O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, meteu-se numa encrenca com o presidente da Câmara, Arthur Lira.
Numa entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, Haddad disse o seguinte: “A gente saiu do presidencialismo de coalizão e hoje vive uma coisa estranhíssima, que é um parlamentarismo sem primeiro-ministro. (…) [A Câmara] está com um poder que eu nunca vi na minha vida. Penso que tem que haver uma moderação.”
O presidencialismo brasileiro nunca mudou. Não há parlamentarismo algum, e a Câmara continua no exercício das atribuições que a Constituição lhe deu.
É comum que o governo se queixe dos poderes do Legislativo e do Judiciário, mas assim é a vida.
Erro mesmo é acreditar que o governo e a sociedade sejam encarnados por quem ganhou a eleição, quem teve voto.
O trem-bala é imortal
Em março passado reapareceu o projeto do trem-bala capaz de ligar o Rio a São Paulo em apenas quatro horas.
O projeto estava sepultado havia uma década, depois de passar de boa ideia a maluquice e de maluquice a escândalo, o trem-bala gerou uma estatal, que acabou sobrevivendo. Ele renasceu em março, sob a forma de uma autorização para que a empresa TAV Brasil toque o projeto, com uma ressalva: a Viúva não entrará nesse negócio. Tudo privado.
Passaram-se cinco meses. Não se sabe quem está interessado no investimento e não se conhece o projeto. Mesmo assim, o ministro dos Transportes, Renan Filho, já disse o seguinte:
“Se houver investidor privado (…) Nós entendemos que é uma obra muito estruturante para o país e a gente pode eventualmente apoiar. Vamos dizer que a obra custe R$ 50 bilhões. Não dê para o empresário fazer R$ 50 bilhões, mas ele consegue fazer com R$ 40 bilhões. Precisaria de R$ 10 bilhões do governo federal. Se chegar nesse momento, acho que a gente pode discutir”.
Em cinco meses, sem que exista coisa alguma, Renan Filho já aceita discutir um aporte de R$ 10 bilhões da bolsa da Boa Senhora.
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noticia por : UOL