MUNDO

Encenadora espanhola Angélica Liddell convoca demônios e pesadelos na abertura do Festival de Avignon

Ao invés do sol forte, um vento insistente com ares de Mistral e uma nuvem densa pairam sobre a cidadela medieval, na abertura desta 78ª edição do Festival de Avignon, com uma abertura ligeiramente antecipada devido à iminência das Olimpíadas de Paris 2024. É nesse clima que as ruelas de Avignon recebem os mais de quatro mil espetáculos, na programação do IN (oficial) e do OFF (programação paralela).

Quem abre o baile na véspera do primeiro turno das eleições legislativas antecipadas na França, que acontece neste domingo (30), no clima tenso que sacode o país, é a encenadora, atriz, dramaturga e música francesa Séverine Chavrier, atual diretora da prestigiosa Comédie de Genebra, com a peça Absalon, Absalon!, baseada no romance cult de William Faulkner.

O livro, publicado em 1936, conta a história de um homem, Thomas Sutpen, que, partindo do nada, constrói uma propriedade, uma plantação, se casa e tenta formar uma família, mas que continua sendo um intruso, uma espécie de eterno outsider na comunidade onde surgiu um belo dia. Mais do que isso, a obra relata a história de uma maldição bíblica, revisitada pela força do teatro da diretora francesa.

“Minha fidelidade à obra dele não é literal”, declarou Chavrier. “Tento ser fiel à sensualidade, aos cheiros, à correria das imagens e do tempo que o romance transmite. Não tenho a pretensão de dirigir Faulkner”, diz a diretora francesa. “A questão é: como esse material me permite sonhar?”, contextualizou. 

Muito aguardada, a peça resgata o universo de Falkner, que transpõe esse episódio bíblico para os Estados Unidos da Guerra Civil e da Secessão no Mississippi, assombrado pela escravidão e pelo genocídio dos povos originários, uma terra onde os sonhos de glória são fadados ao fracasso.

Demônios

Na sequência, é a vez da artista espanhola Angelica Liddell, grande veterana do Festival de Avignon desde que ganhou a plateia francesa e internacional com os impressionantes espetáculos La casa de la fuerza e El año de Ricardo, ambos em 2010, peças onde impõe, numa rapsódia de imagens que transbordam as fronteiras do teatro, uma narrativa e um estilo pessoal únicos, para resgatar o que chama pertinentemente de “pornografia da alma”.

noticia por : UOL

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