MUNDO

Ministério poderia investigar quem abdicou de muros em presídios federais


Dois detentos fugiram da prisão de segurança máxima de Mossoró.

Saíram das celas pelo teto, que não tinha reforço de concreto. As câmeras de segurança não funcionaram, e o alarme não soou. Finalmente, não tiveram uma muralha no caminho. Abriram um buraco no alambrado e foram em frente.

O Ministério da Justiça anunciou que investiga a possível cumplicidade de agentes penitenciários. Poderia investigar também a compra atabalhoada de equipamentos caríssimos em detrimento da construção de muros.

Afinal, muro rende pouco, não demanda contrato de assistência técnica e não é oferecido por intermediários que operam em Brasília.

Uma coruja anima Nova York

Uma nevasca, duas guerras e uma sucessão presidencial mal parada poderiam abater o humor de Nova York. A coruja Flaco animou uma parte da cidade. Há um ano, Flaco escapuliu do zoológico do Central Park e tornou-se o personagem mais fotografado de Manhattan. Voa pelo parque, pousa em sacadas ou terraços e já foi visto a dezenas de quarteirões de distância.

Flaco escapou das armadilhas, dos carros e das comidas com veneno para matar ratos. Ganhou uma boa reportagem no New York Times e verbete na Wikipedia maior que o de Willow, o gato do presidente Joe Biden.

Em algumas culturas, ver uma coruja dá sorte, em outras, não. Em Nova York, onde se vê de tudo, encontrar uma coruja na janela é uma novidade.

Se…

Se Henri Matisse tivesse embarcado para o Brasil em maio de 1940, ele teria pintado lindas mulatas no lugar das odaliscas marroquinas. Se Benito Mussolini tivesse aceitado em 1910 o convite para dirigir um jornal socialista em São Paulo, a história da Itália teria sido outra. (Ele pensou em vir, mas desistiu porque sua mulher engravidou.)

Se existissem redes sociais em março de 1964, o general Humberto Castello Branco estaria frito.

Nas primeiras horas da manhã de 31 de março, ele telefonou para o banqueiro José Luiz de Magalhães Lins. Pediu-lhe que falasse com seu tio, o governador Magalhães Pinto, de Minas Gerais, para segurar a aventura do general Mourão Filho, que se rebelara contra o governo de João Goulart.

O anel de Franz Lang

Numa época em que o antissemitismo reaparece com disfarces pretensamente civilizados, o filme “Zona de Interesse” é boa oportunidade para se avaliar o casal Rudolf e Hedwig Höss, dois alemães amorosos.

Ele não falava do que fazia no serviço, e ela cuidava do jardim. Vizinhos para ninguém botar defeito.

O jardim de Höss era vizinho do campo de concentração de Auschwitz, e ele era seu comandante. O filme sugere o extermínio dos judeus, mas não mostra câmaras de gás nem fornos crematórios. Em apenas 56 dias, de maio a junho de 1944, morreram ali 430 mil judeus.

Quem viu o filme, e gostou, conta que ao final, com o fim da guerra, Höss sai da cena.

Não custa lembrar o que lhe sucedeu. Ele virou o jardineiro Franz Lang. Um ano depois do fim da guerra, uma tropa inglesa soube de seu paradeiro, mas Lang negou ser Höss. O capitão Hanns Alexander, um judeu berlinense que caçava nazistas, pediu para ver sua aliança. Nela estava gravado: “Rudolf – Hedwig”.

Alexander salvou Höss de um linchamento e, em 1947, aos 45 anos, ele foi enforcado em Auschwitz, perto do crematório e do jardim de Hedwig.

O médico Josef Mengele, seu colega de campo, teve mais sorte. Trocou de nome, veio para o Brasil, andou por Argentina e Paraguai, às vezes com a identidade verdadeira, voltou para São Paulo e só veio a morrer em 1979, na praia de Bertioga.


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noticia por : UOL

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