O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira (6) que seu plano de assumir o controle da Faixa de Gaza não envolve enviar tropas americanas para a área. “A Faixa de Gaza será entregue aos EUA por Israel ao fim dos combates” e “nenhum soldado americano será necessário”, escreveu ele na sua rede, a Truth Social.
A declaração pareceu uma tentativa do republicano de acalmar os ânimos dos membros de sua base que começavam a questionar se a sua empreitada seria pago com o dinheiro —e a vida— dos próprios americanos. Quando ele anunciou a ideia, na terça-feira (4), disse que não descartava enviar tropas. “No que se refere a Gaza, faremos o que for preciso”, afirmou.
A postagem desta quinta ecoava, assim, não as palavras do Trump, mas as da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, que em uma entrevista coletiva na quarta-feira (5) esclareceu que a iniciativa em Gaza não implicaria em mandar soldados do país para o Oriente Médio e não seria financiada com dinheiro público americano.
Esse mesmo dinheiro apoia Israel há décadas. Segundo o Council of Foreign Relations, o Estado judeu foi o país que mais recebeu assistência externa americana do pós-guerra até hoje, tendo recebido um total de US$ 308 bilhões dos EUA, sendo três quartos disso, ou US$ 228 bilhões, só em ajuda militar.
A aliança entre EUA e Israel é estratégica: o país com área equivalente à do estado de Sergipe é o aliado mais estável dos americanos no Oriente Médio. E esse elo se dá de diversas formas.
A principal delas talvez sejam os chamados Memorandos de Entendimento (MOUs, na sigla em inglês), criados em 1999, durante o governo Bill Clinton (1993-2001) e renovados continuamente desde então. Eles garantem que Washington continuará a apoiar Tel Aviv independentemente das forças no poder em ambos os países ao prever o envio de uma determinada quantia ao longo de uma década.
O MOU atual, aprovado em 2016, na gestão Barack Obama (2009-2017), determina por exemplo que os EUA deverão enviar US$ 33 bilhões para Israel em financiamento militar, além de investir US$ 5 bilhões em programas conjuntos de defesa, até 2028.
A relação entre os dois é baseada no princípio de “qualitative military edge”, ou vantagem militar quantitativa. Trata-se de uma tentativa de garantir que o Estado judeu, menor do que os seus vizinhos árabes em termos de área e de população, mantenha certa superioridade bélica sobre eles.
Para isso, os EUA costumam permitir que Israel compre produtos militares recém-lançados antes dos demais países da região. Tel Aviv adquiriu caças F-15 seis anos antes da Arábia Saudita, por exemplo, e F-16, três anos antes do Egito.
Além disso, quando Israel faz alguma objeção à aquisição de um equipamento militar americano por parte de seus vizinhos, o Congresso americano pode tentar compensá-lo permitindo que ele compre mais exemplares do modelo negociado, por exemplo, ou até aprovando o envio de outros artigos de defesa de defesa dos EUA para lá.
noticia por : UOL