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Operação contra Carlos teve sinal em alto-mar, helicópteros e tensão com PF

A operação da Polícia Federal contra o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) teve, segundo relatos de aliados, momento de tensão, falta de sinal de telefone em alto-mar e helicópteros sobrevoando Mambucaba, distrito de Angra dos Reis (157 km do Rio de Janeiro) na divisa com Paraty.

O passeio de barco, onde estavam Carlos e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi combinado na véspera. No final de semana, dirigentes do PL estiveram em Angra para acompanhar o lançamento da pré-candidatura de Renato Araújo, a primeira com presença e forte empenho do ex-mandatário.

A segunda-feira (29) do clã começou cedo, por volta das 5h50, quando Bolsonaro saiu para pescar com um barco e um jet ski. Ele estava acompanhado de Carlos e Flávio (PL-RJ), do deputado Coronel Zucco (PL-RS), de Araújo e dos seguranças presidenciais (ele tem direito como ex-presidente).

Pouco depois, policiais federais chegavam ao gabinete e à residência do vereador no Rio, num desdobramento da operação que apura a existência de uma “Abin paralela” durante o governo do ex-presidente.

Mas, segundo relatos, o grupo estava pescando em alto-mar e, portanto, sem sinal. Foi somente por volta das 9h40 que receberam ligação do assessor Fabio Wajngarten, souberam da operação e voltaram –Bolsonaro e Carlos no jet ski; os demais, no barco.

A essa altura, Mambucaba já tinha visto o primeiro helicóptero do dia: a PF usou a aeronave da Polícia Rodoviária Federal e já estava na casa de Bolsonaro em Angra. Os agentes encontraram o vereador chateado e abalado, segundo relatos.

Os filhos do presidente se queixaram da operação e disseram se tratar de uma operação ilegal e cinematográfica. “Até helicóptero pousou aqui na vila. Teve uma aglomeração na frente da casa do meu pai para apoiá-lo. É isso que o Alexandre [de Moraes] está arrumando”, disse Flávio ao jornal O Globo.

Os agentes revistaram os cômodos e queriam levar os celulares de todos os presentes, incluindo o do ex-presidente.

Bolsonaro, então, ligou para os seus advogados, que estavam em deslocamento de São Paulo para o Rio de Janeiro, também de helicóptero. O diálogo com o delegado da PF foi o maior momento de tensão. O único alvo do dia era Carlos.

Por fim, a PF se convenceu em levar apenas dois celulares e um computador do vereador, mas também um notebook e um tablet de Tércio Arnaud, assessor de Bolsonaro, apontado como um dos integrantes do chamado “gabinete do ódio”.

Além disso, os policiais levaram anotações usadas pelo ex-presidente para a live realizada na véspera, com os filhos.

Tércio trabalhou no Palácio do Planalto e hoje acompanha Bolsonaro, filma e edita vídeos, entre outras atribuições. Ele está em Angra com o clã e foi, inclusive, quem estava em casa quando a PF bateu à porta.

A defesa do assessor já encaminhou uma petição ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), pedindo a imediata devolução dos itens.

Os advogados de Tércio afirmaram, também em nota, ser “inaceitável e inconcebível que terceiros, sem absolutamente qualquer tipo de relação com os fatos apurados, tenham seus bens apreendidos com base em maldosa e indecorosa interpretação de determinada ordem judicial específica”.

Entre os bolsonaristas, houve irritação e alegações de que a operação teve ilegalidades. Além da queixa de que os agentes levaram itens de uma pessoa que não era alvo, também apontaram a tentativa de levar celulares dos parlamentares e do ex-presidente.

O principal argumento dos bolsonaristas é o de que há uma perseguição político-eleitoral em curso, com vistas especialmente ao pleito municipal de outubro. Eles citam como exemplo que esta é a terceira operação contra aliado do ex-presidente num pequeno intervalo de tempo —na semana passada, foram contra os deputados Carlos Jordy (PL-RJ) e Alexandre Ramagem (PL-RJ).

“É preciso ressaltar que o mandado de busca e apreensão extrapolou todos os limites da legalidade, haja vista que a Polícia Federal vasculhou a casa inteira do presidente Bolsonaro, que sequer é alvo desta operação. Afinal de contas, quem era realmente o alvo ou os alvos dessa ação?”, questionou Zucco, que está em Angra com o clã.

Já Bolsonaro disse à coluna Mônica Bergamo, da Folha, que a intenção da operação desta segunda é a de “esculachar” com ele e sua família. O ex-presidente afirmou que querem encontrar algo para envolvê-lo em algum crime, mas que não conseguirão. “Estão jogando rede, pescando em piscina. Não tem peixe”, disse.

Em nota divulgada na noite de segunda, a defesa de Bolsonaro também usou o mesmo termo.

“A verdade é que a operação da Polícia Federal na data de hoje pode ser classificada como mais uma desastrosa e indevida fishing expedition, ou pescaria probatória, subvertendo a lógica das garantias constitucionais, vasculhando-se a intimidade e a vida privada de cidadãos probos, vilipendiando seus direitos fundamentais e extrapolando os limites legais”, diz o texto.

noticia por : UOL

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