A Justiça paulista condenou seis pessoas acusadas de integrar uma quadrilha especializada em aplicar golpes em idosos. De acordo com investigações da polícia, os criminosos movimentaram mais de R$ 10 milhões em 2020.
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A denúncia feita pelo Ministério Público à Justiça apontou que a organização se utilizava de uma central de telemarketing com 15 atendentes, sendo que cada um deles realizava, em média, 250 ligações por dia.
Os alvos eram selecionados por meio de informações obtidas com empresas de mineração de dados, de modo que conseguiam filtrar pessoas pela idade e pela região do estado onde pretendiam aplicar os golpes.
Com os dados pessoais, os criminosos telefonavam para clientes de vários bancos, fingindo ser funcionários das instituições financeiras. Nas ligações, perguntavam sobre compras que teriam sido feitas com os cartões das vítimas, dando a entender que haviam sido clonados.
Diante das negativas sobre as compras, orientavam as vítimas a ligar para o número de telefone do banco que constava na parte de trás dos seus cartões, o que lhes dava credibilidade.
No instante em que a ligação era feita para o número real da instituição, os criminosos conseguiam redirecioná-la, por meio de uma tecnologia chamada SIP, para a central falsa de atendimento da quadrilha (por conta dessa tecnologia de redirecionamento, os alvos eram sempre pessoas possuidoras de telefones fixos).
Assim que a ligação era desviada para a central criminosa, as vítimas eram induzidas a fornecer seus dados cadastrais e senhas sob o falso pretexto de viabilizar o estorno e possibilitar o cancelamento do cartão.
Em seguida, eram orientadas a entregar os cartões a um “motoboy”, também integrante da organização criminosa, que, em tese, os levaria até o banco para análise. Com os cartões e senhas, faziam seguidas transferências até que o limite de compras fosse atingido ou a instituição bancária realizasse o bloqueio.
A quadrilha foi presa em fevereiro de 2021 após um trabalho de investigação policial que durou seis meses.
Em sentença assinada no dia 30 de janeiro pela juíza Daniela Querobim, foram condenados os réus Alison Victoriano e Luana Roberta Campos a uma pena de oito anos de reclusão em regime fechado. Alessandra Petronilio, Antônio Faustino da Silva, Evelyn Roberta Alves e Danielle Covello foram condenados a seis anos e sete meses de prisão no regime inicial semiaberto.
Outras três pessoas já haviam sido condenadas anteriormente.
Todos ainda podem recorrer.
Os réus Alisson, Luana e Evelyn confessaram à Justiça. Eles disseram estar arrependidos e que merecem um voto de confiança e nova oportunidade, pois “não são criminosos potenciais”.
Eles solicitaram a absolvição das acusações de lavagem de dinheiro e organização criminosa e pediram que, em relação a eventual condenação por estelionato, recebessem o regime mais brando.
Antonio Faustino da Silva disse à Justiça não haver no processo “nenhum elemento que comprove a materialidade do crime e a sua suposta participação na empreitada criminosa”. Disse que a acusação foi feita com base em ilações e suposições.
Danielle Covello pediu a absolvição à Justiça com o argumento de que não há elementos no processo que comprovem que ela tenha participado de qualquer atividade criminosa.
Alessandra também requereu a absolvição à Justiça afirmando não haver provas de que tenha vínculo com a organização criminosa.
Todos ainda podem recorrer.
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noticia por : UOL