MUNDO

Historiadora pesquisa relação entre as culinárias do Brasil e do Egito

“O quiabo está muito presente na culinária egípcia. Eles fazem um quiabo com carne, que parece muito com frango com quiabo mineiro. Esse é um dos elementos principais do estudo da história da Gastronomia: há o processo da habilidade, quando você conhece uma comida de uma forma e quando você está em outro lugar, pega essa comida e transforma com os ingredientes que você tem para aproximar ao máximo do original. E, assim, os pratos vão se mantendo, mas com modificações”, explicou.

Outro exemplo desta ligação, digamos, “pela mesa” com uma das civilizações mais antigas do mundo vem do Maranhão.

“Especialmente na ilha, em São Luís, eles têm a comida que é o arroz de cuxá. É um arroz com a folha da hibiscus sabdariffa. É a mesma que faz o chá de hibisco que tem em Assuã (cidade egípcia). A folha dele é usada como uma comida tradicional maranhense e isso é especificamente do Sul do Egito e do Norte do Sudão”, afirma. 

“O cuxá é essa folha socadinha com vários temperos”, disse, imediatamente fazendo referência a um tradicional prato egípcio chamado molorreia, feito com uma folha também conhecida como espinafre árabe ou juta. Quem prova molorreia pela primeira vez tem a impressão de que é uma sopa feita com quiabo. “O gosto é muito parecido, com a diferença que o cuxá é um pouquinho mais azedo”, reforça.

Mas a pesquisadora diz que a molorreia no Brasil é conhecida como caruru da Bahia. “É a folha de uma malvasia. Existe uma estrutura de similaridades, porque às vezes você não consegue o mesmo ingrediente, você consegue aproximar”, disse. No Egito come-se a molorreia com pão, enquanto o amido base que acompanha o prato no Maranhão é o arroz. “

Ela disse que começou a refletir sobre como a comida poderia ser um elemento aproximador dos povos e suas experiências, até mesmo nos gestos mais sutis. Um exemplo é que em países africanos se vê alguém cozinhando e colocando um pouco da comida na mão para se provar, como normalmente se faz no Brasil, enquanto na Europa é mais comum que se leve a colher diretamente à boca.

noticia por : UOL

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