MUNDO

Osesp encanta Berlim com a vasta diversidade das músicas brasileiras

Abrindo a edição que comemora o aniversário de 20 anos do Musikfest, o mais relevante festival de música erudita de Berlim, a Osesp, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, e a São Paulo Big Band lotaram o palco da Filarmônica no último sábado.

Pesava sete toneladas a bagagem de instrumentos que os 134 músicos da Osesp levaram para a capital alemã.

A cidade europeia é conhecida pelo seu público exigente e perfeccionista, mas o dirigente Thierry Fischer afirmou não pensar sobre isso.

“Todo concerto é importante”, ele afirma. “Para mim, a forma de preparação é a mesma. Acredito que tocar no lugar onde estamos hoje é uma grande honra. Trabalhei arduamente para assegurar que apresentaremos o melhor conceito artístico com essa orquestra que amo muito.”

“Se apresentar para um público sem ter que dizer uma palavra é um privilégio, além de transmitirmos para o público momentos de autopercepção que necessitamos num mundo de turbulências e imediatismo. Talvez não entendamos tudo o tempo inteiro e exatamente isso é misterioso e lindo.”

O repertório reflete raízes brasileiras. Incluiu “Central Park in the Dark”, de Charles Ives, “Amériques”, de Edgard Varèse, “Uirapuru”, de Heitor Villa-Lobos, “Concerto para Violino e Orquestra Op. 30” de Alberto Ginastera —peças que requerem meticulosidade, afirma Fischer.

Quando questionado se o repertório para o Musikfest é um desafio, Fischer afirmou que “ser artista é um desafio diário”. “Devemos estar desafiando nosso público e a nós mesmos o tempo todo, em todo concerto, senão entramos no âmbito da funcionalidade”, ele acrescenta.

Mas o maestro entende o peso da apresentação. “Sei que o festival em Berlim tem uma consciência programática muito interessante e, honestamente, não faria sentido algum tocar Brahms em Berlim. O repertório escolhido representa o que somos.”

O concerto teve início pontualmente às seis da tarde do horário local e tinha na plateia membros do corpo diplomático brasileiro e membros do setor cultural da embaixada do país assim como brasileiros residentes em Berlim.

O ponto alto da apresentação foi o solo do violinista Roman Simovic, nascido em Montenegro e spalla da Sinfônica de Londres, convidado da Osesp na noite de sábado. Ao executar o solo durante a apresentação de “Concerto para Violino e Orquestra Op. 30”, de autoria do argentino Alberto Ginastera, Simovic foi ovacionado várias vezes e angariou o mais acalorado aplauso do público, inclusive durante sua performance.

Até mesmo Thierry Fischer fez questão de ver a apresentação. Discreto, saiu da coxia junto do músico e rapidamente se sentou na ponta da primeira fileira para assistir.

A segunda atração aguardada da noite foi a São Paulo Big Band sob o comando de Daniel D’Alcântara, que, além de sua virtuosidade musical, divertiu a plateia com sua malemolência ao motivar a banda enquanto curtia o ritmo de um repertório irresistível.

O repertório da apresentação brasileira foi certeiro, com o melhor da MPB, como composições de João Bosco, para as quais arranjos foram alinhavados com sensibilidade máxima, capazes de manter intactas a inquietude e a visceralidade de “Linha de Passe”, arranjada por Rafael Rocha, e “Incompatibilidade de Gênios”, arranjada por Guilherme Ribeiro. “Maria Maria”, de Milton Nascimento, fechou a noite com chave de ouro.

noticia por : UOL

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