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Mortes: Mãe e professora apaixonada, levou escola a resultado inédito

Um sorrisão transmitido até pelos olhos, a birra decidida de um “mãe, eu não quero”, e o amor sem limites pelo filho. As metáforas, descrições e lembranças para explicar a intensidade de Lis variam de acordo com quem fala. Para a mãe, Lúzia Fátima de Oliveira Souza, 60, Lis foi um sonho planejado, cujo nome foi inspirado por uma amiga de infância.

Natural de Belo Horizonte, viveu na capital mineira até a mudança com a mãe e a irmã, ainda na infância, para o interior. Anos depois, estabeleceram-se em Itaperuna, no Rio de Janeiro. Filha única por apenas um ano, Lis nunca teve ciúmes da irmã, Laís Bussade, 31, mas logo bateu o pé, lembra a mãe. “Ela disse ‘não quero mais dormir com a Laís, quero meu quarto’.”

Já o segundo irmão, Luís Guilherme Oliveira, 19, virou seu xodó, mas também entrou na brincadeira. “Um dia cheguei em casa e ele estava vestido com roupa de boneca, até com uma chuquinha no cabelo.”

Na Escola Municipal Francisco de Mattos Ligiéro, ficou amiga de Victor José Dias Ramos, 33, hoje diretor da unidade, e o grupo deles se divertia competindo pelas notas mais altas. A dupla perdeu o contato, mas voltaria a se encontrar anos mais tarde.

Lis, formada em letras e professora de língua portuguesa, voltou ao Ligiéro no ano passado para ensinar e ajudou a escola a alcançar sua melhor marca no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), ainda que não tenha visto o resultado.

Conheceu o marido, Tiago Reis, 37, em 2010, dois anos depois de terminar o ensino médio, por meio do extinto site Formspring. A plataforma permitia que usuários fizessem perguntas de forma anônima. Da interação veio o namoro e, depois de sete meses, o casamento. “Nosso relacionamento sempre foi muito intenso”, diz Tiago.

Em 2020, a chegada do filho, José Henrique, 4, combinou alegria com apreensão, já que o menino sofria de glaucoma congênito e precisou ser operado em plena pandemia e com poucos meses de vida. Mas a luta valeu, segundo o marido. “Virou outra criança, ele era apaixonado nela, ainda que muito independente. Ela amava ser mãe.”

Também servidora do estado, Lis havia começado a trabalhar na formação continuada de professores e revisava material didático na rede fluminense. Ela sofreu um mal súbito e morreu em 13 de agosto, aos 32 anos, após uma parada cardiorrespiratória. Deixa o marido, o filho, a mãe, o padrasto, Gil de Oliveira, os dois irmãos e dois sobrinhos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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noticia por : UOL

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