O Bradesco registrou lucro líquido recorrente de R$ 4,518 bilhões no segundo trimestre de 2023, o que corresponde a uma queda de 35,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. Em relação ao primeiro trimestre deste ano, o resultado representou uma alta de 5,6%, segundo balanço divulgado nesta quinta-feira (3).
O valor reservado pelo banco contra calotes quase dobrou. A PDD (Provisão para Devedores Duvidosos), linha que indica as possíveis perdas que o banco poderá sofrer pela falta de pagamento de clientes inadimplentes, alcançou R$ 10,316 bilhões no final de junho, alta de 94,2% em bases anuais e de 8,4% na comparação trimestral.
“O aumento no resultado das operações de Seguros, Previdência e Capitalização —impulsionado pelo crescimento do faturamento e redução da sinistralidade— e a melhora gradual da margem com mercado (operações de tesouraria), contribuíram com a absorção do impacto das maiores despesas com
PDD, que continuam pressionadas pelas condições do cenário de endividamento, em especial das micro e pequenas empresas”, informa o banco em relatório de resultados.
Já o índice de inadimplência alcançou 5,9% no segundo trimestre, ante 3,5% em igual período de 2022 e 5,1% em março deste ano. Segundo o Bradesco, a taxa teria sido de 5,7%, se excluído do cálculo um cliente de grande porte com a dívida 100% provisionada.
“A inadimplência acima de 90 dias já começou a demonstrar sinais de desaceleração no ritmo de crescimento, quando observamos os meses do segundo trimestre”, diz o banco.
No caso das pessoas físicas, a taxa de atrasos acima de 90 dias alcançou 6,7%, contra 4,8% no mesmo mês do ano anterior e 6,3% no trimestre passado.
O maior atraso está entre as micro, pequenas e médias empresas, em que a inadimplência atingiu 7%, após registrar 3,9% um ano atrás e 6,2% em março.
Já entre as grandes empresas, a taxa de atrasos ficou em 1,9% (teria sido de 0,7% se excluído o cliente de grande porte já provisionado), contra 0,1% em junho de 2022 e 0,2% em março deste ano.
A carteira de crédito do Bradesco, por sua vez, encerrou o trimestre em R$ 868,7 bilhões, evolução de 1,6% em bases anuais, mas queda de 1,2% na comparação trimestral.
“Reposicionamos nossa política de concessão de crédito para modalidades de menor risco, o que já vem trazendo uma melhora significativa na inadimplência das novas safras para patamares inferiores aos observados atualmente”, diz o banco.
No semestre, o crescimento da carteira de crédito foi de 1,6%, abaixo das expectativas, o que levou o banco a revisar para baixo a expectativa de evolução da linha em 2023 —a projeção anterior indicava uma expansão entre 6,5% e 9,5%, e foi substituída por um intervalo entre 1% e 5%.
A carteira de crédito voltada às pessoas físicas atingiu R$ 361,1 bilhões, crescimento de 5,7% no ano contra ano e recuo de 1,2% no trimestre. Entre os maiores crescimentos no segmento em bases anuais, destaque para cartão de crédito (alta de 14,1%) e financiamento imobiliário (alta de 7,5%).
Entre as pessoas jurídicas, a carteira alcançou R$ 507,6 bilhões, queda de 1,2% tanto em relação ao mesmo período de 2022 como em bases trimestrais. No segmento, as maiores quedas na comparação anual ficaram por conta do financiamento ao comércio exterior (-18,9%) e capital de giro (-10,7%).
O resultado da carteira de crédito é “fruto da nossa política de crédito restrita para controlar a inadimplência. Já começamos a aumentar a originação de crédito para algumas carteiras do varejo, iniciando por linhas de menor risco e para as quais temos maior confiança que a inadimplência está controlada, como crédito pessoal para a média renda”, disse Carlos Firetti, diretor de relações com investidores do Bradesco.
O ROAE (retorno anualizado sobre o patrimônio), indicador que mede a rentabilidade da operação, chegou a 11,1%, ante 18,1% em junho de 2022 e 10,6% no trimestre imediatamente anterior.
“Este resultado ainda mostra um nível de retorno baixo, mas está em linha com a trajetória de recuperação gradual que indicamos ao longo dos últimos trimestres”, afirmou Firetti.
RAIO-X | BRADESCO
Fundação: 1943, em Marília (SP)
Lucro líquido no 2º tri de 2023: R$ 4,518 bilhões
Agências: 2.787
Funcionários: 85.824
Clientes: 72 milhões
Principais concorrentes: Itaú Unibanco, Santander, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal
noticia por : UOL