O depoimento mais contundente nesse sentido é o do então comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, colhido pela PF. Ele descreveu a reunião dos três chefes das Forças com Bolsonaro, em 28 de novembro de 2022, na qual o presidente tentou convencê-los a aderir. Somente o almirante Almir Garnier, chefe da Marinha, se dispôs a seguir com os planos, de acordo com a investigação.
Baptista e Marco Antonio Freire Gomes, então comandante do Exército, recusaram-se. Disse Baptista à PF que, diante da proposta de Bolsonaro, “o general Freire Gomes afirmou que, caso tentasse tal ato, teria que prender o presidente da República”.
Se a resistência serviu para demover Bolsonaro, tampouco se pode dizer que os dois comandantes e outros generais atuaram para denunciar a empreitada e punir os insubordinados.
E se isso restar comprovado, os comandantes poderiam até ser acusados de prevaricação, ou seja, a omissão de um servidor público que constata prejuízo ao Estado.
Estudiosos das Forças Armadas aventam a hipótese de os comandantes terem permanecido inertes por um cálculo de que qualquer movimento poderia tê-los deposto. Com isso, o presidente teria a oportunidade de nomear militares afinados com o plano de golpe e finalmente consumá-lo.
Podem também os generais ter resistido simplesmente por perceberem que uma tentativa de golpe custaria caro demais à instituição militar, e não estavam dispostos a pagar para ver.
Qualquer que tenha sido a motivação, a atitude de não agir ativamente contra o plano que estava em curso precisará ser esmiuçada pelas autoridades e esclarecida para se evitar exageros para o bem ou para o mal.
noticia por : UOL