‘Jogada de lavagem verde’
Para a organização de proteção do consumidor Foodwatch, a ação não passa de “pura jogada de relações públicas”: enquanto exige “preço verdadeiro” de meros nove de seus artigos, a Penny teria reduzido ao mínimo o de outros alimentos com grande impacto ambiental e climático, como a carne.
Também o secretário-geral da Federação dos Agricultores Alemães, Bernhard Krüsken, criticou a campanha como “projeto de lavagem verde de uma rede de descontos que, de resto, pouco se importa com preços justos”.
O porta-voz da Penny Andreas Krämer se recusa a aceitar o rótulo de mero instrumento de publicidade para a campanha. Para uma empresa, afirma, é importante desenvolver uma atitude em relação às questões ambientais, a fim de permanecer atraente também para a clientela de amanhã e depois de amanhã, já que “nós sabemos que do setor de descontos também se espera sustentabilidade”.
Krämer não nega que, paralelamente à campanha, alguns produtos ficaram bem mais baratos, e atribuiu o fato a excessos de produção. A Penny não coloca absolutamente seus parceiros sob pressão, assegura o porta-voz, mas, ao mesmo tempo, tem pouca influência sobre a atribuição de preços dos intermediários ou da produção.
Pouco interesse pelos ‘custos verdadeiros’
As organizações ambientalistas Greenpeace e BUND, em princípio, louvam a campanha Wahre Kosten. No entanto: “a ação precisa ser seguida de medidas fundamentais. Isso é um dever tanto para as redes de supermercados quando para o governo federal”, ressalta Matthias Lambrecht, especialista em agricultura do Greenpeace.
Ele sugere, por exemplo, que Berlim exima os alimentos vegetais do imposto de valor agregado (IVA), como incentivo a uma mudança dos hábitos de consumo. Também o BUND e a Federação das Centrais de Consumidores (VZBV) são a favor de uma reforma do IVA, assim como de um amortecimento das altas dos preços, sobretudo para os cidadãos com menos recursos financeiros.
De fato, por diversas vezes, o ministro da Agricultura Cem Özedmir já propôs um direcionamento do consumo através dos preços. Porém, suas propostas de imposto zero para frutas, verduras e leguminosas, por exemplo, não encontraram ressonância no governo.
Numa consulta representativa do instituto de pesquisa de opinião YouGov, poucos fregueses da Penny se mostraram inclinados em pagar mais pelos produtos incluídos na campanha. No total, apenas 16%, sendo o entusiasmo especialmente fraco entre os acima dos 55 anos: desses, apenas 8% aceitam os “custos verdadeiros”.
Segundo o economista ambiental Tobias Gaugler, da Universidade de Nurembergue, contudo, as reações dos consumidores também fazem parte do experimento: se quase ninguém está disposto a aceitar os custos mais altos, será preciso encontrar outras formas de “reduzir as atuais distorções de preços no comércio”.
noticia por : UOL