MUNDO

Ideia de que a gente usa apenas 10% do cérebro é uma lenda, diz neurocientista na CasaFolha

Suzana Herculano-Houzel estudava genética nos Estados Unidos quando um amigo comentou sobre as perguntas que ele próprio se fazia na neurociência. Formada em biologia na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), ela se encantou com o novo universo e mergulhou de cabeça.

Logo se deparou com uma questão que, à época, não tinha uma boa resposta: se os humanos não têm o maior cérebro de todos, por que somos mais inteligentes que as demais espécies? Seríamos uma exceção às regras da biologia? Ou, na verdade, não conhecíamos as regras sobre formação dos cérebros?

“Foi isso que me levou a estudar de quantos neurônios os cérebros diferentes são feitos. Começando, aliás, pela lenda de que a gente só usa 10% do cérebro”, diz na CasaFolha, a plataforma de streaming da Folha com cursos exclusivos para assinantes.

“A gente usa 100% do cérebro o tempo todo”, diz em seu curso chamado “O potencial do cérebro”, no qual fala sobre descobertas de suas pesquisas na neurociência e explora, de forma prática e didática, temas como ansiedade, depressão, bem-estar, felicidade e aprendizagem.

Uma das questões que ela discute é se a gente pode se tornar mais inteligente. “E já vou adiantando que a gente pode, sim”, afirma.

Lançada em setembro, a CasaFolha já reúne 16 cursos de grandes personalidades, como o cineasta José Padilha, que fala sobre a arte de contar histórias, e o ex-ministro Pedro Malan, que explica como analisa a economia.

A plataforma inclui novos conteúdos todos os meses. Neste mês, por exemplo, já teve a estreia do também neurocientista Álvaro Machado Dias, com aulas sobre “Inteligência artificial e o futuro da humanidade”. No dia 30, será a vez do curso “Ironman e a superação dos limites”, com a triatleta Fernanda Keller.

Na CasaFolha, Suzana explica o método inovador que desenvolveu para contar neurônios e como descobriu que os humanos têm 86 bilhões dessas unidades fundamentais de funcionamento do cérebro, e não os 100 bilhões que se supunha antes.

Sua pesquisa mostrou também que o mais relevante não é o número total, e sim a quantidade de neurônios presentes no córtex –área do cérebro capaz de guardar memórias, fazer associações novas e criar simulações sobre o que pode acontecer a partir de determinado comportamento.

“Essa capacidade de fazer simulações internas de futuros possíveis é, para mim, a essência da inteligência”, afirma a neurocientista, que é colunista da Folha.

“O córtex cerebral dá para a gente a capacidade de ter flexibilidade comportamental. A capacidade de agir não da maneira que os estímulos sensoriais ditam, e sim da maneira que casa com as projeções para o futuro […]. Quer dizer, inteligência é a flexibilidade de agir em prol daqueles estados futuros que a gente deseja, que a gente acha importantes.”

Isso, porém, é uma capacidade, não uma habilidade —esta precisa ser adquirida pela aprendizagem. Assim como temos a capacidade de usar a linguagem, mas nem por isso somos dispensados de aprendê-la.

Ocorre que, como o cérebro opera no limite de sua capacidade, ele precisa gerenciar o consumo de energia, em uma lógica de cobertor curto: para aprender alguma habilidade, é preciso deslocar mais energia para uma certa área do cérebro e menos para outra.

Dessa constatação decorrem algumas dicas que Suzana ensina na CasaFolha. A primeira é prestar atenção naquilo que se está tentando aprender. “Quando você presta atenção em alguma coisa, isso quer dizer que você desvia mais recursos para aquilo e menos para todo o resto que o cérebro continua fazendo.”

Outra dica é ter alguma forma de retorno positivo para validar a aprendizagem. Na mesma linha, é importante ajustar o nível de dificuldade do que se está tentando aprender. Muito difícil fica frustrante, mas muito fácil não é estimulante —em ambos os casos, o cérebro acha que o retorno não vale a pena.

“O ponto mágico de motivação é aquele ponto dos 50%, onde o seu esforço tem exatamente tanto de chance de dar certo quanto de não conseguir fazer o que você queria.”

Em suas aulas na CasaFolha, a neurocientista diz que esses truques podem ser usados tanto para aprender coisas específicas como para aprender a se manter flexível e aprender a aprender.

“A melhor coisa que a gente pode fazer em prol do próprio aprendizado é aprender a se dar mais oportunidades de aprendizado”, afirma.

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noticia por : UOL

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