Há 38 anos, Armando Otranto Jr. trocou São Paulo por Naples, na Flórida (EUA), para acompanhar a mulher, a maestrina Clotilde Otranto, que foi fazer doutorado em música. No último dia 13 de outubro, ela morreu em Nova York, após 50 anos de casados. E exatos 38 dias depois, foi a vez de ele deixar a família novamente de luto.
Essa forte ligação sempre foi a marca do casal, sempre unido. Fosse na tranquilidade de Naples ou na agitação de Nova York, onde Clotilde era regente titular da orquestra do New York City Ballet, uma das mais importantes do país. Ou ainda na volta para visitar os familiares e amigos no Brasil e nas viagens pelo mundo. Os dois nunca se desgrudavam.
“O último ano foi muito difícil porque a Clotilde estava muito doente. Ele ficou muito triste com a morte dela. Agora estão juntos de novo”, diz a irmã Raquel Maria Sarno Otranto.
“Depois de um relacionamento de mais de 50 anos, os dois tinham algo que era especial. Eles eram muito diferentes. Ele, um engenheiro com cabeça mais científica, e ela totalmente artística, voltada só para a música. Eles encontraram um ‘modus vivendi’ em que um respeitava o outro nos gostos e interesses diferentes”, lembra Raquel.
Nascido em São Paulo em 1945, Armando se formou em engenharia civil na Escola Politécnica da USP em 1968, passando a atuar na Promon Engenharia.
Em 1984, também se graduou em administração de empresas na FGV (Fundação Getulio Vargas). Dois anos depois, ele e a mulher se mudaram para os Estados Unidos, onde ele passou a fazer trabalhos de engenharia como autônomo, atuando em diversos projetos de brasileiros no país. De 1998 a 1999 também foi diretor de desenvolvimento da Ocean (Organização para Intercâmbio Cultural entre Nações).
A irmã conta que, nos EUA, Armando amava curtir seu Porsche e sua moto Harley Davidson. Também gostava de bicicleta e andava dezenas de quilômetros por dia. Nas semanas que passava no Brasil, ele se encontrava com os amigos de infância e da faculdade, ia ao mercado municipal comer ostras, passeava na praça da República e tomava uísque com os amigos.
“Perder um irmão é perder parte da infância da gente, perder uma parte do que a gente é, porque irmão é testemunha das brincadeiras, das piadas que só a família entende, das travessuras, das brigas, das alegrias. Meu irmão foi uma parte superimportante da minha vida. Toda menina deveria nascer com o direito constitucional de ter um irmão como o meu”, comenta Raquel.
Armando Otranto Jr. morreu no dia 20 de novembro, aos 79 anos. Ele deixa os irmãos Maria Inês, Raquel e Paulo Sergio, três sobrinhos e um sobrinho-neto.
noticia por : UOL