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Mortes: Comerciante ficou famoso pela criação da coxinha de queijo

Coxinha boa tem massa no ponto e frango bem temperado, certo? Não em Jundiaí (a 58 km de São Paulo). Lá, a preferência é pela de queijo. E não queira discutir com os moradores do município do interior paulista.

Diz a história popular que a coxinha de queijo foi criada na cidade há pouco mais de 40 anos, quando José Carlos e Márcia Delbin, donos de uma casa de massas, resolveram inovar e fazer o salgado igualzinho ao tradicional, com queijo no lugar do frango, e não como uma bolinha frita de festa de aniversário.

Fez tanto sucesso que a coxinha de queijo passou a ser copiada pela concorrência na cidade, inclusive, com um palito espetado na massa para diferenciar da irmã tradicional de frango.

A fama levou o Compac (Conselho Municipal do Patrimônio Cultural) a aprovar por unanimidade, em 2018, o registro da coxinha de queijo como patrimônio imaterial de Jundiaí.

Atualmente, há realização de concursos anuais para saber qual é a melhor da cidade.

Mas antes de inovarem no fogão, José Carlos e Márcia poderiam ter sido bons advogados. Os dois se conheceram no curso de direito em Espírito Santo do Pinhal (a 189 km de São Paulo), onde ele morava. Lá se casaram no início da década de 1970.

Sem concluir o curso superior —o que ela fez—, o noivo foi trabalhar em um banco. Não demorou e a família, que já tinha o filho Gustavo, se mudou para Jundiaí, terra da noiva, onde ele arrumou emprego em uma empresa de planos de saúde.

Bons cozinheiros, os dois resolveram empreender e abriram a Casa de Massas Padroeira, numa referência ao nome da rua onde ficava o estabelecimento no centro da cidade.

O negócio cresceu, assim como o sucesso das massas e a maionese produzidas ali, que formavam filas aos domingos antes do almoço.

“Meu pai nunca abandonou seu jeito simpático no balcão, chamava as pessoas pelo apelido para manter a cumplicidade e, se precisasse, vendia fiado”, diz o advogado Gustavo Delbin, 50, que não esquece do talharim pendurado pelos pais para secar à noite em um varal de casa.

O “rei da massa” também gostava de comandar a churrasqueira de casa. E de preparar rã para os amigos do filho.

Por causa dos negócios, viajou pouco —conheceu Belém, Rio de Janeiro e Argentina. Também levou o filho para assistir à seleção brasileira de masters, comandada pelo narrador Luciano do Valle (1947-2014).

Grande contador de histórias, seu passatempo preferido era ver o seu Palmeiras jogar.

Ultimamente, falava todos os dias do menino Endrick, mas não teve tempo de ver a joia palmeirense marcar o gol do 12º título brasileiro do clube alviverde.

José Carlos Delbin, o “pai da coxinha de queijo”, morreu no último dia 2, aos 76 anos, por causa de problema no coração, exatamente um ano depois de ter fechado a casa de massas.

Deixou a mulher, os filhos Gustavo, Juliana e Giovana, três netos e dois bisnetos, além de um patrimônio sabor queijo.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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noticia por : UOL

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