda comum entre os hemisférios sul e norte para os três temas e fortalecer a cooperação internacional entre os países envolvidos.
Planejado há mais tempo, o congresso é realizado na esteira da crise deflagrada pelas eleições venezuelanas.
Nicolás Maduro foi declarado eleito pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) em um comunicado geral que afirma que apenas 80% dos votos foram computados. O órgão atribui 51,2% dos votos a Maduro, e 44,2% para o opositor Edmundo González.
Nenhum dado desagregado por estado, município, centro de votação ou mesa de votação foi liberado, o que contradiz o regramento eleitoral. O Carter Center, um dos poucos e o mais importante observador eleitoral independente nas eleições venezuelanas, afirmou que o processo não pode ser considerado democrático.
Na quinta-feira (1º), os governos do Brasil, do México e da Colômbia assinaram uma nota conjunta em que pedem divulgação das atas eleitorais e uma verificação imparcial dos resultados.
Não haverá representantes da Venezuela entre os convidados do Congresso Panamericano, mas o país deve ser tema de discussões.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, é uma das autoridades confirmadas. Além dele, participarão o chanceler colombiano, Luis Gilberto Murillo, e reitores de universidades do país.
O Brasil será representado pelos deputados federais Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) Pedro Uzcai (PT-SC), que não está em exercício. Haverá ainda lideranças políticas de Canadá, EUA, México, Guatemala, Honduras e Chile.
O Congresso Panamericano é patrocinado pelo Center for Economic and Policy Research (Centro de Pesquisa Econômica e Política, ou CEPR, na sigla em inglês), que no ano passado foi responsável por trazer ao Brasil uma comitiva de deputados do Partido Democrata norte-americano. Na ocasião, os congressistas também foram a Bogotá e a Santiago.
“Os desafios dos hemisférios, incluindo ameaças à democracia, a crise climática e ondas sem precedentes de migração e desigualdade, exigem cooperação a nível hemisférico, mas atualmente não há um fórum estabelecido para comunicação, compartilhamento de experiências e desenvolvimento de iniciativas comuns entre líderes congressistas nas Américas”, afirma o diretor de política internacional do centro, Alex Main.
Para ele, é “encorajador” ver parlamentares dos EUA se envolvendo no esforço de diálogo com seus pares regionais, “em um espírito de respeito mútuo e igualdade”. Os deputados democratas Greg Casar e Chuy García participam do Congresso Panamericano.
Ao todo, 20 partidos políticos alinhados à esquerda são representados no encontro, incluindo as siglas Morena (México), Frente Amplio (Chile), Pacto Histórico (Colômbia), Libre (Honduras) e Novo Partido Democrático (Canadá).
Henrique Vieira afirma que o evento será uma oportunidade para discutir questões como o avanço da extrema direita no mundo e a guerra às drogas.
“É mais importante do que nunca que entendamos coletivamente que a distorção de narrativas e processos políticos não é algo do acaso, mas um projeto orquestrado que atinge a democracia em seu cerne”, afirma o vice-líder do PSOL na Câmara dos Deputados.
“Estamos muito interessados em discutir as iniciativas em andamento para combater a guerra às drogas a fim de preservar vidas, examinando iniciativas com registros de sucesso, onde experimentos isolados foram atacados e mais facilmente anulados”, completa ele.
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
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noticia por : UOL