Em seu pedido de renúncia ao conselho de administração da Petrobras, o advogado Marcelo Gasparino disse que “ataques pessoais” e “ausência harmonia entre os conselheiros eleitos por acionistas minoritários após a chegada de um novo membro” o fizeram repensar se gostaria de permanecer no cargo.
Ele não cita nominalmente o nome do conselheiro a quem critica, mas o novo membro eleito em 2024 é Jerônimo Antunes, também representante de investidores privados.
Ele afirmou ainda que tomou a decisão porque a Eletrobras, da qual também é conselheiro, vai debater em sua próxima assembleia de acionistas mudança no estatuto que limita a participação de seus conselheiros em colegiados de outras empresas.
O advogado apresentou à Petrobras, nesta quinta-feira (20), o pedido de renúncia de seu posto no conselho de administração, onde ocupava uma das vagas reservadas a representante de acionistas minoritários.
Gasparino, que também é conselheiro do Banco do Brasil e da Vale, estava no órgão da Petrobras desde 2021. Foi levado pelo banqueiro Juca Abdalla, o maior investidor individual da estatal, que também ocupa vaga no conselho de administração.
Em sua carta de despedida, criticou as frequentes trocas no comando da estatal e classificou 2024 como “um ano turbulento”.
“Espero que, em 2025, a necessária estabilidade na liderança da companhia pelo seu controlador seja mantida. A presidente Magda Chambriard vem fazendo seu trabalho com grande discrição e os resultados positivos continuam.”
Folha Mercado
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Gasparino diz que ficará no cargo até 20 de março, prazo que considera suficiente para que os investidores que representa encontrem um substituto. Sua expectativa é que a troca ocorra na reunião do dia 28 daquele mês.
O conselho atual da Petrobras foi eleito em 2024 com mandato de dois anos, portanto não é esperada renovação na próxima assembleia de acionistas da empresa, em abril.
Existe a chance de troca na presidência do conselho, já que Pietro Mendes, o atual presidente, foi indicado por Lula para uma diretoria da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis). Sua nomeação, porém, depende de aval do Senado.
Mendes é secretário-executivo do MME (Ministério de Minas e Energia) e muito próximo do ministro da pasta, Alexandre Silveira. Sua eleição ao conselho da estatal foi questionada por risco de conflito de interesses, mas foi bancada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O caso chegou a ser julgado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) em processo de abuso de poder do controlador, mas governo e o conselheiro foram absolvidos.
noticia por : UOL