MUNDO

Invadir a Venezuela não é solução para conter o golpismo de Maduro

Ele destaca que a própria oposição no nosso vizinho do norte parece estar aberta à estratégia brasileira em reação à garfada eleitoral de Maduro. E ela enfatiza a autodeterminação dos povos e a não intervenção, mantendo o reconhecimento Maduro como interlocutor e buscando abrir canais de diálogo entre oposição e governo.

Uma nota conjunta assinada pelos governos do Brasil, da Colômbia e do México, os três países mais populosos da América Latina, nesta quinta (1), pediu uma saída pacífica e institucional e a divulgação imediata das atas de votação para que possa ser feita a totalização pública. O governo Maduro, que se autodeclarou vencedor, vem negando a fornecer essas informações.

É um jogo mais longo e pode não funcionar. Mas a alternativa a isso é a inútil estratégia do porrete econômico das sanções, a irrelevância diplomática da era Bolsonaro ou um conflito armado no subcontinente com eventual participação do Brasil e de outros países. O que só aumentaria o número de mortos dentro e fora da Venezuela, gerando um caos humanitário ainda maior que os refugiados dos últimos anos e uma catástrofe econômica.

Lembrando que, apesar das dificuldades de orçamento das Forças Armadas venezuelanas, é de esperar que a Rússia não deixe seu aliado desguarnecido em uma escaramuça militar com os EUA. E a China, que reconheceu o resultado, garanta um mínimo suporte econômico e comercial. E a cúpula militar, representada pelo ministro da Defesa Vladimir Padrino López, já empenhou seu apoio a Maduro.

O venezuelano já está surfando nas declarações do secretário de Estado Antony Blinken, que reconheceu a vitória da oposição. Ou seja, o governo Biden deu, gratuitamente a Maduro, um elemento para ele se vitimizar. Imagina com uma ação militar? Nada como uma guerra para garantir a manutenção no poder, como diria Benjamin Netanyahu.

Cortar relações e ameaçar de porrada não funciona com autocratas, ainda mais autocratas que contam com apoio de outras potências e com o suporte das Forças Armadas e de parte da população. O diálogo, por vezes, também. Mas se houver a chance de evitar uma tragédia ainda maior, ele precisa ser abraçado.

noticia por : UOL

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