A companhia aérea Latam desistiu de disputar parte da frota de aviões da rival Gol, em recuperação judicial nos Estados Unidos.
A empresa pretendia incorporar à sua frota os modelos 737, da Boeing. O interesse, no entanto, gerou um atrito entre as duas rivais, culminando em uma convocação para a Latam se justificar perante a corte norte-americana.
A empresa argumentava que a transferência das aeronaves beneficiaria a Gol por reduzir os custos com devoluções, e também seria positivo para o mercado brasileiro, do ponto de vista da oferta de lugares.
De acordo com o site Aeroin, a Latam disse ter entrado em contato com os arrendadores por meio da representante financeira Seabury.
A iniciativa, no entanto, foi recebida sem entusiasmo pelos credores, o que levou à decisão da Latam de abandonar as negociações.
Em documentos enviados à Corte de Nova York foram apontados detalhes das cartas enviadas aos arrendadores em 1º de março, conforme informou a imprensa.
A Latam disse que a “escassez de aeronaves B737 disponíveis, bem como a recusa dos devedores em cooperar”, a forçou a buscar aeronaves alternativas de corredor único para reforçar sua frota e atender à crescente demanda dos consumidores.
“A Latam não conseguiu ao longo dos últimos meses —apesar de seus extensos esforços— obter aeronaves B737 de outras fontes não relacionadas aos devedores”, escreveram os advogados da companhia aérea, segundo a agência de notícias Reuters.
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Em nota, a Latam confirmou nesta quarta-feira (24) ter justificado perante a Corte de Nova York e a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) que são remotas as chances de obter e começar a operar aeronaves Boeing 737.
“A companhia está avançando na obtenção de outros tipos de aeronaves para suportar o crescimento das suas operações em 2024 e nos anos subsequentes, sobretudo para ampliar o acesso à aviação no mercado brasileiro”, diz a aérea.
As empresas aéreas têm precisado ajustar seus planos de negócios à medida que preocupações com segurança forçaram a Boeing a reduzir a produção do seu modelo mais vendido, o 737 Max.
A FAA (Administração Federal de Aviação dos EUA, na sigla em inglês) impediu a Boeing de expandir a produção após um incidente em pleno voo com um avião da Alaska Airlines.
A agência deu à Boeing 90 dias para resolver problemas sistêmicos de controle de qualidade revelados pelo ocorrido, e a Boeing já está quase na metade desse período.
Também procurada, a Gol disse que não iria se pronunciar sobre o assunto.
Em janeiro, a Gol e suas subsidiárias entraram com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, dando início ao processo conhecido como “Chapter 11” (proteção contra falência nos EUA), com um compromisso de financiamento de US$ 950 milhões.
Segundo a empresa, a medida foi tomada para fortalecer sua posição financeira, e que todos os voos operariam conforme programado.
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Pouco antes de recorrer ao “Chapter 11” na Justiça americana, a Gol declarava ter 20 aviões parados.
A frota é composta por 141 aeronaves Boeing 737 em acordos de leasing com arrendadores. De acordo com a última divulgação de resultados da companhia, relativa ao terceiro trimestre de 2023, a frota média operacional tinha 108 aviões.
Em março, a Gol anunciou prejuízo líquido de R$ 1,1 bilhão no quarto trimestre do ano passado, revertendo resultado positivo de R$ 231 milhões obtido no mesmo período de 2022.
A companhia apurou um Ebitda (resultado operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente de R$ 1,62 bilhão no período, alta de 38,3%.
O resultado foi apoiado em parte em redução de 23% no custo com combustível de aviação. A empresa encerrou o trimestre passado com crescimento de 6,7% na receita líquida, que chegou a R$ 5,04 bilhões.
Na segunda-feira (22), dados da Anac apontaram que a companhia aérea Azul ultrapassou a Gol e assumiu o segundo lugar no mercado aéreo doméstico brasileiro em março deste ano. A Latam ocupa o primeiro lugar.
Com Reuters
noticia por : UOL