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Julgamento de magnata da mídia une republicano e democrata nos EUA em protesto contra China

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Congressistas dos partidos Democrata e Republicano nos Estados Unidos protestaram contra a prisão do magnata da mídia honconguês Jimmy Lai, cujo julgamento começou nesta segunda-feira (18).

Preso em 2020, Jimmy Lai era o editor do extinto jornal pró-democracia Apple Daily. Ele foi um dos maiores entusiastas dos protestos pró-democracia em 2019 em Hong Kong. Agora, é acusado de “conluio com forças estrangeiras”, crime previsto na Lei de Segurança Nacional imposta por Pequim. A pena, caso condenado, pode ser de prisão perpétua.

Em um comunicado, o deputado republicano Chris Smith e o senador democrata Jeff Merkley definiram Lai como “um homem de fé e convicção que acreditava fervorosamente que a prosperidade e a vitalidade de Hong Kong se baseiam nas liberdades prometidas aos seus cidadãos”.

  • Eles chamaram o julgamento de “uma acusação política”, “mais um triste exemplo das políticas cada vez mais repressivas na China”;

  • Smith e Merkley coordenam a Comissão Executiva do Congresso que trata da China e vêm falando sobre a prisão do magnata desde maio.

Em retaliação à alegada violação dos direitos humanos em Hong Kong, os dois apresentaram um projeto de lei que retira privilégios e imunidades previstas para a região especial no comércio com os EUA. Os dois também nomearam Jimmy Lai ao Nobel da Paz em 2023.

Sem fazer referências diretas aos congressistas, a China criticou a ingerência americana no caso. O porta-voz da chancelaria, Wang Webin, disse em coletiva de imprensa que as críticas constituem uma “grave violação do espírito do Estado de direito” e uma “política flagrante de um peso, duas medidas”.

Por que importa: o caso de Lai é um dos mais notórios sob a Lei de Segurança Nacional. O resultado deve ditar a atuação da imprensa de Hong Kong, de olho em possíveis retaliações comerciais e políticas sobre suas atividades.


Pare para ver

A imagem, produzida por um artista honconguês de pseudônimo Harcourt Romanticist, faz referência à tela “A Liberdade guiando o povo” do pintor Eugène Delacroix.


O que também importa

★ Japão e Malásia assinaram um acordo de assistência à segurança marítima. A iniciativa é vista como uma forma de conter o expansionismo de Pequim sobre o Mar do Sul da China e prevê uma doação de 400 milhões de ienes (R$23,5 milhões) para impulsionar a segurança marítima malaia. É o terceiro acordo assinado por Tóquio com países do Sudeste Asiático este ano. A diplomacia japonesa endossou iniciativas semelhantes com Bangladesh e Filipinas, tudo sob um programa de “assistência financeira aos países em desenvolvimento para reforçar defesas”.

★ Um acidente entre dois trens do metrô de Pequim deixou 102 pessoas com ossos quebrados e mais de 500 hospitalizadas. O incidente, na sexta (15), ocorreu na linha de metrô Changping durante uma forte nevasca. Ele foi atribuído a uma “degradação do sinal” que fez o primeiro trem frear repentinamente. O veículo seguinte não conseguiu frear e colidiu com o primeiro. A Beijing Subway pediu desculpas aos usuários e afirmou que cobrirá as despesas médicas dos feridos.

★ “Taylor Swift: The Eras Tour” será lançado nos cinemas da China continental em 31 de dezembro, após passar por várias etapas de aprovação do governo local. O anúncio foi feito às 13h13 no horário de Pequim, uma referência à data de nascimento e número da sorte de Swift. É a primeira vez que um filme de uma turnê será apresentado nas telonas da China continental. A Alibaba Pictures adquiriu os direitos da produção e vai lançá-la em parceria com o distribuidor estatal China Film Group.

Fique de olho

Um dia após o lançamento de um míssil norte-coreano capaz de atingir os EUA, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, e o vice-ministro das Relações Exteriores da Coreia do Norte, Pak Myong Ho, se encontraram em Pequim, nesta segunda (18).

  • Wang reforçou a visão estratégica da China quanto às relações com a Coreia do Norte e a disposição para fortalecer a comunicação bilateral;

  • Pak enfatizou o compromisso da Coreia do Norte em “manter a paz regional”;
  • Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, alertou que a pressão militar não resolverá a questão da península coreana, “apenas intensificará as tensões”.

Por que importa: a única aliança formal da China no mundo até hoje é com a Coreia do Norte. O regime de Kim Jong-un depende do apoio de Pequim. Isso, porém, não significa anuência dos chineses com o desenvolvimento armamentício no vizinho.

Em mais de uma ocasião, a China demonstrou desconforto e endossou sanções ao programa de armas nucleares norte-coreano, por exemplo. Abandonar a parceria, porém, poderia significar carta-branca aos EUA para posicionarem tropas na fronteira coreana.


Para ir a fundo

  • A plataforma Shūmiàn书面 realiza nesta terça o último encontro do clube do livro em 2023, discutindo o sci-fi best-seller chinês “O Problema dos Três Corpos”. Inscrições aqui. (gratuito, em português)

  • Passado o turbilhão da pandemia, que lugar a cidade de Wuhan ocupa na China? O pesquisador Rafael Queiroz Alves discute a importância da cidade para o desenvolvimento chinês neste ótimo artigo publicado pela Observa China. (gratuito, em português)

  • Cinco das melhores universidades da China realizam em janeiro um seminário explicando como se candidatar a bolsas de estudo no país. A sessão também vai explicar como funciona o sistema de ensino superior chinês. Inscrições aqui. (gratuito, em inglês)

noticia por : UOL

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